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Bolsonaro completa dois meses em prisão domiciliar e insiste em anistia ampla

Condenado pelo STF, Jair Bolsonaro mantém rotina política em casa e rejeita acordos que não incluam perdão total aos condenados por tentativa de golpe

Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, em Brasília - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - Confinado em sua casa em um bairro de classe média alta de Brasília, Jair Bolsonaro (PL) completou, no último sábado, dois meses em prisão domiciliar. A medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde então, Bolsonaro tem dividido os dias entre reuniões políticas, consultas médicas e momentos de lazer diante da televisão, assistindo a jogos de futebol e noticiários.

Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro recebeu mais de 30 visitas de políticos e aliados próximos nos últimos 60 dias — entre eles, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). As conversas giram em torno das eleições de 2026 e dos planos de reorganização da direita.

Pedido de anistia é prioridade

Durante os encontros, Bolsonaro tem repetido um tema central: o pedido de anistia. Ele deixou claro aos aliados que só aceita negociações que resultem em um perdão amplo e irrestrito, rejeitando propostas de acordo que reduziriam sua pena para dois ou três anos, ainda que em regime domiciliar.

A proposta de uma anistia parcial, articulada por parte da bancada do PL ligada ao Centrão, perdeu força no Congresso após o projeto de dosimetria, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), perder tração. O impasse se agravou com a derrota da chamada “PEC da Blindagem”, e o tema da anistia total voltou a dominar as conversas entre aliados de Bolsonaro.

Saúde fragilizada e rotina monitorada

Além das articulações políticas, Bolsonaro enfrenta problemas de saúde. Em outubro, ele precisou ser internado por dois dias em um hospital particular de Brasília, após sofrer crises de soluço e refluxo. O médico pessoal, Cláudio Birolini, afirmou que os episódios se agravam “quando ele fala por longos períodos”.

Segundo aliados, Bolsonaro tem usado seu estado clínico como argumento para permanecer em regime domiciliar e evitar uma eventual transferência para o Complexo Penitenciário da Papuda — uma hipótese que preocupa o entorno do ex-presidente.

Vida doméstica sob o comando de Michelle

A casa de Bolsonaro, que já foi cenário de transmissões ao vivo e encontros com pastores, hoje se assemelha a uma enfermaria. Receitas médicas e caixas de medicamentos se espalham pela sala, enquanto Michelle Bolsonaro organiza a rotina doméstica e cuida da alimentação e dos horários dos remédios do marido.

Boa parte do tempo é dedicada à televisão, em transmissões esportivas e programas de notícias. De acordo com pessoas próximas, Bolsonaro reage com frequência às matérias sobre sua condenação e sobre o futuro da direita brasileira, demonstrando preocupação com o cenário político de 2026.

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