Lula volta dos EUA e deve definir mudanças ministeriais
Presidente busca equilibrar saída de partidos da base com reforço à esquerda e aposta em Boulos para ampliar interlocução com movimentos sociais
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou nesta quinta-feira (25) dos Estados Unidos com a missão de redesenhar parte de sua equipe ministerial. A movimentação ocorre em meio à possibilidade de debandada de quadros do União Brasil e do PP, que anunciaram oficialmente a formação de uma federação e endureceram a posição de oposição ao governo.
Segundo a Folha de S. Paulo, Lula avalia abrir espaço a partidos da base aliada, como PSD, PDT, PSB e até Republicanos, caso a saída das duas legendas se confirme. Dessa vez, a estratégia não se restringe à garantia de governabilidade no Congresso, como na montagem inicial do governo, mas também à construção de palanques estaduais para 2026, quando o presidente deve disputar a reeleição.
Disputa por cargos e alianças regionais
Lula já sinalizou a ministros ligados ao Centrão que apoiará suas candidaturas regionais em 2026, mesmo que suas siglas não estejam formalmente em sua coligação. É o caso de Celso Sabino (Turismo), André Fufuca (Esportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), todos deputados federais licenciados. Eles devem disputar vagas ao Senado e foram indicados por suas bancadas como parte da tentativa do Planalto de melhorar a relação com a Câmara.
O movimento, contudo, esbarra na pressão de PP e União Brasil, que estipularam prazo para que detentores de mandatos se desliguem do governo sob risco de expulsão. O União Brasil, por exemplo, antecipou a saída de Sabino, que buscava adiar a saída para aproveitar a visibilidade da COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, e consolidar seu nome para a eleição. Chegou a sugerir a possibilidade de se licenciar do partido para seguir no ministério, mas a solução é considerada improvável.
Já André Fufuca tenta costurar um acordo interno para permanecer no Ministério do Esporte até o fim do ano. Uma ala do PP defende que sua permanência facilitaria entregas programadas para a pasta. Integrantes próximos ao presidente do partido, Ciro Nogueira (PI), avaliam que ele pode não se opor a um entendimento, dado o vínculo pessoal com o ministro.
Boulos deve assumir posto estratégico no Planalto
Além de buscar apoio no Congresso, Lula também prepara mudanças voltadas ao fortalecimento da relação com a esquerda. O presidente comunicou a aliados que Guilherme Boulos (Psol-SP) deve ser anunciado como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, substituindo Márcio Macêdo (PT).
A secretaria é responsável pelo diálogo com movimentos sociais, e a escolha de Boulos teria como objetivo reforçar a mobilização popular, sobretudo entre os jovens, além de ampliar a presença do governo nas redes sociais diante da ofensiva bolsonarista. A meta é reproduzir a força digital de 2022, quando Lula conseguiu ampliar sua visibilidade no período eleitoral.
Nesse contexto, o presidente equilibra a necessidade de recompor sua base parlamentar com a tarefa de reanimar setores da sociedade civil que foram determinantes em sua vitória. O próximo passo será definir como acomodar aliados estratégicos e administrar as pressões do Centrão em meio ao xadrez político que já mira 2026.