Raízen nega risco de recuperação e títulos voltam a subir
Mercado reage após tombo dos bonds e empresa reforça caixa robusto
247 - Depois da forte onda de vendas que atingiu os bonds da Raízen na semana passada, os papéis da companhia começaram a ensaiar uma recuperação nesta segunda-feira (14). Segundo o jornal Valor Econômico, que acompanhou o movimento do mercado, o sentimento ainda é de “ressaca” após a desvalorização vista entre quinta e sexta-feira, quando os títulos de dívida em dólar da empresa chegaram a cair para 65% do valor de face.
Os papéis com vencimento em 2054, que haviam despencado na sexta, voltaram a ser negociados em torno de 75% do valor de face. Já os títulos de prazo mais curto, com vencimento em 2032 e 2034, estavam na faixa de 80%. Apesar da leve recuperação, persiste a expectativa de que a companhia enfrente uma perda de rating no curto prazo, conforme destacado pelo Valor.
Raízen reforça posição financeira
Em resposta às especulações, a Raízen divulgou fato relevante na sexta-feira afirmando que não avalia qualquer medida de reestruturação de dívida, tampouco um “pedido de recuperação judicial ou extrajudicial”. A companhia destacou que mantém um caixa de R$ 15,7 bilhões e que vem implementando estratégias de “otimização do perfil de endividamento e estrutura de capital”.
Pressão no mercado de crédito
A situação da Raízen ocorre em meio a uma sequência de eventos que têm elevado a cautela dos investidores no mercado de dívida corporativa. Entre eles estão a medida cautelar da Ambipar contra credores e a possibilidade de reestruturação das dívidas da Braskem. Todas essas companhias possuem volume expressivo de bonds no Brasil e no exterior, o que amplifica o impacto sobre a confiança do mercado.
Analistas veem risco de restrição de liquidez
Relatório recente da Fitch Ratings alerta que a liquidez robusta observada no mercado de dívida local ao longo do último ano pode sofrer pressões diante desse cenário. A agência afirma que, caso a confiança dos investidores seja abalada, empresas brasileiras podem enfrentar condições mais restritivas para captação de recursos, situação semelhante à observada em 2023 após o colapso da Americanas.
O movimento em torno dos bonds da Raízen, portanto, tornou-se um termômetro do humor dos investidores em relação ao crédito corporativo brasileiro, em um momento de maior incerteza e instabilidade.


