Governo Trump afronta o Judiciário e a soberania brasileira, diz Gleisi

247 – A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu com indignação às sanções impostas pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi divulgada por meio de suas redes sociais. “Essa retaliação agressiva e mesquinha a uma decisão do Tribunal expõe o nível degradante da conspiração de Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro contra o nosso país”, afirmou Gleisi em uma contundente manifestação. 

A ministra criticou especialmente a decisão do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que anunciou a revogação dos vistos de entrada nos Estados Unidos de Alexandre de Moraes, seus familiares e de outros ministros da Suprema Corte brasileira.

Ataque ao STF e à soberania nacional

No comunicado, Marco Rubio justificou a medida alegando que o ministro Alexandre de Moraes estaria promovendo perseguição contra Jair Bolsonaro e praticando censura. “A política de caça às bruxas de Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura que viola os direitos dos brasileiros e também atinge os americanos. Ordenei a revogação dos vistos de Moraes, seus aliados na corte, e seus familiares, de forma imediata”, afirmou Rubio.

Até o momento, o Supremo Tribunal Federal não se pronunciou oficialmente sobre a sanção aplicada pelo governo norte-americano.

Gleisi Hoffmann destacou que a decisão do governo Trump representa uma afronta direta ao sistema judiciário do Brasil. “A revogação do visto de entrada nos EUA dos ministros do STF Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes é uma afronta ao Poder Judiciário brasileiro e à soberania nacional”, escreveu a ministra em sua conta no X (antigo Twitter).

Ela ainda enfatizou que, ao contrário do efeito pretendido, a medida fortalece o STF: “A Suprema Corte do Brasil se engrandece nesse momento, cumprindo o devido processo legal, defendendo a Constituição e o Direito, sem jamais terem se dobrado a sanções e ameaças de quem quer que seja. O Brasil está com a Justiça, não com os traidores. O Brasil é do povo brasileiro!”.

Conspiração internacional

A escalada da crise diplomática ocorre após a deflagração de mais uma operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro. Na manhã desta sexta-feira (18), a PF realizou buscas e apreensões, determinou a instalação de tornozeleira eletrônica e o recolhimento domiciliar noturno do ex-presidente, entre 19h e 6h.

As medidas cautelares foram adotadas no âmbito de um inquérito que investiga a atuação de Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, na articulação de pressões internacionais contra o governo brasileiro e o STF. De acordo com as investigações, Eduardo teria atuado junto ao governo Trump para tentar impedir o avanço do processo penal que apura a tentativa de golpe de Estado no Brasil.

Eduardo Bolsonaro, que desde março reside nos Estados Unidos após pedir licença do mandato parlamentar, alegou estar sendo perseguido politicamente. A licença termina no próximo domingo (20), em meio a um agravamento das tensões entre os dois países.

Repercussão internacional e crise institucional

A decisão do governo Trump de punir membros do Judiciário brasileiro já provoca forte repercussão internacional e é vista por analistas como uma grave ingerência em assuntos internos do Brasil. Parlamentares, juristas e integrantes do governo federal classificaram a medida como um atentado à soberania nacional.

A crise ocorre em um momento delicado para as relações bilaterais e escancara o alinhamento do bolsonarismo com setores radicais da política norte-americana. Gleisi Hoffmann concluiu sua manifestação enfatizando que o Brasil permanece firme na defesa do Estado democrático de direito: “Não se envergonham do vexame internacional que provocaram no desespero de escapar da Justiça e da punição pelos crimes que cometeram”.

A escalada dos conflitos promete se intensificar nos próximos dias, com desdobramentos que podem afetar a diplomacia brasileira e a estabilidade institucional no país.