Trump avalia reclassificar maconha após pressão de empresas do setor, diz jornal

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estuda a possibilidade de reclassificar a maconha como substância menos perigosa, atendendo a pressões de lobistas da indústria da cannabis. A informação foi publicada pelo The Wall Street Journal neste sábado (9).

Segundo o jornal, o tema foi discutido durante um evento de arrecadação de fundos realizado no clube de golfe de Trump, em Nova Jersey, no qual cada participante pagou US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões) para participar. Entre os presentes, havia líderes da indústria da cannabis, executivos da Pfizer, representantes do mercado de criptomoedas e conselheiros políticos do presidente.

A possível reclassificação reduziria restrições para compra e venda, abriria espaço para benefícios fiscais e ampliaria pesquisas médicas sobre o uso da planta. Para o setor, trata-se de uma oportunidade de retomar a agenda iniciada no governo de Joe Biden, que tentou implementar a mudança, mas não concluiu antes do fim do mandato.

Apesar de não ser um defensor tradicional da maconha — Trump já relatou seu desconforto com o cheiro da planta e o impacto do vício de seu irmão — o presidente demonstra interesse em pautas com amplo apoio popular. Pesquisas indicam que cerca de 80% dos norte-americanos apoiam a reclassificação. No ano passado, Trump chegou a apoiar a legalização da maconha na Flórida, mas a proposta foi rejeitada por margem apertada em um plebiscito estadual.

A indústria da cannabis tem investido milhões de dólares para influenciar a decisão. Grupos de lobby vêm financiando campanhas e contratando especialistas para manter o diálogo com a Casa Branca. Por outro lado, setores contrários à medida também intensificam a pressão, alegando que a mudança não traria benefícios para jovens nem para o mercado de trabalho.

Se avançar, a reclassificação poderá marcar uma das maiores alterações na política de drogas dos Estados Unidos nas últimas décadas, com potencial de transformar o mercado e o debate político sobre a maconha no país.