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      Exportações de café brasileiro aos EUA despencam após tarifaço de Trump

      Medida de Donald Trump provoca queda de quase 50% nos embarques de café do Brasil para o mercado norte-americano

      Café brasileiro (Foto: Reuters)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - As exportações de café do Brasil para os Estados Unidos registraram uma queda drástica em agosto de 2025, segundo dados preliminares divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e publicados pelo Metrópoles. Entre os dias 1º e 25 de agosto, foram embarcadas 193,9 mil sacas, volume 46,6% inferior ao registrado no mesmo período de 2024.

      O recuo está diretamente ligado à decisão do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro. O tarifaço, parte de uma nova rodada de medidas comerciais da Casa Branca, entrou em vigor no início de agosto e já mostra efeitos expressivos no fluxo comercial entre os dois países.

      Impacto no setor e na produção

      Segundo o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, a queda não se explica apenas pela medida protecionista. Ele destacou que a própria safra de café do Brasil em 2025 foi menor em comparação ao ano anterior. “Em julho, as exportações foram em torno de 450 mil sacas. Comparando com este mês [agosto], houve uma queda expressiva nos embarques, com efeito da safra menor e do tarifaço”, afirmou Heron.

      Ainda assim, o especialista descarta a possibilidade de retração do consumo norte-americano. “Não há um cenário de redução do consumo nos Estados Unidos. O tarifaço acaba gerando aumento nos preços e quem paga a conta é o consumidor americano”, explicou.

      Possível exceção para o café brasileiro

      No final de julho, o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, sinalizou à rede CNBC que o país poderia rever a decisão e excluir alguns produtos agrícolas das tarifas. Ele mencionou itens que não conseguem ser produzidos em território norte-americano, como café, cacau, manga e abacaxi.

      “Em nossos acordos comerciais, nossa expectativa é que, em relação aos recursos naturais indisponíveis, como uma banana, outras especiarias e raízes, pode não haver tarifa”, declarou Lutnick.

      Apesar da abertura, o secretário condicionou qualquer isenção a contrapartidas. Caso o café ou o cacau sejam retirados da lista de produtos taxados, países exportadores teriam de flexibilizar a entrada da soja norte-americana em seus mercados. “Por que vocês esperam nos vender café e cacau e não nos deixam vender soja? Parece injusto. Vamos tornar isso justo”, argumentou.

      Produto estratégico do agronegócio

      O café continua sendo um dos pilares do agronegócio brasileiro, responsável por bilhões em exportações anuais. A disputa tarifária com os Estados Unidos, um dos principais destinos do produto, gera apreensão entre produtores e exportadores, que aguardam os próximos movimentos de Washington em meio ao embate comercial liderado por Trump.

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