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XP tenta conter crise com fundo de recuperação após perdas de investidores com seus COEs

Corretora busca reparar danos causados por produtos estruturados de alto risco com papéis da Ambipar, que foi vítima de fraude financeira

XP (Foto: Divulgação)

247 – A corretora XP (NasdaqGS:XP) anunciou a criação de um fundo de recuperação para compensar investidores que tiveram prejuízos com títulos relacionados à Ambipar, empresa brasileira do setor ambiental. 

A medida tenta conter os efeitos da desvalorização dos papéis e das críticas sobre a falta de transparência na venda de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vinculados à companhia. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (17) pelo portal Simply Wall St.

Reação a um problema criado dentro do próprio sistema da XP

Segundo a XP, o novo fundo será composto por títulos da Ambipar negociados com grande desconto, permitindo que investidores reinvistam parte de seus recursos para tentar recuperar perdas. Analistas, no entanto, veem a iniciativa como uma resposta reativa, voltada mais à contenção de danos à imagem da corretora do que à solução estrutural do problema.

O caso expôs riscos no modelo de distribuição da XP, que cresceu oferecendo produtos complexos e de alto risco a investidores de varejo, muitas vezes sem o perfil adequado. A crise também reabriu o debate sobre a responsabilidade das corretoras na intermediação de ativos financeiros, especialmente quando envolvem instrumentos estruturados e de baixa liquidez.

Ambipar foi vítima de fraude financeira

A Ambipar, reconhecida internacionalmente por suas operações no setor ambiental, foi vítima de uma fraude financeira ainda em apuração pelas autoridades. A empresa nega qualquer irregularidade e tem colaborado com as investigações. 

Apesar de sofrer os impactos reputacionais e de mercado da desvalorização dos títulos, a companhia mantém suas operações e busca reforçar a confiança dos investidores.

Transparência e ética no mercado financeiro

O episódio XP-Ambipar reacende a discussão sobre transparência, regulação e ética no mercado financeiro brasileiro. Especialistas defendem que as corretoras assumam responsabilidade maior sobre os produtos que oferecem e adotem políticas mais rigorosas de avaliação de risco.

A XP tenta agora preservar a confiança de seus clientes e investidores, mas o fundo de recuperação é visto por parte do mercado como uma solução paliativa diante de uma crise gerada por práticas de distribuição pouco prudentes — um alerta sobre os limites entre inovação financeira e a proteção do investidor.

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