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      China reage ao tarifaço de Trump contra o Brasil e propõe ampliar parceria com a Embraer

      Pequim condena medidas unilaterais dos EUA e reforça apoio ao Brasil e aos BRICS

      Miniatura de aeronave da Embraer durante feira do setor aéreo em Zhuhai, na China, 29/09/2021 (Foto: REUTERS/Aly Song)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Em meio ao agravamento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil, a China criticou duramente o pacote tarifário imposto pelo governo do presidente Donald Trump e manifestou apoio ao Brasil na disputa. A declaração foi feita nesta segunda-feira (28) por Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, durante uma coletiva de imprensa, informa a RT.

      Segundo Jiakun, o aumento de tarifas anunciado por Trump — que estabelece alíquota de 50% para produtos brasileiros — representa uma política unilateral e prejudicial para a economia global. “Deixe-me ressaltar: guerras tarifárias não têm vencedores, e práticas unilaterais não servem aos interesses de ninguém”, afirmou o diplomata, reforçando o posicionamento de Pequim contra barreiras comerciais arbitrárias.

      China sinaliza apoio aos BRICS e à OMC - Além de condenar a medida norte-americana, o porta-voz chinês sublinhou o interesse de seu país em trabalhar de forma coordenada com o Brasil, os demais países da América Latina e Caribe, bem como com o bloco dos BRICS, para fortalecer o sistema multilateral de comércio. Jiakun destacou: “estamos prontos para defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a justiça e equidade internacionais”.

      O governo brasileiro, por sua vez, já havia indicado que recorrerá às instâncias internacionais. Durante um pronunciamento realizado na segunda semana de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu acionar a OMC e buscar articulação com os parceiros do BRICS contra o que classificou como taxação abusiva. “Vou tentar e brigar em todas as esferas para que não venha taxação. Vou brigar na OMC, vou conversar com meus companheiros dos BRICS”, declarou Lula na ocasião.

      Setor aéreo entra no radar da cooperação - Diante dos impactos das tarifas sobre a indústria aeroespacial — um dos setores diretamente atingidos pela medida dos EUA —, Pequim também sinalizou disposição para estreitar laços com o Brasil na área da aviação. “A China valoriza sua parceria concreta com o Brasil, inclusive no setor da aviação. Estamos prontos para promover essa cooperação com base em princípios de mercado, impulsionando o desenvolvimento nacional de ambos os países”, afirmou Jiakun ao ser questionado sobre o tema.

      A Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, tem presença consolidada na China. De acordo com a Aeromagazine, mais de 80 jatos da empresa brasileira já operaram no país. Em 2023, os modelos E190-E2 e E195-E2 receberam certificação da autoridade aeronáutica chinesa, abrindo novas oportunidades de negócios. A conversão de aviões comerciais em cargueiros também passou a ganhar relevância, com foco no crescimento do comércio eletrônico chinês.

      Em novembro, Martyn Holmes, chefe comercial da Embraer, destacou o interesse da empresa em ampliar sua cadeia global de suprimentos, mencionando explicitamente o papel potencial de fornecedores chineses nesse processo. “Acredito que este seja um momento oportuno para discutirmos essa questão (cadeia de suprimentos) com fornecedores chineses e analisarmos como podemos evoluir”, afirmou.

      Alinhamento estratégico diante de tensões globais - As declarações do governo chinês revelam um reposicionamento estratégico diante do crescente protecionismo dos EUA sob a gestão de Trump, que iniciou seu segundo mandato em janeiro de 2025. Ao reforçar a parceria com o Brasil — especialmente em setores de alto valor agregado, como o aeroespacial — e se posicionar como defensora da ordem multilateral, a China se projeta como contraponto ao isolacionismo norte-americano.

      O episódio também reafirma a relevância geopolítica do BRICS como plataforma de articulação internacional frente a ações unilaterais dos países centrais. Para o Brasil, além do impacto econômico direto das tarifas, a disputa pode impulsionar novos arranjos produtivos e tecnológicos com parceiros como a China, abrindo margem para maior autonomia no setor industrial e comercial.

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