CPMI do INSS toma depoimento de advogado responsável pelas primeiras denúncias de fraudes
Advogado Eli Cohen detalha origem das provas sobre fraudes. Comissão também deve ouvir ex-ministros nesta semana
247 - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS inicia nesta segunda-feira (1º) uma nova etapa das investigações ao ouvir o advogado Eli Cohen, autor das primeiras denúncias que revelaram o esquema de fraudes no instituto, segundo o jornal O Globo. O depoimento é considerado crucial para esclarecer a origem de documentos e provas já reunidos, além de apontar possíveis conexões de empresas privadas com as irregularidades.
Os parlamentares acreditam que Cohen pode fornecer detalhes que ajudem a rastrear a participação de intermediários e esclarecer a extensão da rede de corrupção instalada dentro do INSS. A expectativa é que o depoimento também fortaleça a base documental que sustenta a investigação conduzida pelo colegiado.
Próximos depoimentos e foco nos ex-ministros
Ainda nesta semana, a CPI deve ouvir um dos ex-ministros da Previdência. Segundo o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), os nomes estão sendo avaliados conforme a disponibilidade de agenda, já que os convites não têm caráter obrigatório. Viana afirmou que a prioridade é ouvir os ex-ministros mais recentes, o que aumenta as chances de Carlos Lupi (PDT-RJ), titular da pasta quando o esquema foi descoberto, ser chamado primeiro.
Por outro lado, o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “careca do INSS”, foi temporariamente descartado. Embora haja requerimento aprovado para ouvi-lo, Viana explicou que sua convocação só ocorrerá em momento posterior. “Ele só será chamado quando tivermos embasamento para aprofundarmos um depoimento. Antes dele, queremos ouvir ex-ministros, servidores públicos da Controladoria-Geral da União, Dataprev e Ministério da Previdência”, declarou.
Operador apontado como peça-chave
Antunes é considerado pela Polícia Federal como operador central do esquema, atuando na intermediação entre associações fraudulentas e servidores do INSS. Relatórios apontam que ele movimentou R$ 53 milhões provenientes de sindicatos e empresas, quantia incompatível com a renda oficial de R$ 24 mil mensais. Parte dos valores teria sido usada para adquirir presentes de alto valor a dirigentes do instituto, como um Porsche de R$ 500 mil transferido para a esposa de um procurador do órgão.
Debate sobre quebra de sigilos
Ainda nesta semana, integrantes da CPI devem se reunir com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para discutir a quebra de sigilo de registros de entrada e saída de investigados no Congresso. A votação desses requerimentos foi adiada após críticas de parlamentares que alegaram risco de violação da imunidade parlamentar.
“Precisamos conversar com Alcolumbre e mostrar que esses dados são fundamentais para as investigações”, completou Carlos Viana, destacando a importância de avançar sobre os pontos de contato entre investigados e membros do Legislativo.