Vice-presidente da Comissão Europeia diz que ações de Israel em Gaza "se assemelham a genocídio"

247 - Em declarações contundentes publicadas nesta quarta-feira (7), Teresa Ribera, vice-presidente executiva da Comissão Europeia, afirmou que os deslocamentos forçados e os assassinatos cometidos por Israel na Faixa de Gaza “são muito semelhantes a um genocídio”. A fala foi divulgada em entrevista ao site Politico.com e reproduzida por diversos meios de comunicação europeus.

“Se não for genocídio, está muito próximo da definição usada para expressar seu significado”, declarou Ribera, tornando-se a primeira alta autoridade da Comissão Europeia a empregar publicamente esse termo para descrever as ações de Israel em Gaza. Até o momento, a missão diplomática israelense junto à União Europeia não se pronunciou sobre as declarações. 

Ribera ocupa o segundo posto mais alto da Comissão Europeia, abaixo apenas da presidente Ursula von der Leyen. A sua fala representa um marco, pois explicita uma ruptura com a posição oficial mais cautelosa adotada até então pelo bloco europeu frente à guerra em curso. 

“O que estamos vendo é uma população específica que está sendo atacada, assassinada e condenada a morrer de fome”, disse a comissária, ao criticar com veemência a atuação militar de Israel na região palestina.

Na semana passada, a própria Comissão Europeia já havia responsabilizado Israel por violações dos direitos humanos em Gaza, mas sem usar o termo genocídio. Como medida concreta, o bloco sugeriu restringir o acesso de Israel ao Horizon Europe, seu principal programa de financiamento à pesquisa científica e tecnológica.

Israel tem reiteradamente rejeitado as acusações de genocídio. Inclusive, classificou como “ultrajantes” as denúncias apresentadas pela África do Sul junto ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem insistido na tese de que as ações militares são legítimas e visam à autodefesa. 

A declaração de Ribera, no entanto, evidencia crescentes fissuras dentro da própria União Europeia sobre a forma de lidar com a escalada da violência. Enquanto alguns governos mantêm apoio incondicional a Tel Aviv, setores crescentes da sociedade civil e do Parlamento Europeu têm cobrado posturas mais firmes em defesa do povo palestino. 

A fala da comissária pode pressionar outros líderes europeus a reverem suas posições e influenciarem futuras decisões do bloco, especialmente diante da catástrofe humanitária em curso e da crescente mobilização internacional em defesa dos direitos do povo palestino.