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Trump transforma memorial de Charlie Kirk em comício contra adversários políticos

Presidente dos Estados Unidos chamou Kirk de "mártir da liberdade americana" e atacou a esquerda durante cerimônia marcada por tom religioso e partidário

Trump no funeral de Charlie Kirk (Foto: Reuters)

247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou neste domingo (21) do memorial em homenagem ao ativista conservador Charlie Kirk, assassinado na semana passada em Utah. O evento, que lotou o State Farm Stadium, em Glendale, Arizona, reuniu mais de 60 mil pessoas e misturou a atmosfera de culto religioso com a de um comício do movimento "Make America Great Again" (MAGA). As informações são da agência Reuters.

Trump exaltou Kirk como um "mártir da liberdade americana" e prometeu levar adiante o legado do fundador da organização conservadora Turning Point USA. Em tom agressivo, culpou a esquerda pelo crime, embora não tenha apresentado provas. "A violência vem em grande parte da esquerda", declarou. Em contraste, outros oradores mantiveram um tom mais solene, evitando responsabilizar setores políticos pelo assassinato.

Tributo da família e perdão ao acusado

A viúva de Kirk, Erika, emocionou os presentes ao assumir publicamente o comando da Turning Point USA e declarar que o marido "deixou este mundo sem arrependimentos". Olhando para o alto, disse "eu te amo" antes de lembrar a dedicação de Kirk à família, ao cristianismo e ao ativismo.

Em um gesto que surpreendeu parte da plateia, Erika ofereceu perdão ao jovem de 22 anos acusado do assassinato, evocando o exemplo bíblico de Jesus Cristo: "Meu marido queria salvar jovens como aquele que tirou sua vida", afirmou, sob aplausos contidos da multidão. O casal deixa dois filhos pequenos.

Discursos políticos e o tom beligerante de Trump

Embora a maioria dos discursos tenha destacado a fé e a militância de Kirk, aliados políticos de Trump não pouparam declarações inflamadas. Stephen Miller, conselheiro da Casa Branca, afirmou: "Vocês não têm ideia do dragão que despertaram. Estamos determinados a salvar esta civilização, salvar o Ocidente, salvar a república".

O vice-presidente JD Vance também sublinhou o papel de Kirk na mobilização da juventude conservadora, afirmando que sua atuação foi crucial para a vitória eleitoral de Trump em 2024. "Nós não estaríamos aqui sem ele", disse.

Trump, no entanto, foi o mais contundente. Ao lembrar que Kirk costumava incentivar o debate com adversários em universidades, o presidente ironizou: "Ele não odiava seus opositores. Aí é onde eu discordava de Charlie. Eu odeio meus opositores".

Ambiente religioso e figuras de peso presentes

O memorial contou com apresentações de bandas cristãs e teve clima de megaculto, com fiéis chorando, cantando e erguendo os braços em oração. Entre os presentes estavam secretários de Estado e de Defesa, Marco Rubio e Pete Hegseth, além da diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard.

A presença de todo o alto escalão da Casa Branca, além de influenciadores conservadores como Jack Posobiec, evidenciou a relevância política de Kirk, morto aos 31 anos durante um evento estudantil em Utah.

Repercussões e medo de nova escalada de violência

O assassinato do líder conservador reacendeu temores sobre o aumento da violência política nos Estados Unidos. Grupos de direitos civis lembraram que Kirk, embora idolatrado por seus apoiadores como defensor da liberdade de expressão, era criticado por discursos considerados racistas, anti-imigrantes e misóginos.

Tulsi Gabbard associou o crime a um "padrão histórico de fanatismo político", advertindo: "Eles matam e aterrorizam seus oponentes, esperando silenciá-los. Mas, ao tentar calar Charlie, sua voz agora é mais forte do que nunca".

Apesar do tom solene da maioria, a postura de Trump deixou claro que ele pretende usar a morte de Kirk como catalisador político. Para críticos, isso apenas aprofunda as divisões partidárias e aumenta o risco de novos episódios de violência em um país já marcado por tensões extremas.

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