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      Trump avalia reclassificar maconha e reduzir restrições federais ao uso da cannabis nos EUA

      Presidente norte-americano mantém debate interno sobre mudança na lei, promessa de campanha que divide sua equipe e pode influenciar apoio político

      Cannabis (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a sinalizar interesse em flexibilizar as restrições federais sobre a maconha, retomando uma promessa feita durante sua campanha. Em reportagem publicada pela CNN, pessoas presentes em um jantar privado no clube de Trump em Bedminster, Nova Jersey, relataram que ele afirmou: “Precisamos olhar para isso. Isso é algo que vamos analisar”.

      Quase um ano antes, Trump havia defendido retirar a maconha da mesma classificação legal que drogas como a heroína, argumentando que adultos deveriam ter acesso seguro ao produto e que os estados deveriam ter mais liberdade para legalizar. Essa posição o diferenciou de muitos de seus antecessores republicanos e foi vista como um aceno a jovens, minorias e eleitores de perfil libertário. No entanto, sete meses após iniciar seu segundo mandato, a falta de ação concreta sobre o tema contrasta com a rapidez com que cumpriu outras promessas de campanha.

      Divisão interna na Casa Branca

      Segundo a CNN, assessores políticos próximos a Trump defendem que a reclassificação poderia impulsionar o apoio republicano antes das eleições legislativas. Já conselheiros de políticas públicas alertam que as implicações legais e morais podem superar os benefícios e até gerar efeito contrário. A porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson, afirmou que todas as consequências jurídicas e políticas estão sendo avaliadas, e que “o único interesse que guia a decisão do presidente é o que é melhor para o povo americano”.

      O CEO da Scotts Miracle-Gro, James Hagedorn, declarou à Fox Business que Trump já lhe garantiu “múltiplas vezes” que pretende mover a maconha para uma categoria menos restritiva. Hagedorn destacou que essa mudança seria o cumprimento de um compromisso assumido por Trump durante a campanha.

      Promessas de campanha e cenário legislativo

      Em setembro de 2024, Trump usou sua rede Truth Social para anunciar que votaria a favor da legalização da maconha recreativa na Flórida e que, como presidente, trabalharia para mover a droga da classificação federal Schedule 1 para Schedule 3. Hoje, a maconha é considerada substância sem uso médico aceito e com alto potencial de abuso. No Schedule 3, estaria junto de drogas com risco moderado ou baixo de dependência, permitindo mais pesquisas e reduzindo penalidades.

      O presidente Joe Biden havia iniciado, ainda em seu governo, o processo de reclassificação, com recomendação favorável do Departamento de Saúde. Mas o avanço parou com a saída de Biden, e uma audiência marcada para o dia seguinte à posse de Trump foi cancelada pela Agência de Combate às Drogas (DEA).

      Obstáculos e preocupações

      Internamente, a Casa Branca já reuniu um relatório com pareceres de diferentes agências sobre os impactos da mudança, incluindo o efeito na atuação policial. Um ponto sensível para Trump é a possibilidade de que a reclassificação limite o uso do cheiro de maconha como justificativa para abordagens e buscas — ferramenta frequentemente utilizada pelas forças de segurança, cuja atuação ele defende com ênfase.

      Embora tenha suavizado seu discurso sobre o uso da droga, Trump é abstêmio e carrega impressões marcadas pelo alcoolismo do irmão. Em 2018, chegou a afirmar que a maconha poderia causar “problema de QI” e aumentar acidentes, citando o Colorado como exemplo, sem apresentar evidências.

      Pressão política e opinião pública

      A pressão para que Trump cumpra a promessa vem também de setores da indústria e de aliados. O grupo American Rights and Reform PAC, ligado ao mercado de cannabis, financiou anúncios e doações milionárias para organizações alinhadas ao presidente. Personalidades como o podcaster Joe Rogan e o assessor Alex Bruesewitz defendem publicamente a mudança, considerando-a uma medida “óbvia” e com amplo apoio popular.

      Pesquisas do Pew Research Center indicam que 60% dos norte-americanos apoiam a legalização para uso recreativo, contra apenas 11% que se opõem a qualquer tipo de legalização. Analistas políticos próximos a Trump avaliam que um gesto concreto nessa pauta poderia recuperar apoio entre jovens, especialmente homens, grupo no qual o presidente estaria perdendo força.

      Se decidir agir, Trump poderá redesenhar décadas de política federal sobre a maconha, com impacto direto na economia, na pesquisa científica e no sistema de justiça dos Estados Unidos. Mas, até agora, a decisão final segue em suas mãos e cercada por intensos debates internos.

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