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      Demanda por sebo bovino cresce no Brasil após tarifas dos EUA afetarem exportações

      Medida imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode reduzir vendas externas, mas uso interno para biodiesel deve sustentar mercado

      Tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O uso do sebo bovino na produção de biodiesel no Brasil deve aumentar nos próximos meses, em meio à previsão de maior consumo doméstico e à tentativa de compensar a queda nas exportações para os Estados Unidos. A informação foi divulgada pela agência Reuters, que ouviu representantes da indústria sobre o impacto das novas tarifas norte-americanas.

      Segundo dados da consultoria Scot Consultoria, com sede em Bebedouro (SP), até julho o Brasil exportou 290,8 mil toneladas de sebo bovino, o equivalente a quase 91% do volume total embarcado em 2024. Desse montante, cerca de 98% teve como destino os Estados Unidos, que vinham ampliando as compras devido à queda do rebanho de gado local.

      No entanto, um imposto de importação de 50% sobre determinados produtos brasileiros, imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, mudou o cenário. Para André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a medida torna “proibitivas” as vendas de sebo bovino ao mercado norte-americano.

       “A tarifa torna as vendas praticamente inviáveis nos Estados Unidos”, afirmou Nassar em entrevista à Reuters. Ele destacou, porém, que a demanda interna poderá reduzir o impacto da medida: “As empresas de biodiesel devem ampliar suas compras, incluindo frigoríficos que produzem biodiesel mas não conseguem suprir internamente toda a necessidade do insumo”.

      A Abiove, que representa processadores de soja responsáveis por 75% da produção nacional de biodiesel, vê no uso doméstico do sebo uma alternativa para manter a cadeia de produção aquecida.

      Estratégias diante das tarifas

      O fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres, observou que a aceleração das exportações até julho pode ter sido uma tentativa dos exportadores de antecipar embarques antes da entrada em vigor da tarifa.

       “Essas são medidas paliativas”, avaliou. “O novo imposto é, na prática, um embargo às exportações de carne e derivados”.

      Torres acrescentou que, após a aplicação das tarifas em 6 de agosto, uma possível saída seria exportar o produto para países vizinhos, que depois poderiam reexportar aos Estados Unidos. Essa estratégia, além de driblar os altos custos, poderia ampliar a base de compradores internacionais e sustentar os volumes de exportação.

      Perspectivas para o setor

      Com os Estados Unidos praticamente fechados ao sebo bovino brasileiro, a expectativa é que o mercado interno assuma protagonismo. A expansão do biodiesel no Brasil, aliada à integração vertical de frigoríficos e ao uso de insumos alternativos, pode absorver parte relevante da produção que antes tinha destino externo.

      Ainda assim, o setor reconhece que a medida norte-americana é um golpe significativo, já que as exportações eram fortemente concentradas naquele mercado. A busca por novos destinos internacionais e o fortalecimento do consumo doméstico serão cruciais para evitar perdas maiores.

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