CK Hutchison anuncia possível entrada de investidor estratégico chinês em consórcio do Canal do Panamá
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, reagiu ao caso nesta segunda-feira
247 - A disputa por influência no Canal do Panamá, uma das rotas comerciais mais estratégicas do mundo, voltou a ganhar força com a possibilidade de entrada de um investidor estatal chinês em um consórcio originalmente liderado por interesses norte-americanos. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (28) pela gigante CK Hutchison Holdings, com sede em Hong Kong, que confirmou estar em negociações com um “investidor estratégico chinês” para reconfigurar sua participação em operações portuárias na região.
A iniciativa ocorre após o fim do período de exclusividade nas conversas com o consórcio apoiado por Washington, anunciado em março, e reacende o embate entre China e Estados Unidos por influência sobre a via interoceânica. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, reagiu ao caso nesta segunda, afirmando que o país “salvaguardará firmemente a soberania nacional, a segurança e os interesses de desenvolvimento”, reiterando o compromisso chinês com a legalidade e com a “justiça no mercado”.
Desde o início do ano, os Estados Unidos têm demonstrado desconforto com o avanço de empresas chinesas em áreas sensíveis da América Latina, especialmente em pontos logísticos como o Canal do Panamá. A tensão aumentou quando a administradora da Autoridade do Canal expressou preocupação com a possível concentração de mercado resultante da venda de ativos da CK Hutchison — que já opera dois importantes portos panamenhos, em Balboa e Cristóbal.
Além disso, a chefe da Autoridade revelou em junho ter recusado uma solicitação dos EUA para permitir a passagem gratuita de embarcações militares pelo canal, indicando resistência a qualquer forma de ingerência externa.
China rebate coerção econômica e defende neutralidade - Em reação à pressão dos EUA, o governo chinês tem adotado uma retórica crítica ao que chama de “coerção econômica” e “hegemonia”. Durante coletiva no mês passado, o porta-voz Lin Jian reforçou que empresas chinesas têm autonomia para conduzir negócios desde que sigam as leis locais, e defendeu o direito do Panamá de manter o canal como uma via "internacional permanentemente neutra".
Para Pequim, o caso é mais um exemplo da tentativa norte-americana de barrar a presença chinesa em zonas estratégicas por meio de influência política e militar. A China, por outro lado, busca se apresentar como parceira respeitosa da soberania local, em linha com sua diplomacia baseada no princípio da não interferência.
Com informações do Global Times e do South China Morning Post.
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