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      Governo genocida de Israel prepara plano de ocupação total da Faixa de Gaza

      Projeto prevê ofensiva de até cinco meses e deslocamento em massa de civis, enquanto líderes militares alertam para um “buraco negro” semelhante ao Vietnã

      Palestinos transportam suprimentos humanitários em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza - 20/07/2025 (Foto: REUTERS/Dawoud Abu Alkas)
      José Reinaldo avatar
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      247 - A possível aprovação, nesta quinta-feira (7), de um plano militar israelense para retomar amplas áreas da Faixa de Gaza tem gerado forte reação internacional e dividido as próprias lideranças civis e militares de Israel. Segundo informações divulgadas por The Times of Israel e outras mídias sionistas, o projeto prevê uma operação militar por etapas que podem durar até cinco meses, com o deslocamento forçado de cerca de um milhão de palestinos e a intensificação das ofensivas nas regiões da Cidade de Gaza e do centro da Faixa.

      A proposta — impulsionada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu — conta com respaldo do presidente dos EUA, Donald Trump, mas enfrenta resistência de generais de alto escalão. O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), general Eyal Zamir, advertiu que a ocupação total representaria um “buraco negro” militar e político, colocando em risco a vida dos reféns e arrastando Israel para uma guerra de longa duração, de natureza guerrilheira. “Ocupar a Faixa arrastaria Israel para um buraco negro — assumindo a responsabilidade por dois milhões de palestinos, exigindo uma operação de limpeza de anos, expondo os soldados à guerra de guerrilha e, mais perigosamente, colocando os reféns em risco”, disse Zamir, segundo o Canal 12.

      Na primeira fase da nova ofensiva, estima-se que Israel ordenará a evacuação da Cidade de Gaza, onde vivem aproximadamente 1 milhão de pessoas. O plano prevê empurrar essa população ainda mais para o sul da Faixa, rumo à chamada zona humanitária de Mawasi.

      Simultaneamente, os Estados Unidos anunciariam um pacote de “ajuda humanitária” coordenado com Israel. Segundo o embaixador norte-americano Mike Huckabee, o plano é multiplicar por três os centros de distribuição de ajuda já existentes, financiados por cerca de US$ 1 bilhão, com o objetivo declarado de evitar que os recursos caiam nas mãos do Hamas. “Quadruplicar em dois meses, se possível. É tudo uma questão de financiamento”, afirmou Huckabee à Bloomberg, sinalizando que o avanço da ajuda dependerá da capacidade das FDI de “limpar” as áreas visadas.

      Divisão interna nas forças armadas

      Relatos da imprensa israelense apontam que, além de Zamir, outros oficiais expressaram sérias reservas quanto à operação. Estimam-se “dezenas” de mortes de soldados israelenses e centenas de feridos, caso a campanha terrestre se concretize. Asor, chefe do Comando Sul, confirmou publicamente que há “desentendimentos” entre os comandos militares sobre o rumo da operação. 

      Uma alternativa discutida, mas rejeitada por Netanyahu, previa cercar a Cidade de Gaza e os campos centrais, limitar a entrada de ajuda e lançar ataques pontuais. O objetivo seria enfraquecer o Hamas de forma progressiva, sem ocupação total. Para Netanyahu, contudo, essa abordagem é insuficiente e lenta.

      Apoio de Trump e silêncio da Casa Branca

      O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou nesta semana que a decisão sobre a ocupação “é praticamente uma responsabilidade de Israel”, sinalizando que não pretende interferir nos desdobramentos.

      Apesar do apoio informal, o governo dos EUA já teria deixado claro que não apoia a anexação de partes de Gaza por Israel, segundo fontes citadas pela imprensa norte-americana.

      Egito denuncia “genocídio sistemático”

      A oposição ao plano também parte de atores regionais. O ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, criticou duramente a resposta internacional à situação em Gaza durante visita à Grécia, nesta quarta-feira. “A comunidade internacional deveria se envergonhar da trágica situação que se desenrola em Gaza e das ações devastadoras que estão sendo realizadas por Israel”, declarou.

      “O que está acontecendo é uma tragédia humana, e o sofrimento testemunhado é uma mancha na consciência da comunidade internacional”, afirmou Abdelatty, chamando a campanha militar israelense de “genocídio sistemático”.

      O Egito, junto com o Catar, tem pressionado por via diplomática, por meio dos EUA, para que Israel reconsidere o plano e retome as negociações para a libertação dos reféns. No entanto, autoridades israelenses ouvidas pela emissora Kan disseram que as chances de o Hamas voltar à mesa de negociações antes da ofensiva são “quase nulas”.

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