Melhor aluno do ITA, exemplo de funcionário e mãe bilionária: quem é o auditor acusado de ganhar 1 bilhão em propina
Ministério Público afirma que auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto controlava todas as etapas da fraude envolvendo créditos tributários de ICMS
247 - O auditor fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) Artur Gomes da Silva Neto é apontado pelo Ministério Público paulista (MP-SP) como o principal articulador de um esquema de corrupção e fraude tributária que teria arrecadado cerca de R$ 1 bilhão em propinas. As informações foram divulgadas pelo g1. Segundo os promotores, o servidor “dominava praticamente todas as etapas do processo” e chegou a ser descrito como um “gênio do crime”.
A investigação revelou que o esquema consistia em agilizar e aprovar ilegalmente pedidos de ressarcimento de créditos de ICMS para grandes empresas, como a Fast Shop e a Ultrafa
rma. O promotor João Ricupero explicou que Artur controlava todo o fluxo, desde a coleta das notas fiscais até a aprovação final: “Ele pedia e deferia o pedido que ele mesmo fazia. Ele ficava com o certificado da empresa. Então, era um ciclo completo”.
A apuração começou após a constatação de que a mãe do auditor, Kimio Mizukami da Silva, professora aposentada da rede pública, viu seu patrimônio saltar de R$ 411 mil em 2021 para R$ 2 bilhões em 2023. Segundo o MP, Kimio é sócia da Smart Tax, empresa usada para lavar o dinheiro do esquema. Apesar de constar como proprietária, não participava de reuniões com clientes e não possuía conhecimento técnico na área tributária. “A sede da empresa é a casa do fiscal em Ribeirão Pires. É uma residência, tudo menos uma empresa”, afirmou o promotor Roberto Bodini.
Artur, formado em engenharia aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) como melhor aluno da turma, também foi aprovado no Instituto Militar de Engenharia (IME) e em Medicina na USP. Durante a graduação, recebeu o Prêmio Professor Rene Maria Vandaele e ganhou da Embraer uma viagem aos Estados Unidos para conhecer empresas aeroespaciais e a Nasa. Em junho deste ano, segundo o Portal da Transparência, seu salário na Sefaz-SP foi de R$ 33.781,06.
A Operação Ícaro, deflagrada na terça-feira (12), prendeu, além de Artur, outros cinco suspeitos, incluindo Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cidades da Grande São Paulo, interior e capital. Entre os crimes investigados estão corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Até a última atualização, a defesa de Artur e de sua mãe não havia sido localizada para comentar as acusações.
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