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Ambipar reage e leva caso à polícia após suspeita de fraude de ex-diretor financeiro

Companhia apura irregularidades em contratos com Deutsche Bank e reforça que foi vítima de práticas lesivas que agravaram crise financeira

Ambipar (Foto: Ambipar)

247 — A Ambipar, referência nacional em soluções ambientais e sustentabilidade corporativa, abriu um inquérito policial contra seu ex-diretor financeiro e de relações com investidores, João Arruda, após uma investigação interna identificar graves indícios de fraude e manipulação de informações estratégicas. A medida, adotada em meio à crise financeira que pode levar a empresa a um pedido de recuperação judicial, marca uma tentativa da administração de responsabilizar individualmente o ex-executivo por práticas que, segundo a companhia, teriam contribuído diretamente para o desequilíbrio das finanças do grupo.

Segundo apuração interna, Arruda teria alterado e mascarado cláusulas contratuais em operações com o Deutsche Bank, omitindo aditivos e informações relevantes do conselho de administração e dos sócios-controladores. Os documentos e e-mails obtidos pela Ambipar indicam que os ajustes nos contratos de derivativos cambiais – que deveriam proteger a companhia da volatilidade do dólar – acabaram ampliando as perdas financeiras e comprometendo o caixa.

A empresa acusa formalmente o ex-CFO de fraude, abuso de gestão e estelionato. O inquérito, aberto em São Paulo, já reúne elementos considerados robustos pelos advogados da companhia. “A Ambipar foi vítima de atos deliberados que violaram a boa-fé e a governança corporativa, com impacto direto sobre sua saúde financeira”, afirma uma fonte próxima à direção.

Ambipar tenta conter danos e preservar operações

Mesmo diante de dívidas estimadas em até R$ 15 bilhões, a Ambipar busca preservar suas operações e assegurar a continuidade dos serviços ambientais prestados a grandes clientes no Brasil e no exterior. A companhia trabalha em um plano de reestruturação que poderá incluir o pedido de recuperação judicial, no Brasil e nos Estados Unidos, abrangendo credores internacionais.

A abertura do inquérito é vista internamente como um passo essencial para recuperar a credibilidade da empresa junto ao mercado e aos investidores. O grupo, comandado por Tercio Borlenghi Junior, reforça que todas as medidas cabíveis estão sendo adotadas para identificar responsabilidades e restaurar a transparência.

Defesa do ex-executivo e disputas paralelas

João Arruda nega as acusações e tenta se antecipar ao inquérito, alegando que os contratos teriam sido aprovados por outros diretores estatutários e que o CEO tinha conhecimento das operações. Ele também levou o caso à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em uma tentativa de apresentar sua versão dos fatos.

A empresa, no entanto, sustenta que as provas reunidas demonstram que as alterações contratuais foram ocultadas intencionalmente, sem ciência dos controladores. Essa conduta, segundo a Ambipar, rompeu protocolos de governança e gerou prejuízos bilionários, colocando em risco a integridade de todo o grupo econômico.

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