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Gleisi pressiona Congresso em semana decisiva para pautas econômicas e sociais

Ministra aponta isenção do IR, medidas de crédito e processo contra Eduardo Bolsonaro como prioridades na pauta legislativa

Brasília (DF) 13/08/2025 - A ministra da Secretaria das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

247 - A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), usou as redes sociais nesta segunda-feira (22) para definir as prioridades do governo no Congresso Nacional. Em publicação no X (antigo Twitter), ela destacou que a semana será decisiva para o debate de temas econômicos e políticos, mas reforçou que o Palácio do Planalto trabalhará contra a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro e em defesa do processo que investiga o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na Comissão de Ética da Câmara.

“Essa semana esperamos no Congresso Nacional o debate e a votação de pautas importantes para o povo brasileiro, como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil reais, a Medida Provisória do Agora tem Especialistas e o Projeto 168/25 que assegura garantia para crédito às empresas afetadas pelo tarifaço de Donald Trump. Vamos trabalhar pela rejeição da anistia, da impunidade e contra a redução de penas para os golpistas. E acompanharemos com muita atenção o processo contra Eduardo Bolsonaro, o traidor da Pátria, na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados”, escreveu a ministra.

Mobilizações alteram o clima político

As declarações de Gleisi ocorrem em meio à repercussão das manifestações realizadas no domingo (21) em todas as 27 capitais brasileiras. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interpretou os atos como um marco contra a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Integrantes do Planalto avaliam que a mobilização popular fortalece a rejeição da anistia e dificulta o avanço da proposta no Congresso, que já enfrentava resistências internas entre o Centrão e o PL. O relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP), por exemplo, defendia um texto voltado à revisão de penas, mas não conseguiu consenso nem mesmo entre bolsonaristas.

Pressão sobre parlamentares

O impacto dos protestos foi imediato. Deputados e senadores passaram a avaliar com mais cautela qualquer aproximação com a pauta da anistia, temendo desgaste diante da opinião pública. Até líderes do Centrão, tradicionalmente articuladores de acordos, foram atingidos pela onda de rejeição popular.

Do lado bolsonarista, parlamentares criticaram a forma como a proposta foi conduzida, apontando que a aprovação da urgência da anistia logo após a chamada “PEC da Blindagem” contaminou o debate e reduziu ainda mais as chances de avanço.

“Mudança estrutural” na agenda

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, acredita que os protestos representam mais do que uma disputa pontual. “Acredito que vem aí uma mudança mais estrutural. Essa aliança do Centrão com o bolsonarismo, expressa na 'PEC da Bandidagem' e na anistia, fez explodir um sentimento de indignação contra o sistema. A pauta do país vai mudar. Esqueçam PEC da Blindagem, anistia ou redução de penas. É mais do que a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ou o fim da escala 6x1. Creio que o semipresidencialismo que estava sendo imposto entra em xeque”, afirmou o parlamentar.

Paulista como termômetro

Os números dos protestos reforçaram o diagnóstico do governo. De acordo com levantamento do Monitor do Debate Político da USP, apenas na Avenida Paulista, em São Paulo, 42,3 mil pessoas participaram das manifestações — número praticamente idêntico ao do último ato convocado por bolsonaristas no mesmo local, em 7 de setembro, que reuniu 42,2 mil participantes.

Para ministros e líderes governistas, o recado das ruas foi claro: a população não aceita retrocessos institucionais e rejeita tentativas de blindagem jurídica para golpistas. O resultado é uma correlação de forças mais favorável ao governo e maior dificuldade para a oposição avançar com suas pautas no Congresso.

 

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