Em Washington, líder do governo vê pouca chance de adiar tarifaço de Trump contra o Brasil
Jaques Wagner diz que comitiva de senadores busca fazer "diplomacia parlamentar", mas avisa: "é preciso que os governos se entendam"
247 - Em meio à escalada das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), reconheceu nesta segunda-feira (28) que dificilmente o país conseguirá evitar o início da cobrança de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, previstas para entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto. A declaração foi dada em Washington, durante missão parlamentar destinada a sensibilizar autoridades e empresários norte-americanos, informa a Folha de S.Paulo.
“Expectativa positiva, apesar da dificuldade”, afirmou Wagner, ao chegar à residência da Embaixada do Brasil na capital americana. Questionado sobre a possibilidade de postergar a imposição das tarifas, o senador foi direto: “Eu acho que não [é possível adiar]. O que a gente está fazendo é a diplomacia parlamentar. É preciso que os governos se entendam. A gente está aqui para contribuir”.
A missão é composta por oito senadores, liderados por Nelsinho Trad (PSD-MS), e inclui nomes como Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP), ambos ex-ministros do governo Jair Bolsonaro, além de parlamentares de diferentes espectros políticos, como Rogério Carvalho (PT-SE), Esperidião Amin (PP-SC), Fernando Farias (MDB-AL) e Carlos Viana (Podemos-MG).
Pressão sobre Trump passa pelo setor privado - A delegação não tem encontros agendados com integrantes do governo dos Estados Unidos. A estratégia passa, portanto, por reuniões com a embaixadora Maria Luiza Viotti, representantes do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e lideranças empresariais, como as da Câmara de Comércio Americana e do Council of the Americas.
Segundo Nelsinho Trad, a missão busca “distensionar as relações” e fortalecer a interlocução com o Congresso dos EUA. “Essa reunião está previamente marcada para amanhã. Nós já temos seis parlamentares confirmados, democratas e republicanos”, disse o senador, que evitou divulgar os nomes por questões de estratégia: “alguns outros já estão entrando em contato e a gente está aguardando, até em função de uma estratégia, essa informação para que não haja nenhuma interferência no sentido de inibir ou cancelar qualquer agenda previamente marcada”.
Eduardo Bolsonaro age nos bastidores contra a comitiva - O esforço da comitiva brasileira ocorre em meio a movimentos contrários do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que estaria atuando para inviabilizar as reuniões dos senadores com representantes do governo norte-americano. Filho de Jair Bolsonaro (PL), Eduardo tem buscado desde o início do ano pressionar Washington por sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Segundo aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a viagem dos senadores representa uma tentativa de demonstrar unidade nacional e de construir pontes com o setor privado dos EUA, apontado como principal canal de influência sobre o presidente Donald Trump, que cumpre seu segundo mandato desde janeiro de 2025. A aposta do governo brasileiro é que a resistência do empresariado norte-americano à medida tarifária possa frear sua adoção definitiva.
A agenda segue intensa nesta semana. Além dos encontros com congressistas norte-americanos nesta terça-feira (29), os senadores brasileiros também participam, na quarta-feira (30), de reuniões com líderes empresariais no Council of the Americas, em Nova York.
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