XP é alvo de reclamações por perdas milionárias e liquidações forçadas de COEs
Investidores denunciam falhas de adequação de perfil e operações com alavancagem não informada; casos estão sob análise da CVM e do Ministério Público
247 – O mercado brasileiro de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) enfrenta sua pior crise de reputação desde que o produto se popularizou entre investidores de varejo. Segundo reportagem do Brazil Stock Guide, reclamações recentes contra a XP Investimentos apontam para a venda indevida de produtos de alto risco a clientes moderados, liquidações unilaterais e até operações alavancadas com empréstimos não revelados. Os casos expõem uma lacuna entre a complexidade dos COEs e o nível de conhecimento financeiro dos clientes que os adquiriram. Procurada, a XP não se manifestou.
A maioria das reclamações, publicadas no site de defesa do consumidor Reclame Aqui, tem como alvo a XP. Elas envolvem COEs atrelados a Ambipar (AMBP3), Braskem (BRKM5) e Casas Bahia (BHIA3). Investidores relatam perdas entre 80% e 94% após a corretora liquidar unilateralmente suas posições. Um cliente de São Leopoldo (RS) informou ter investido R$ 180 mil em COEs ligados à Ambipar, recebendo de volta apenas R$ 12 mil. Outro, em Campinas (SP), relatou prejuízo de R$ 267 mil e classificou a transação como “ofensa à poupança pública”, pedindo a intervenção do Ministério Público.
O caso mais emblemático envolve um investidor de São Paulo, com perfil moderado, orientado a aplicar R$ 100 mil em um COE vinculado à Ambipar, classificado internamente como “alto risco – nível 70”. “Confiei neles porque era a poupança de uma vida inteira. Agora fiquei com R$ 17.567. Ninguém me avisou sobre o risco real”, escreveu o cliente em sua queixa.
Documentos anexados à denúncia mostram que seu perfil (27 pontos) não permitia exposição acima do limite de 25 pontos, conforme o próprio sistema de risco da XP. Os títulos, com vencimento previsto para 2031, foram encerrados antecipadamente após cláusulas de knock-out serem acionadas, devolvendo entre 6,88% e 36% do capital investido.
Especialistas em direito financeiro ouvidos pelo Brazil Stock Guide afirmam que há indícios de violação de adequação (suitability), ou seja, produtos foram vendidos a clientes com tolerância a risco incompatível. “Quando um assessor recomenda COEs atrelados a dívidas corporativas de alto risco a investidores moderados, isso é uma falha fiduciária”, disse um advogado especializado em litígios financeiros. “A XP falhou em comunicar o risco de forma adequada e em supervisionar sua própria rede de assessores.” Leia a íntegra no Brazil Stock Guide.