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      Deputados veem Motta enfraquecido diante de tumulto bolsonarista

      Presidente da Câmara precisou de ajuda de Lira para retomar controle do plenário e enfrenta críticas por não liderar resposta ao motim da oposição

      O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta - 18/06/2025 (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)
      Otávio Rosso avatar
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      247 - Deputados de diferentes espectros políticos avaliam que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), demonstrou fragilidade diante da ofensiva bolsonarista no plenário da Casa. A avaliação foi relatada de forma reservada por parlamentares ao portal UOL.

      Segundo eles, Motta errou ao não estar presente em Brasília quando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — o que já indicava uma provável reação da oposição.

      O parlamentar só reassumiu o comando da mesa diretora por volta das 22h de ontem, após passar o dia tentando reverter o motim. A ausência de comando visível durante a crise levou a críticas de deputados governistas, do centrão e também da oposição. Aliados de Bolsonaro, por sua vez, pressionaram publicamente pela votação do projeto de anistia aos réus do 8 de Janeiro.

      Sem conseguir liderar a negociação, Motta recorreu a seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL). Lira, junto com o líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), e o segundo vice-presidente da Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), articulou um acordo com o PL: desocupar a mesa em troca da continuidade do diálogo sobre a anistia e a PEC do fim do foro privilegiado. Nos bastidores, parlamentares destacaram que “Lira jamais teria permitido que a oposição ocupasse o plenário por dois dias”.

      A dificuldade de Motta ficou evidente até na retomada simbólica da cadeira de presidente. Líderes precisaram abrir caminho para que ele conseguisse se sentar, enquanto a oposição protestava. Com o apoio da Polícia Legislativa, o presidente levou cerca de dez minutos pedindo ordem até conseguir iniciar seu discurso, no qual defendeu o diálogo antes de encerrar a sessão.

      Centrão costura blindagem - Para proteger Motta do desgaste de pautar a anistia, PP e União Brasil construíram um arranjo que transferiu essa responsabilidade aos líderes do centrão. Assim, o presidente da Câmara evitou se posicionar diretamente sobre o tema.

      Apesar da pressão da oposição, lideranças do centrão reiteraram que a prioridade segue sendo a agenda econômica. Em destaque está a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. A medida precisa ser aprovada ainda neste ano para valer na declaração de 2026.

      No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) marcou sessão para as 11h desta quinta, sem projetos relevantes na pauta. Há urgência, contudo, para votar a isenção do IR para quem ganha até dois salários mínimos — se não for aprovada até segunda-feira, a medida perde validade.

      Oposição projeta avanço da anistia - Mesmo sem texto pronto, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, afirmou que o projeto de anistia aos réus do 8 de Janeiro começa a tramitar na próxima semana. “Ficou acertado também votar o fim do foro privilegiado”, declarou.

      Segundo ele, União Brasil, PP e PSD se comprometeram a articular o texto. A oposição defende que a anistia seja “ampla, geral e irrestrita”, o que incluiria o próprio Bolsonaro. Zucco (PL-RS), líder da oposição, confirmou que ainda será discutido quem será beneficiado.

      A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) protocolou requerimento para pautar a PEC do foro privilegiado. A proposta impediria que processos contra parlamentares fossem julgados diretamente pelo Supremo. “O projeto livra deputados e senadores da chantagem do STF”, disse Sóstenes. A medida também atrai apoio no centrão, onde há parlamentares investigados por suspeitas envolvendo emendas parlamentares.

      PT nega acordo e acusa oposição de fabricar narrativa - O líder do PT, Lindbergh Farias, afirmou que não há qualquer compromisso firmado com o PL. Para ele, a oposição “cedeu” e criou “fatos políticos” para alimentar a militância. “Aprovar a anistia significaria ceder a Donald Trump”, disse. Segundo o petista, a soberania brasileira estaria em risco e a população reagiria negativamente à tentativa de blindar Bolsonaro.

      Senado trava avanços da oposição - A oposição também tenta pressionar o Senado a votar projetos de seu interesse, como o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Os bolsonaristas tentaram viabilizar uma reunião com Alcolumbre, mas não tiveram sucesso.

      Mesmo após uma reunião de líderes sem consenso, Hugo Motta manteve a convocação da sessão para as 20h30. Ainda assim, parte dos deputados oposicionistas optou por continuar ocupando a mesa diretora, apostando na manutenção do protesto. Em resposta, Motta ameaçou aplicar suspensões de seis meses contra os envolvidos — o que, segundo avaliação interna, seria difícil de concretizar diante do número de parlamentares envolvidos.

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