Assassinato de Kirk pode ter sido ação para iniciar perseguição à esquerda, diz Arbex
Analista compara o caso ao incêndio do Reichstag, critica reação do presidente Trump e aponta erosão do apoio a Israel entre jovens conservadores
247 – No programa Forças do Brasil, na TV 247, o jornalista e professor José Arbex Jr. disse que a reação imediata ao assassinato de Charlie (Charles) Kirk nos Estados Unidos lembra a exploração política do incêndio do Reichstag em 1933. A conversa foi ao ar com o título “Forças do Brasil — O incêndio do reichestrago, com José Arbex Jr 20.9.25”. Assista ao original neste link.
Logo no início, Arbex explica o neologismo “reichestrago”, um trocadilho com Reichstag, para descrever o que ele vê como tentativa de usar o crime como gatilho para ampliar a repressão política. “O Hitler aproveitou o incêndio do Restag […] para dizer que foi coisa de comunista”, afirmou, traçando o paralelo com a resposta inicial ao caso nos EUA: “Logo após o assassinato do Kirk, o Trump imediatamente acusou a esquerda, foi a extrema esquerda que fez isso”.
Os principais pontos da análise
- Acusação sem provas e narrativa que ruiu
Arbex sustenta que a versão lançada às pressas “não se sustentou”. Segundo ele, “ele [Trump] fez acusação sem ter a menor prova” e, à medida que novas informações surgiram sobre o suspeito, “deu tudo errado”. - Inconsistências operacionais e críticas à investigação
O jornalista questiona a cronologia do crime: “Não daria tempo dele atirar, desmontar, esconder o rifle e sair andando”. Ao mencionar a existência de “uma carta”, conclui: “a carta então piorou a situação”. - Rumores e impacto político internacional
No debate público, diz Arbex, “todo mundo […] começou a dizer que isso tinha cheiro de um assassinato cometido pelo Mossad”. Politicamente, ele destaca que “o Benjamin Netaniarro veio a público duas vezes […] para dizer que Israel não tinha nada a ver com isso”. - Virada de Kirk sobre Gaza e perda de base jovem
Arbex relaciona a inflexão do influenciador ao humor de sua audiência universitária: “A juventude não suportava mais ouvir que Israel tem direito de defender […]”. Ele ressalta um dado debatido no programa: “Apenas 25% dos jovens da base do partido republicano […] apoiam hoje Israel”. - Pressões de financiadores
Em relatos discutidos no programa, Arbex afirma que houve ameaças de retirada de financiamento: “ou você para com esse negócio […] ou o dinheiro que nós te damos vai secar”, envolvendo “o IPAC [AIPAC]” e “um bilionário sionista”. - Clima de intimidação e uso do aparato estatal
Arbex fala em “um clima de terror” e critica a forma como regras de radiodifusão e agências federais vêm sendo utilizadas, sob o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, para perseguir críticos. - Tabuleiro externo em ebulição
Na leitura de Arbex, episódios recentes no Oriente Médio — citando Qatar, Arábia Saudita e Paquistão — indicam limites ao consenso pró-Israel e risco de escalada regional.
“Em vez de produzir aquela onda antiesquerda que o Trump queria, ele produziu uma catástrofe”
“O nome é reichestrago”
Contexto histórico e o paralelo com 1933
Arbex invoca o incêndio do Reichstag como prisma histórico para compreender eventos-limite usados para restringir liberdades, criminalizar opositores e concentrar poderes. Para ele, a tentativa de converter o caso Kirk em licença para perseguir a esquerda teria falhado, ao mesmo tempo em que acentuou a divisão no campo conservador e expos o desgaste do alinhamento automático com Israel.