Organização para Cooperação de Xangai avança e mira maior integração econômica
Bloco liderado por China e Rússia reúne quase metade da população mundial e prepara maior cúpula da história em Tianjin
247 - A Organização para Cooperação de Xangai (OCX), aliança regional que reúne países da Ásia Central, China e Rússia, tem intensificado sua cooperação econômica, em meio a um cenário global de tensões comerciais e fragmentação geopolítica. Criada em 2001, a OCX já reúne 10 países-membros, 2 observadores e 14 parceiros de diálogo, o que corresponde a quase metade da população mundial e cerca de um quarto do PIB global.
O crescimento das trocas comerciais e a implementação de projetos em setores como energia e tecnologia mostram a relevância crescente do bloco, que realizará nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, em Tianjin (China), a maior cúpula de sua história.
Comércio em expansão
Os dados oficiais reportados pela agência chinesa Xinhua indicam que o comércio da China com os demais países da OCX alcançou 3,65 trilhões de yuans em 2024, 36 vezes mais que em 2001. Entre janeiro e julho de 2025, as trocas chegaram a 2,11 trilhões de yuans, alta de 3% na comparação anual.
Um exemplo é o Centro Internacional de Cooperação Fronteiriça China-Cazaquistão, em Horgos, que registrou mais de 5 milhões de passagens de fronteira neste ano, aumento de 73%. O espaço reúne cerca de 2 mil lojas, incluindo mais de 200 duty free, e recebe diariamente dezenas de milhares de visitantes.
Energia e tecnologia
Além do comércio, a cooperação tem avançado em áreas de infraestrutura e inovação. No Cazaquistão, um parque eólico construído por uma empresa chinesa tornou-se o maior do país em 2023. No Quirguistão, a implantação do 5G ampliou a penetração da internet de 43% para mais de 70%. Já no Tadjiquistão, plataformas digitais de saúde passaram a permitir consultas médicas em regiões isoladas.
O setor de comércio eletrônico também ganha espaço: só em 2024, as importações chinesas via e-commerce de países da OCX aumentaram 34%.
Perspectivas
A ampliação da cooperação reflete o esforço da China em consolidar a OCX como um espaço de integração econômica e de influência no chamado Sul Global. O bloco é visto por Pequim e Moscou como alternativa a alianças ocidentais em um contexto de disputas comerciais e tensões geopolíticas.
A expectativa é que a cúpula de Tianjin trace novas diretrizes para áreas como energia limpa, transição digital e segurança alimentar, ao mesmo tempo em que deve reforçar a narrativa de que a OCX é uma plataforma “inclusiva” e sem imposição de condições políticas formais.