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Popularidade de Lula divide o Centrão para 2026

Presidente diz que não vai “implorar” por apoio e mira desgaste em PP e União Brasil para consolidar alianças estaduais

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia, em Brasília-DF - 25/08/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a tensionar sua relação com os partidos do Centrão ao reafirmar que não irá “implorar” por apoio político. A estratégia do Planalto é usar a popularidade em recuperação e a divisão interna de siglas como PP e União Brasil para consolidar palanques estaduais em 2026.

Segundo o jornal O Globo, mesmo diante das cobranças das legendas, que exigiam a saída de Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte), o presidente resiste a mexer no primeiro escalão. A decisão ocorre em um momento em que, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (8), a aprovação e a desaprovação ao governo voltaram a se igualar pela primeira vez desde janeiro de 2025. O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, mostra que 48% aprovam a gestão, enquanto 49% desaprovam.

Lula mira rachaduras no Centrão

O presidente avalia que, ao manter Sabino e Fufuca em seus cargos, amplia as fissuras em partidos que apresentam alas governistas e oposicionistas. A leitura no Planalto é de que ministros alinhados ao governo fortalecem divisões internas e criam espaços políticos em estados estratégicos.

Na entrevista à TV Mirante, do Maranhão, Lula reforçou que não pretende negociar a qualquer custo:

“Eu não vou implorar para nenhum partido estar comigo, vai estar comigo quem quiser estar comigo. Não sou daqueles que ficam tentando comprar deputado. Vai ficar comigo quem quiser, quem quiser ir para o outro lado que vá, e que tenha sorte porque nós temos certeza de uma coisa: a extrema direita não voltará a governar esse país".

Movimentações de Sabino e Fufuca

Nesta quarta-feira (8), o ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou oficialmente que decidiu permanecer no governo, apesar das pressões internas do União Brasil. A legenda exigia a entrega dos cargos ocupados por filiados, mas Sabino reafirmou sua posição ao lado de Lula e adiou qualquer possibilidade de saída da Esplanada.

No mesmo dia, o ministro do Esporte, André Fufuca, sofreu um revés dentro do próprio partido. O Progressistas confirmou, em nota assinada pelo presidente nacional Ciro Nogueira, o afastamento de Fufuca das funções internas da legenda. A intervenção ocorre após o parlamentar ignorar o ultimato da sigla para que entregasse o cargo no governo.

Fufuca, no entanto, tem reiterado seu alinhamento a Lula:

“Eu falo em alto e bom som: eu estou com Lula. Eu estou com o Lula do Bolsa Família, do Vale Gás, do Pé de Meia, o Lula do Mais Médicos, do Mais Renda, do Fies, do Prouni. O Lula que tirou o filho do pobre da rua e colocou para fazer medicina na faculdade privada. O Lula que falou em alto e bom som para os Estados Unidos: respeite o nosso Brasil".

O efeito Trump e os palanques estaduais

Além de manter ministros aliados, Lula aposta em gestos políticos internacionais para reforçar sua posição interna. O contato recente com Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, foi visto no Planalto como uma vitória política. A conversa ampliou a margem de ação do governo, enfraqueceu a tese bolsonarista de interlocução exclusiva com Washington e, segundo aliados, deu a Lula um discurso de soberania e diálogo.

Paralelamente, o presidente trabalha para consolidar apoios em bases regionais. Há setores simpáticos ao governo em estados comandados por PP, União Brasil e Republicanos, siglas que historicamente orbitam o campo da direita. Essa costura estadual é vista como crucial para 2026, ano em que o governo acredita chegar fortalecido diante da fragmentação da oposição.

Ciente do movimento dos adversários, Lula alertou em recente entrevista:

“Se gente brincar em serviço, a gente acaba dando para o adversário a chance de ganhar que ele não tem hoje. É muito difícil alguém ganhar as eleições de nós em 2026, o governo vai terminar muito bem, o Brasil está vivendo um momento excepcional".

Com uma pesquisa que mostra equilíbrio entre aprovação e desaprovação, ministros sob pressão partidária e articulações internacionais em andamento, Lula aposta em sua popularidade e na divisão do Centrão para manter o governo coeso e angariar apoios para 2026.

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