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      Guerra psicológica contra Venezuela expõe silêncio estratégico do Pentágono

      Ausência de confirmação oficial sobre suposto movimento militar dos EUA revela operação psicológica destinada a pressionar o governo de Nicolás Maduro

      Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth 11/06/2025 (Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O portal Telesur publicou uma análise do jornalista William Serafino sobre o suposto envio de tropas norte-americanas ao Caribe, em direção à Venezuela, destacando que até o momento não há qualquer confirmação oficial do Pentágono ou do Comando Sul. O silêncio institucional, segundo ele, é revelador: se a operação tivesse de fato o peso de uma ação de Estado, o secretário de Defesa Pete Hegseth já teria fornecido detalhes à imprensa ou comunicado por meio dos canais oficiais do governo.

      Em vez disso, observa-se um vazio informativo que aponta para uma operação psicológica — uma psyop — que, de acordo com Serafino, foi amplificada pela agência Reuters e instrumentalizada por Marco Rubio. A manobra teria um duplo objetivo: forçar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a endurecer seu discurso sobre a Venezuela e dar fôlego à narrativa extremista de desestabilização contra Caracas.

      A arquitetura da operação psicológica

      Segundo o texto publicado pela Telesur, trata-se de uma estratégia híbrida que não chega a configurar uma operação militar aberta, mas que se vale de múltiplos recursos de desgaste: desde a propaganda midiática até o estímulo a sabotagens, ciberataques e focos de violência armada no território venezuelano. Serafino chega a caracterizar o movimento como uma versão “Gedeón formato 2025”, em alusão à tentativa fracassada de incursão armada contra o governo de Nicolás Maduro no passado.

      O analista observa que Rubio, atual secretário de Estado, enfrenta pressões eleitorais em seu reduto da Flórida, onde vem sendo criticado por não agir de forma eficaz contra Maduro e por “deixar María Corina Machado no esquecimento”. Ao acionar a narrativa da suposta intervenção, Rubio conseguiria se proteger das críticas locais e preservar a base política que considera essencial para uma futura candidatura presidencial em 2028.

      As limitações da Casa Branca

      O discurso de Rubio, de Christopher Landau (subsecretário de Estado), Pam Bondi (procuradora-geral) e Karoline Leavitt (secretária de imprensa da Casa Branca) revela os limites da retórica de Washington. Nenhum deles ousa propor abertamente uma invasão militar, já que tal posição violaria a linha vermelha do lema “não mais guerras no exterior”, um dos pilares da popularidade de Donald Trump entre seus eleitores.

      O próprio presidente norte-americano reforçou recentemente sua postura de “pacificador” em relação ao conflito na Ucrânia, ao assegurar que não enviará tropas ao país europeu. Nesse contexto, qualquer menção direta a uma guerra na Venezuela seria considerada suicídio político para os membros de sua administração.

      O condicionamento do Congresso

      Outro ponto destacado pela reportagem é o impacto que essa operação psicológica pode ter sobre o Congresso norte-americano, atualmente em recesso. Quando os parlamentares retornarem em setembro, a atmosfera de pressão poderá ser usada como pretexto para acelerar projetos legislativos já preparados pelos republicanos, endurecendo as sanções contra Caracas e limitando a margem de manobra de Trump em qualquer eventual negociação com Maduro.

      A consequência seria cristalizar uma política externa de cerco absoluto, onde a diplomacia ficaria refém da pressão congressual e da influência dos chamados “falcões republicanos”.

      O silêncio do Pentágono, portanto, não é casual. Ele funciona como parte da engrenagem da operação psicológica, onde a ambiguidade é mais útil do que a clareza. Como sintetiza William Serafino, a psyop substitui a operação real, ao menos por enquanto, fabricando medo e condicionando a opinião pública, enquanto abre caminho para agendas políticas de longo prazo nos Estados Unidos.

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