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      Trump processa Wall Street Journal por reportagem sobre Epstein e pede US$ 10 bilhões

      Presidente dos Estados Unidos nega carta de aniversário a Epstein e acusa jornal de difamação, enquanto Justiça americana avança para divulgar documentos

      Jeffrey Epstein (Foto: New York State Division of Criminal Justice Services/Handout via Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou com um processo bilionário contra o Wall Street Journal e seus proprietários, incluindo Rupert Murdoch. A informação foi publicada originalmente pela agência Reuters nesta sexta-feira (19). O mandatário americano pede ao menos US$ 10 bilhões de indenização após o jornal divulgar reportagem afirmando que seu nome estava em um livro de aniversário de Jeffrey Epstein, contendo uma suposta carta com desenhos sexualmente sugestivos e referências a “segredos compartilhados”.

      A ação foi registrada na Justiça Federal em Miami e tem como alvos Murdoch, a empresa Dow Jones, a controladora News Corp e seu CEO, Robert Thomson, além de dois jornalistas do periódico. O presidente norte-americano alega que a publicação causou “danos financeiros e reputacionais esmagadores”. Epstein, conhecido financista envolvido em crimes sexuais, morreu em 2019 em uma prisão de Nova York.

      Trump nega qualquer vínculo recente com Epstein

      Trump rejeitou veementemente as acusações da reportagem, que não teve seu conteúdo verificado pela Reuters, e anunciou previamente que processaria o grupo de mídia. “Acabamos de apresentar uma AÇÃO PODEROSA contra todos os envolvidos na publicação do artigo falso, malicioso, difamatório e FAKE NEWS na inútil ‘tralha’ que é o Wall Street Journal”, escreveu o presidente em sua rede social Truth Social. Ele acrescentou: “Espero que Rupert e seus ‘amigos’ estejam ansiosos pelas muitas horas de depoimentos e testemunhos que terão de prestar neste caso”.

      Por outro lado, a Dow Jones, responsável pelo jornal, declarou em comunicado que mantém “total confiança no rigor e na precisão de nosso jornalismo, e defenderemos vigorosamente contra qualquer ação judicial”.

      Os advogados de Trump afirmam no processo que a reportagem carece de provas concretas. “Significativamente, o artigo não esclarece se os réus possuem uma cópia da carta, se a viram, se a descreveram a eles, ou qualquer outra circunstância que daria credibilidade ao conteúdo”, argumenta a ação.

      Para vencer a ação de difamação, Trump precisará demonstrar que os réus agiram com “má-fé deliberada”, ou seja, que sabiam da falsidade do conteúdo ou ignoraram sua veracidade de forma irresponsável. Especialistas jurídicos ouvidos pela Reuters consideram improvável que o montante pleiteado seja concedido. “Dez bilhões de dólares é um valor ridiculamente alto”, comentou Jesse Gessin, advogado especializado em casos de difamação, destacando que seria a maior indenização já concedida nos Estados Unidos.

      Escândalo Epstein continua assombrando a Casa Branca

      O caso Epstein segue provocando turbulências no governo americano. No início de julho, o Departamento de Justiça divulgou um memorando concluindo que não há provas de conspiração envolvendo clientes poderosos de Epstein, contrariando as expectativas de parte da base trumpista. O documento afirma que Epstein se suicidou e que não existem listas de clientes ou materiais comprometedores.

      Diante da pressão crescente, Trump anunciou que ordenou à procuradora-geral Pam Bondi que solicitasse à Justiça a liberação dos depoimentos do grande júri sobre Epstein. Na sexta-feira, o governo formalizou pedido na Justiça Federal de Manhattan para tornar públicos os registros do grande júri dos casos de Epstein e da ex-associada Ghislaine Maxwell, condenada em 2021 por facilitar abusos sexuais cometidos pelo financista.

      “Autoridades públicas, legisladores, comentaristas e cidadãos comuns continuam profundamente interessados e preocupados com o caso Epstein”, disse o vice-procurador-geral Todd Blanche ao justificar o pedido. Ele assegurou que informações que possam identificar vítimas serão preservadas.

      No entanto, a liberação desses documentos pode ficar aquém das expectativas dos apoiadores de Trump, muitos dos quais desejam acesso a arquivos mais abrangentes, sob controle da administração presidencial.

      O conteúdo da carta sob contestação

      O Wall Street Journal relatou que a suposta carta com o nome de Trump integrava um livro encadernado em couro, repleto de mensagens de figuras de alto escalão para Epstein. Segundo o jornal, a carta teria linhas de texto digitadas emolduradas pelo desenho de uma mulher nua e finalizava com a frase: “Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso”, assinada por “Donald”.

      À época em que o livro teria sido produzido, em 2003, Epstein já enfrentava denúncias públicas, culminando em sua primeira prisão em 2006, seguida de acordo judicial. Trump, que já havia sido fotografado ao lado de Epstein em ocasiões sociais nas décadas de 1990 e 2000, declarou em 2019: “Conhecia Jeff como todo mundo em Palm Beach conhecia. Tivemos um desentendimento e eu não falava com ele há 15 anos. Nunca fui fã dele, posso garantir isso.”

      Um processo com repercussões históricas

      O valor astronômico da ação de Trump chama atenção por superar amplamente casos recentes de difamação. Entre os maiores registros estão a condenação do conspiracionista Alex Jones, no valor de US$ 1,5 bilhão, e o acordo da Fox News com a Dominion Voting Systems, por US$ 787,5 milhões.

      A disputa judicial contra o Wall Street Journal promete movimentar o debate sobre liberdade de imprensa e o poder das plataformas jornalísticas no atual cenário político dos Estados Unidos, com a perspectiva de Trump buscar reparação recorde contra um dos grupos midiáticos mais tradicionais do mundo.

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