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      Mauro Vieira: não há negociação com EUA que envolva interferência judicial

      Chanceler reafirma soberania brasileira diante de tarifaço dos Estados Unidos e critica associação entre comércio e questões judiciais

      Mauro Vieira (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira (26) que o Brasil não aceitará qualquer tipo de negociação com os Estados Unidos que envolva ingerência em questões judiciais internas. A declaração foi dada durante o evento O Novo Cenário Global e o Papel do Setor Privado nas Relações Brasil-EUA, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A notícia foi publicada originalmente pela Agência Brasil.

      Segundo Vieira, a posição brasileira é clara: "Não há possibilidade de qualquer negociação entre os dois países que envolva interferência em termos judiciais. Seguiremos resistindo a essas pressões ao mesmo tempo em que insistiremos no respeito às nossas instituições e à nossa soberania".

      Tarifaço sem precedentes na relação Brasil-EUA

      A reação do chanceler se refere à tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre parte significativa dos produtos brasileiros. Vieira ressaltou que a medida nunca havia sido adotada nos 201 anos de relações comerciais entre os dois países e que a decisão está diretamente relacionada ao processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus principais assessores, acusados de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

      Para o ministro, trata-se de uma atitude de caráter político e inaceitável: "Essa questão configura tema interno e soberano do Brasil, conduzida no âmbito do poder judiciário e em reação a qual não há qualquer possibilidade de interferência da parte do poder executivo".

      Brasil busca alternativas diante das barreiras

      Mesmo diante das pressões, Vieira reforçou que o governo brasileiro não renunciará ao diálogo com Washington. Ao mesmo tempo, o país trabalha para diversificar parcerias e minimizar os efeitos do tarifaço. "Demos início a conversas com os demais países afetados pelas medidas tarifárias dos Estados Unidos. Com esse intuito, o presidente Lula manteve, apenas nas últimas duas semanas, contatos com líderes da Índia, da China, do México e da França, dentre outros países", destacou.

      Além disso, o chanceler apontou que o Brasil pretende avançar em discussões sobre uma reforma estrutural da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo ele, a ideia é promover "uma verdadeira refundação do organismo sob bases mais modernas e flexíveis".

      Separar comércio de política

      Mauro Vieira concluiu enfatizando a necessidade de separar questões comerciais de disputas políticas para evitar crises ainda mais profundas. "Na relação com os Estados Unidos, seguiremos insistindo na necessidade de separarmos questões comerciais das questões políticas. Esse é o único caminho possível para que a situação presente possa encontrar solução satisfatória", afirmou.

      Com isso, o governo brasileiro reafirma sua postura de resistência a qualquer tentativa de pressão externa sobre o Judiciário, ao mesmo tempo em que busca fortalecer sua presença em foros multilaterais e ampliar suas alianças estratégicas no cenário global.

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