Execução de ex-delegado-geral em SP aumenta insatisfação de policiais contra Tarcísio
Sindicato cobra governador por proteção à categoria e modernização da Polícia Civil após assassinato de ex-delegado jurado de morte pelo PCC
247 - O assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, em 15 de setembro, na Baixada Santista, aumentou a cobrança da categoria por mais proteção e valorização profissional. O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) enviou ofício ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pedindo reunião urgente para discutir medidas de segurança para agentes, combate ao crime organizado e a modernização da instituição.
Fontes, um dos principais nomes no enfrentamento ao Primeiro Comando da Capital (PCC), vivia sob ameaça da facção desde 2006. Sua execução expôs, segundo o Sindpesp, a vulnerabilidade de policiais civis, ativos e aposentados, que atuam diretamente contra o crime organizado. “Profissionais que se aposentam da Polícia Civil bandeirante, a exemplo do doutor Ruy, sequer têm uma arma de fogo para se protegerem, a não ser que invistam no armamento com recursos próprios. Muito menos podem dispor de escolta armada. A verdade é que são abandonados à própria sorte”, afirmou a presidente da entidade, Jacqueline Valadares.
No ofício, o sindicato denuncia a falta de aplicação, em São Paulo, de dispositivos da Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis (Lei 14.735/2023), que garantem, por exemplo, a doação de armas a policiais aposentados. Também critica salários entre os mais baixos do país, desrespeito à jornada de trabalho, acúmulo de funções e um sistema de progressão de carreira considerado antiquado.
A entidade cobra ainda transparência na elaboração da nova Lei Orgânica da Polícia Civil paulista. Criado em janeiro, o Grupo de Trabalho Intersecretarial que deveria apresentar uma proposta estadual está há mais de oito meses sem divulgar resultados ou permitir participação das entidades representativas. Enquanto isso, policiais seguem desmotivados e expostos, em um estado com déficit superior a 16 mil agentes, alerta o sindicato.
Durante a campanha de 2022, Tarcísio prometeu modernizar a Polícia Civil e valorizar seus profissionais, incluindo a melhoria salarial – promessas que, segundo o sindicato, não avançaram. Em resposta, o governo paulista afirmou apenas que as demandas estão “em análise” e que a reunião com o governador será “postergada” em razão de sua agenda.
O Sindpesp defende que o fortalecimento da Polícia Civil é condição essencial para conter o avanço do crime organizado em São Paulo. “É necessário, portanto, que o Governo de São Paulo, a exemplo do que já faz com outras carreiras, também respeitáveis, mas que não se sujeitam aos mesmos riscos, olhe com mais atenção à Polícia Civil, de modo a propiciar o máximo de estímulo para que os delegados de polícia possam enfrentar o crime com, no mínimo, paridade de armas, reconhecendo a grande complexidade do mencionado cargo público”, diz o documento