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      Ingerência dos EUA na política brasileira tem relação com terras raras, afirma Haddad

      Ministro da Fazenda diz que pressão de Donald Trump com tarifas está ligada ao interesse norte-americano em minerais estraregicos do Brasil

      Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - 10/07/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)

      247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista ao canal TV GGN que a “ingerência” dos Estados Unidos na política brasileira está diretamente relacionada ao interesse estratégico do país norte-americano nas chamadas terras raras e outros minerais críticos presentes em grande quantidade no Brasil.

      Segundo Haddad, ele tem reforçado junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a urgência em aprovar um marco regulatório específico para o setor. “Eu tenho insistido com o presidente Lula que a gente precisa deixar pronto o marco regulatório do setor”, declarou. O ministro ressaltou que os EUA não possuem nem 10% dos minerais críticos disponíveis no território brasileiro, reforçando a importância geopolítica do tema.

      Minerais estratégicos e disputa global

      Os minerais críticos incluem lítio, níquel, cobalto e elementos de terras raras, todos fundamentais para a transição energética e setores de alta tecnologia, como baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, semicondutores e painéis solares. Haddad frisou que a definição de um marco regulatório é atribuição do Ministério de Minas e Energia e ainda não chegou formalmente à sua pasta para análise.

      Esse debate ganhou força em meio ao chamado “tarifaço” imposto ao Brasil pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou tarifas comerciais sobre produtos brasileiros. “Mesmo essa ingerência (dos EUA) na vida política brasileira tem a ver, na minha opinião, com isso (terras raras). Eles precisam de um governo entreguista, porque é estratégico para eles. Eles acham que a América Latina é o quintal dos Estados Unidos”, criticou o ministro.

      Política nacional de minerais críticos

      O governo brasileiro avalia lançar ainda em 2025 uma política nacional para atrair investimentos em minerais estratégicos antes da COP-30, em Belém (PA). Entre as propostas está a emissão de debêntures incentivadas para o setor minerário, medida que visa estimular a cadeia produtiva.

      “Temos rigorosamente todas as vantagens competitivas. Temos o melhor vento, o melhor sol, a terceira maior reserva de terras raras e minerais críticos. É óbvio que isso vai exigir parceria, porque não temos toda a tecnologia disponível aqui, mas precisamos transformar isso em valor agregado, em emprego de qualidade, em tecnologia de ponta”, afirmou Haddad.

      Soberania digital e inovação

      Além da mineração, Haddad alertou para a necessidade de fortalecer empresas nacionais de tecnologia, especialmente na área de processamento de dados. Ele lembrou que atualmente cerca de 60% das informações do Brasil são processadas no exterior. “Imagina do ponto de vista de soberania, com as ameaças em curso, o que isso pode significar? Amanhã uma pessoa com viés autoritário pode querer prejudicar o Brasil”, advertiu.

      Impactos do tarifaço na economia

      Ao comentar os efeitos do tarifaço de Donald Trump, o ministro disse que o governo Lula tem agido com firmeza, mas sem bravatas. “Lula e Alckmin agem sem bravata, mas com firmeza sobre tarifas dos EUA”, destacou. Ele lembrou que os aumentos afetam diretamente o consumidor americano, citando exemplos como carne e café, que se tornaram mais caros nos Estados Unidos após as medidas.

      “Carne e café estão mais caros nos EUA; mesma peça de carne a R$ 40 aqui custa US$ 120 lá”, exemplificou. Para Haddad, apesar dos desafios imediatos, os produtos brasileiros permanecem competitivos no mercado internacional, e o país mantém alternativas de exportação para outros destinos.

      O ministro concluiu que a postura adotada por Lula e Alckmin busca equilibrar a defesa da economia nacional com a ampliação de parcerias comerciais, protegendo setores estratégicos sem romper relações com os Estados Unidos.

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