HOME > Mundo

Trump pressiona Netanyahu por acordo de paz em Gaza em meio a crescente isolamento de Israel

Presidente dos Estados Unidos tenta avançar com proposta para encerrar genocídio em Gaza e ampliar negociação para paz no Oriente Médio

Donald Trump e Benjamin Netanyahu na Casa Branca, Washington, D.C., EUA - 07/04/2025 (Foto: REUTERS/Kevin Mohatt)

247 – Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, receberá nesta segunda-feira (29) o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na Casa Branca, em Washington. A reunião acontece em um momento de crescente isolamento internacional de Israel, enquanto países europeus e aliados históricos de Washington, como Reino Unido, França, Canadá e Austrália, anunciaram o reconhecimento do Estado da Palestina. A informação é da agência Reuters, que detalhou a iniciativa norte-americana de propor um acordo de paz para Gaza e para toda a região do Oriente Médio.

Segundo Trump, o objetivo é obter um compromisso de Netanyahu com um quadro de negociação que permita encerrar a guerra contra o Hamas e o genocídio em Gaza, libertar reféns e abrir espaço para um processo mais amplo de paz regional. “Estamos recebendo uma resposta muito boa porque Bibi também quer fazer o acordo. Todo mundo quer fazer o acordo”, afirmou o presidente em entrevista telefônica à Reuters no domingo.

Pressão internacional e críticas de Netanyahu

A visita de Netanyahu a Washington é a quarta desde que Trump voltou ao poder em janeiro de 2025. O primeiro-ministro israelense chega aos Estados Unidos sob forte pressão, depois de ter enfrentado um protesto diplomático na ONU, onde delegações abandonaram seu discurso em protesto contra a ofensiva em Gaza.

Netanyahu classificou como “decisão vergonhosa” o reconhecimento da Palestina por parte de aliados ocidentais, afirmando que tal medida premia o Hamas. Em resposta, líderes europeus disseram que o reconhecimento é essencial para preservar a perspectiva de uma solução de dois Estados e para pôr fim à guerra, que já se estende por quase dois anos.

Proposta americana e apoio regional

A Reuters informou que a Casa Branca circulou um plano de 21 pontos entre países árabes e muçulmanos durante a Assembleia Geral da ONU. O documento prevê a libertação de todos os reféns — vivos ou mortos —, a suspensão de ataques israelenses contra o Catar e a abertura de um diálogo entre israelenses e palestinos para alcançar a “convivência pacífica”.

Trump destacou que líderes de Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Egito têm contribuído para viabilizar a proposta. “É chamado de paz no Oriente Médio, mais do que Gaza. Gaza é parte disso. Mas é paz no Oriente Médio”, disse.

Um alto funcionário israelense, ouvido pela agência, declarou que “ainda é cedo para dizer” se já existe um acordo. Netanyahu deverá apresentar a resposta oficial de Israel durante o encontro com Trump.

Guerra em Gaza e crimes de guerra

Desde os ataques de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel, a ofensiva militar israelense deixou mais de 65 mil mortos em Gaza, segundo autoridades locais de saúde. O território está em ruínas, com crise humanitária e fome em expansão.

O Tribunal Penal Internacional emitiu mandado de prisão contra Netanyahu por supostos crimes de guerra. O governo israelense rejeita a jurisdição da corte e nega as acusações.

Tensões possíveis no encontro

Apesar da parceria estreita entre Trump e Netanyahu, que se reflete no fornecimento contínuo de armas dos Estados Unidos a Israel, analistas apontam que a reunião pode trazer tensões. Ministros da ala mais radical do governo israelense defendem que, diante do reconhecimento internacional da Palestina, Israel deveria anexar formalmente partes da Cisjordânia, medida que Trump já rejeitou publicamente.

Na última semana, o presidente norte-americano declarou que não permitirá a anexação da Cisjordânia, território reivindicado pelos palestinos para formar seu futuro Estado, ao lado de Gaza e Jerusalém Oriental. Especialistas alertam que uma anexação israelense poderia desmoronar os Acordos de Abraão, costurados durante o primeiro mandato de Trump, que permitiram a normalização de relações diplomáticas de Israel com vários países árabes.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...