Ordem de Trump para uso de força contra cartéis estrangeiros eleva tensão com México e Venezuela
Presidente dos EUA autoriza militares a atuarem no exterior contra organizações criminosas, aumentando pressão sobre Nicolás Maduro e Claudia Sheinbaum
247 – A ordem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que o Exército atue contra cartéis de drogas no exterior provocou forte reação no México e na Venezuela, acirrando tensões diplomáticas na América Latina. A informação foi revelada pelo The New York Times e repercutida pelo jornal El País, que destacou o impacto regional da medida.
O anúncio foi feito pelo próprio Trump, que afirmou: “Estamos jogando com mão dura. Em breve poderemos elaborar mais a respeito”. Segundo o Times, ainda não há detalhes sobre quando a ordem foi adotada nem se o Pentágono já recebeu instruções para operações específicas, embora autoridades militares estejam desenvolvendo planos nesse sentido.
Pressão sobre o México
A decisão obrigou a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, a se pronunciar rapidamente. “Os Estados Unidos não vão vir ao México com militares, não vai haver invasão”, afirmou em sua conferência matinal. Sheinbaum repete esse posicionamento desde fevereiro, quando Washington classificou seis cartéis mexicanos — Sinaloa, Jalisco Nueva Generación, Carteles Unidos, Noroeste, Golfo e La Nueva Familia Michoacana — e duas gangues internacionais, Tren de Aragua e Mara Salvatrucha, como organizações terroristas.
O governo mexicano, pressionado por vozes do Partido Republicano, tem buscado evidenciar seus resultados no combate ao narcotráfico. Em julho, Sheinbaum afirmou que o fluxo de fentanilo na fronteira norte caiu 50% e que 29 chefes do crime foram entregues aos EUA em fevereiro.
Venezuela no alvo de Washington
Na Venezuela, a medida foi recebida como ato de hostilidade. Desde sua primeira presidência, Trump acusa Nicolás Maduro de vínculos com o crime organizado, incluindo suposta colaboração com o Cartel de los Soles e com o Tren de Aragua. Agora, a recompensa pela captura de Maduro foi elevada de 15 para 50 milhões de dólares.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, reagiu dizendo que “estas desesperadas ofertas ao estilo de western hollywoodense representam um ato de ingerência” e declarou “alerta permanente para dissuadir e neutralizar qualquer ação contra a paz e a salvaguarda do território”.
O chavismo alega que rompeu com a DEA em 2005 por considerá-la instrumento de interferência externa, mas afirma ter intensificado operações antidrogas, incluindo a destruição de laboratórios e a derrubada de 312 aeronaves de narcotraficantes desde 2012.
Contexto político e histórico
A ofensiva de Trump ocorre em meio a sinais de desaceleração econômica nos EUA e à pressão por novas revelações no caso Jeffrey Epstein. A narrativa de combate “sem concessões” aos cartéis é antiga na ala mais radical do Partido Republicano e ganhou força desde 2023, quando outros líderes conservadores, como Ron DeSantis, também prometeram intervenções militares em território estrangeiro.
O histórico de acusações contra Maduro remonta ao governo de Hugo Chávez, quando os EUA já apontavam vínculos com as FARC e redes de tráfico. Mais recentemente, ex-altos funcionários chavistas como Hugo “El Pollo” Carvajal foram extraditados e condenados por narcotráfico e narcoterrorismo, reforçando o discurso de Washington.
A escalada coloca em rota de colisão o atual governo norte-americano com dois vizinhos estratégicos e abre um novo capítulo de tensão na política continental.
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