Câmara pode votar projeto que autoriza venda de produtos à base de Cannabis
Proposta parada há quatro anos retoma debate sobre o uso medicinal da planta no Brasil
247 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), incluiu na pauta de votações da próxima semana o projeto que regulamenta a fabricação e comercialização de medicamentos e outros produtos derivados da Cannabis. O texto, que pode liberar o uso medicinal da planta no país, foi aprovado por uma comissão especial em 2021, mas está parado há quatro anos devido a um recurso apresentado por parlamentares contrários à proposta.
Segundo a Folha de S. Paulo, além do projeto sobre a maconha medicinal, Motta também pautou o pacote de segurança pública do governo Lula (PT), que inclui o chamado projeto antifacção e medidas para destinar parte da arrecadação de impostos sobre apostas esportivas à área de segurança. A semana legislativa será marcada por sessões virtuais, já que muitos deputados estarão fora de Brasília por causa da COP30, que acontece entre 10 e 21 de novembro, em Belém (PA).
Projeto sobre Cannabis medicinal volta ao centro do debate
O texto aprovado em comissão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de intensas discussões entre bancadas de direita e esquerda. Foram 17 votos favoráveis e 17 contrários, e o então presidente da comissão, deputado Luciano Ducci (PSB-PR), deu o voto de desempate que garantiu a aprovação. No entanto, o grupo contrário apresentou um recurso para impedir o envio direto do texto ao Senado, o que travou sua tramitação.
A proposta autoriza o cultivo de Cannabis no Brasil para fins medicinais e industriais, mediante autorização do poder público. As empresas interessadas deverão utilizar sementes certificadas e obedecer cotas de cultivo previamente estabelecidas. A produção será monitorada desde a semente até o processamento final, garantindo rastreabilidade e controle sanitário. Também será permitido o plantio para pesquisa científica, desde que cumpridas as exigências legais.
Apesar de estar na pauta, ainda não há confirmação de data para a votação do recurso que pode destravar o projeto. As sessões plenárias estão previstas para ocorrer de terça (11) a quinta-feira (13), mas o tema pode ser adiado novamente.
Segurança pública também domina a pauta
Entre os temas de maior impacto incluídos por Motta está o projeto de lei do governo federal que endurece o combate às facções criminosas. A proposta foi apresentada após a operação policial no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos, a maioria acusada de integrar o Comando Vermelho (CV).
O relator do texto, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), que atualmente ocupa a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), incluiu mudanças que classificam facções criminosas como grupos terroristas. A medida aumentaria a pena para até 40 anos de prisão.
A proposta gerou controvérsias entre especialistas e juristas, que alertam para possíveis riscos à soberania e à política externa do país, caso o Brasil passe a enquadrar esses grupos sob a legislação antiterrorismo.

