Avanço da anistia foi retaliação de Motta a Lula, avalia Planalto
Lula se posicionou contra a PEC da Blindagem, o que teria irritado o presidente da Câmara e o Centrão
247 - O Palácio do Planalto avalia que a aprovação da urgência para a votação da anistia aos golpistas de 8 de janeiro foi resultado de uma retaliação articulada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em conjunto com o Centrão. Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontam que o gesto foi uma resposta ao posicionamento do governo contra a chamada “PEC da Blindagem”. As informações são do g1.
Inicialmente, a direção do PT, sob liderança de Edinho Silva, avaliava apoiar a PEC. No entanto, a posição foi alterada após orientação direta de Lula, que classificou a proposta como “anacrônica” e prejudicial ao país. O presidente também ponderou que a discussão era impopular e poderia gerar desgaste político.
A mudança irritou Motta e integrantes do Centrão, que se aproximaram da oposição e articularam a votação da urgência da anistia. Esse movimento abalou ainda mais a relação do presidente da Câmara com Lula, que já era frágil, e aumentou a preocupação no governo com a possibilidade de aprovação da medida em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos bastidores, auxiliares de Lula avaliam que a confiança entre o Planalto e Motta se esgotou. O diagnóstico é de que a instabilidade na condução do deputado abre caminho para a aprovação da anistia, ampliando a pressão sobre o governo.
Lula, em almoço com a bancada do PDT, indicou que não se opõe a discutir uma redução de penas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. No entanto, ressaltou que considera inadequado levar o tema ao plenário antes do trânsito em julgado de todos os réus.
Críticas ao STF
Uma ala do governo também critica a atuação do Supremo, que teria selado acordo com Motta e o Centrão para derrubar a urgência da anistia em troca de votar a redução de penas sob relatoria de Arthur Maia (União Brasil-BA). A estratégia, no entanto, ruiu após a reviravolta no plenário.
Com a aprovação da urgência, Motta designou Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator do projeto de anistia. A escolha é interpretada como um gesto de aproximação ao ministro Alexandre de Moraes, com quem Paulinho mantém interlocução próxima.
Um auxiliar de Lula, em caráter reservado, resumiu o sentimento no Planalto: “O governo foi atropelado pelo acordo entre o Supremo e a cúpula da Câmara. Essa conta está 100% no colo do STF agora. Quem foi fazer acordo com essa gente foram eles.”