Gerdau alerta para ameaça de colapso na indústria do aço com avanço das importações
Executivo critica subsídios chineses e tarifas globais, e cobra medidas mais duras do governo brasileiro
247 - O presidente do conselho de administração da Gerdau, André B. Gerdau Johannpeter, avaliou que este é “o ano mais conturbado para a indústria do aço”, citando tensões geopolíticas, tarifas internacionais e a escalada das importações que classificou como predatórias. A declaração foi feita durante o Congresso Aço Brasil 2025, realizado em São Paulo, conforme noticiou o Valor Econômico.
Segundo Johannpeter, a participação do aço importado no mercado brasileiro mais que dobrou nos últimos anos. “Estamos há muito tempo sofrendo com a importação predatória do aço. A taxa de penetração, que antes era de 10%, hoje está entre 22% e 25%. Nas vendas internas, isso já representa um terço do mercado. Esse volume é maior do que a própria produção da Gerdau em entregas”, afirmou ao público do evento, de acordo com o Valor Econômico.
Crise estrutural e risco de paralisação
O executivo alertou que a indústria siderúrgica opera atualmente com 35% de capacidade ociosa, índice bem acima do ideal de 20%. “Estamos em um ponto de quase insustentabilidade. Não dá para conviver com aço subsidiado, com desconto para exportação e toda sorte de participação do governo chinês nas empresas”, declarou. Para ele, a cadeia produtiva corre risco de desmobilização. “Estamos chegando ao limite. Reduzir mais a atividade tornará o negócio inviável. O sistema de cotas-tarifa ajudou, mas não resolveu o problema.” As falas foram reproduzidas pelo Valor Econômico.
O governo brasileiro reconhece o desafio e já iniciou a maior investigação antidumping da história, abrangendo 25 tipos de aço importados da China, além de manter o sistema de cotas-tarifa, segundo o Valor Econômico.
Pressões externas e ameaça ao emprego
Além da concorrência chinesa, o setor sofre os impactos da guerra comercial global. Os Estados Unidos, sob a gestão do presidente Donald Trump, impuseram tarifas de 50% sobre o aço, medida que atinge diretamente as exportações brasileiras. “Com isso, há um desvio de comércio e esse aço do mundo vai procurar novos mercados, entre eles o Brasil”, explicou Johannpeter.
O dirigente também destacou que a disputa não é apenas econômica, mas social. “Onde vão ficar os empregos: na Ásia ou no Brasil?”, questionou, reforçando que a sobrevivência da indústria nacional depende de medidas de defesa comercial mais firmes.