Hugo Motta quer punir deputados de motim, mas só "na hora certa", diz aliado
Hugo Motta defende punição a envolvidos no motim e adota estratégia de esperar o momento certo para agir
247 - Em meio à indefinição sobre a punição dos 14 deputados que participaram do motim bolsonarista na Câmara, um aliado próximo de Hugo Motta (Republicanos-PB) afirma que o presidente da Casa faz questão de responsabilizar os envolvidos, mas decidiu agir apenas “na hora certa”, informa Lauro Jardim, de O Globo.
Motta optou por encaminhar as representações contra os parlamentares à Corregedoria da Câmara, evitando decisões “de cabeça quente” após a ocupação da Mesa Diretora do plenário. A ação, segundo o interlocutor, foi pensada para reduzir a tensão política e preparar terreno para medidas mais duras. A postura é comparada ao início de uma luta de boxe, quando os adversários “se estudam” antes de atacar.
Bancada do PL se mobiliza contra possíveis punições
Na terça-feira (12), a bancada do PL se reuniu a portas fechadas para discutir como reagir ao envio das denúncias contra os 14 parlamentares à Corregedoria, segundo o jornal O Globo. Parte dos deputados acusou a cúpula da Câmara de “pinçar” nomes do grupo que bloqueou o plenário, deixando outros de fora.
O deputado Daniel Freitas (PL-SC) foi um dos mais exaltados e questionou: “Vamos ficar olhando na janela?”. Ele sugeriu que a Mesa pode tentar equilibrar a narrativa punindo também nomes da oposição, como a petista Camila Jara (PT-MS). Freitas citou o caso do colega Zé Trovão (PL-SC), que teria barrado a entrada de Motta, e disse que, se ele for punido junto a uma deputada petista, a bancada não pode ficar passiva.
Durante a discussão, Bibo Nunes (PL-RS) interrompeu para declarar: “Eu quero ser, com muita honra, sancionado”.
Caso Camila Jara e disputa de narrativas
Camila Jara foi alvo de representação apresentada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante, que a acusa de ter agredido Nikolas Ferreira (PL-MG) durante a retirada dos manifestantes da Mesa. Imagens mostram a deputada supostamente empurrando Nikolas, que caiu do plenário. Ela nega agressão e afirma que apenas reagiu à pressão física no empurra-empurra.
O episódio é visto no PL como possível instrumento de barganha para influenciar o desfecho dos processos contra seus parlamentares.
Contexto político e impacto do motim
O motim, que durou cerca de 30 horas, começou após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretar prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL). Deputados da oposição ocuparam as mesas da Câmara e do Senado, bloqueando votações e pressionando pela análise de pautas como a PEC do fim do foro privilegiado.
A crise se aprofundou porque o acordo que encerrou a ocupação foi negociado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), sem participação de Motta. Aliados avaliam que sua autoridade foi testada, levando-o a defender “punições pedagógicas” para os envolvidos.
Rito na Corregedoria e possíveis penalidades
O corregedor Diego Coronel (PSD-BA) anunciou que seguirá o rito previsto em ato de 2009, que prevê até 50 dias úteis para análise, com cinco dias para defesa. As sanções vão de advertência à suspensão do mandato por até seis meses.
Defensores do prazo mais longo dizem que ele reduz riscos de acusações de parcialidade e abre espaço para negociações políticas. Já no PL, a leitura é que o prolongamento mantém pressão sobre os investigados e pode enfraquecer as defesas. Dirigentes também alertam que suspender muitos parlamentares de uma só vez traria custo político alto e poderia travar votações importantes.
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