Lula reafirma soberania sobre minerais críticos e manda recado aos EUA: “é nosso”

247 - Durante cerimônia de inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), nesta segunda-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma defesa contundente da soberania brasileira sobre os chamados “minerais críticos” e rechaçou, de forma direta, o interesse dos Estados Unidos sobre essas riquezas. “Aquilo é nosso, de uma pessoa chamada ‘povo brasileiro’”, afirmou.

Segundo Lula, o Brasil ainda conhece apenas 30% do potencial mineral de seu território, mas isso não deve significar abertura irrestrita ao capital estrangeiro. “Estamos construindo uma parceria dentro do governo com a participação de uma comissão ultra especial para que a gente faça um levantamento de todo tipo de riqueza que o Brasil tem no seu solo e no seu subsolo”, anunciou. Para o presidente, a exploração deve ocorrer sob controle público e com participação direta do Estado: “Na hora que ela [a empresa] achar [a riqueza], ela não pode vender sem conversar com o governo e muito menos vai poder vender a área que tem o minério”.

Lula ainda ironizou o recente interesse dos EUA pelos minerais brasileiros: “Esses dias eu li uma matéria de que os Estados Unidos têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu nem conheço esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar ele pra mim. Por que vou deixar para outro pegar?”

Energia é o “ouro do momento” e Brasil pode liderar transição global, diz Lula - O presidente também aproveitou o evento para destacar o papel estratégico do Brasil na chamada transição energética global. Segundo ele, o país tem “de sobra” os principais insumos da nova matriz energética mundial, como etanol, biodiesel e hidrogênio verde. “A energia passa a ser o ouro do momento”, afirmou.

Lula pontuou que o Brasil pode se tornar um protagonista internacional nesta nova era, desde que proteja seus ativos estratégicos e amplie a credibilidade do Estado como garantidor dos investimentos. “O Estado não tem que ser investidor. Tem que ser garantidor. O Estado tem que oferecer ordem política, ordem social, ordem econômica, fiscal, ordem jurídica”, defendeu.

Brasil deixou o “obscurantismo” e recupera credibilidade internacional, diz presidente - Em seu discurso, Lula fez uma comparação entre o atual momento do país e o período anterior a seu retorno à presidência, que classificou como “um período de obscurantismo”. Segundo ele, o Brasil chegou a ser evitado por líderes internacionais. “Ninguém queria receber o presidente do Brasil e ninguém queria visitar o presidente do Brasil”, afirmou.

Agora, ele diz ver um cenário completamente diferente, com o país retomando protagonismo nos fóruns globais. “Nesses dois anos de governo, já estive reunido com 45 países da União Africana, com 27 da União Europeia, com 33 países da América Latina e do Caribe, com a China, a Índia, Indonésia, Malásia e com muitos outros países, inclusive muitas reuniões com os Estados Unidos”, elencou. Para Lula, esse retorno ao cenário internacional se deve à reconstrução da confiança no país: “A primeira coisa [que fizemos] foi recuperar a credibilidade que este país merece”.

Ele também destacou o tamanho da economia nacional como parte desse processo: “Somos, na pior das hipóteses, a 10ª economia do mundo. Na melhor, já fomos a 6ª em 2008 e no meio podemos ser sempre a 8ª, com viés de sermos a 7ª”.