HOME > América Latina

Peru vive caos político após novo golpe de Estado

O novo golpe reforça a percepção de que o Peru vive uma crise crônica de governabilidade, na qual o Parlamento se tornou o centro de poder

A presidente do Peru, Dina Boluarte (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

247 – O Peru mergulhou em mais uma crise institucional após o Congresso aprovar, nesta sexta-feira (10), o impeachment da presidente Dina Boluarte, sob a justificativa de “incapacidade moral permanente”. A informação foi divulgada pela RT Brasil. A decisão, interpretada por analistas como mais um golpe de Estado no país andino, foi aprovada de forma quase unânime — 122 votos a favor, sem votos contrários nem abstenções.

Com a destituição, o presidente do Congresso, José Jerí, assumiu imediatamente o comando do país, conforme previsto na Constituição. Ele ficará no cargo até 26 de julho de 2026, data prevista para o fim do atual mandato presidencial.

Discurso de posse de José Jerí

Em pronunciamento à nação, Jerí afirmou que seu governo será de “transição, empatia e reconciliação nacional”.

 “Povo peruano, hoje assumo humildemente a presidência da República por sucessão constitucional para instalar e liderar um amplo governo de transição, de empatia e reconciliação nacional”, declarou o novo chefe de Estado.

Jerí também pediu a construção de “acordos mínimos” diante da “constante crise política” que, segundo ele, tem levado o Peru a sucessivas rupturas institucionais, com governos que não cumprem seus mandatos, instituições enfraquecidas e uma cidadania cansada, em meio ao avanço da criminalidade.

Pronunciamento de Dina Boluarte

Pouco depois da votação, Dina Boluarte se pronunciou do Palácio do Governo, defendendo sua administração e destacando o que considerou avanços nas áreas sociais.

 “Em todos os momentos, clamei pela unidade, pela colaboração e pela luta pelo nosso país”, afirmou a ex-presidente, em tom de despedida.

Boluarte assumiu a presidência em dezembro de 2022, após a queda de Pedro Castillo, e enfrentou desde então forte rejeição popular e pressões políticas contínuas. Sua destituição aprofunda o ciclo de instabilidade que já levou o Peru a ter seis presidentes em menos de dez anos, num cenário dominado por impeachments, renúncias e denúncias de corrupção.

Crise política sem fim

O novo golpe reforça a percepção de que o Peru vive uma crise crônica de governabilidade, na qual o Parlamento se tornou o centro de poder, substituindo repetidamente presidentes eleitos. A sucessão de quedas presidenciais tem minado a confiança da população nas instituições e isolado o país no cenário regional.

Com José Jerí no comando, resta saber se haverá convocação de novas eleições ou se o país continuará em um ciclo de rupturas e instabilidade, que ameaça paralisar de vez a democracia peruana.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...