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      Nova doutrina de guerra às drogas de Trump preocupa o governo brasileiro

      Ordem do presidente dos Estados Unidos para uso do Pentágono contra cartéis latino-americanos gera tensão diplomática

      O presidente dos EUA, Donald Trump - 22/07/2025 (Foto: REUTERS/Kent Nishimura)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O governo brasileiro foi surpreendido pela revelação do New York Times de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou ao Pentágono o uso das Forças Armadas contra cartéis latino-americanos de drogas, classificados por Washington como “organizações terroristas”. Desde que assumiu o cargo, Trump vem pressionando para que grupos do crime organizado, inclusive facções com base no Brasil, como o PCC e o Comando Vermelho, recebam essa classificação. Em maio deste ano, representantes americanos estiveram no Ministério da Justiça para tentar convencer Brasília, mas o governo brasileiro rejeitou a proposta — uma postura distinta da adotada durante a gestão Jair Bolsonaro, quando a ideia chegou a ser defendida pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

      Segundo o Valor Econômico, a escalada das tensões ocorre no mesmo momento em que o Departamento de Estado dos EUA intensifica ataques verbais contra autoridades brasileiras, ameaçando “aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas” para que não “apoiem nem facilitem sua conduta”. A declaração faz parte de uma série de comunicados que, na avaliação de diplomatas e militares, aprofundam o desgaste nas relações bilaterais, embora a cooperação militar formal entre Brasil e Estados Unidos, vigente desde os anos 1950, siga oficialmente preservada.

      No México, a presidente Claudia Sheinbaum repudiou a possibilidade de ação militar americana em território nacional. “Os Estados Unidos não virão para o México com seus militares. Nós cooperamos, colaboramos, não haverá qualquer invasão. Está completamente fora de questão”, afirmou. No Brasil, o comando das Forças Armadas ressalta que as operações conjuntas com os EUA continuam programadas, como o exercício previsto para outubro em Petrolina (PE), e considera que ameaças políticas, como as sanções e restrições de visto impostas a autoridades, não contaminam a relação técnico-operacional.

      A crise diplomática se agravou com a convocação, pelo Itamaraty, do encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos. O encontro, conduzido pelo secretário interino de Europa e Estados Unidos, Flavio Goldman, durou 15 minutos e reforçou a insatisfação brasileira diante das declarações americanas. Apesar da tensão, o gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, que recebeu Escobar no mesmo dia, afirma que a reunião tratou apenas de questões comerciais.

      Enquanto isso, vozes no governo pedem uma reação mais firme. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro por, segundo ele, atuarem contra os interesses do país em Washington. “Os governadores têm que começar a defender o interesse de seus Estados... É preciso uma ação coordenada dos governadores, dos empresários para inibir um crime de lesa-pátria que está sendo cometido diariamente nos jornais”, disse. Já o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, cobrou respeito à soberania brasileira e à diplomacia internacional.

      No cenário político interno, cresce a pressão para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronuncie em rede nacional, sinalizando uma postura unificada contra a ingerência externa e reafirmando a independência das instituições brasileiras.

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