TV 247 logo
      HOME > Mundo

      Trump amplia uso de tarifas para atingir objetivos de segurança nacional

      Documentos revelam que o presidente dos EUA tem usado negociações comerciais para impor demandas militares, energéticas e ambientais a aliados e rivais

      O presidente dos EUA, Donald Trump, segura um documento sobre "Barreiras ao Comércio Exterior" enquanto faz comentários sobre tarifas no Rose Garden, na Casa Branca, em Washington, DC, EUA, em 2 de abril de 2025 (Foto: REUTERS/Carlos Barria)
      Redação Brasil 247 avatar
      Conteúdo postado por:

      247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem expandido de forma agressiva o uso de tarifas comerciais como instrumento de política externa e segurança nacional, segundo documentos internos obtidos pelo The Washington Post. As informações mostram que, além de buscar reduzir o déficit comercial norte-americano, sua administração tem condicionado acordos comerciais a exigências militares, diplomáticas e até ambientais, beneficiando também empresas específicas.

      De acordo com a reportagem do Washington Post, autoridades do Departamento de Estado chegaram a considerar pressionar parceiros comerciais a votarem contra um pacto global de redução das emissões de gases de efeito estufa por navios cargueiros. A medida, que envolveria países como Singapura, teria sido inserida diretamente nas negociações comerciais bilaterais.

      Pressões ligadas a aliados e rivais estratégicos

      Os documentos mostram que, em abril, após suspender temporariamente suas tarifas “recíprocas” para permitir negociações, Trump orientou assessores a usar os acordos para fortalecer a presença militar dos EUA em regiões próximas à China, incentivando a compra de equipamentos bélicos e a realização de visitas navais.

      As exigências incluíam, por exemplo, que Israel encerrasse o controle de uma empresa chinesa sobre um porto estratégico em Haifa, e que a Coreia do Sul apoiasse publicamente o deslocamento de tropas americanas para conter a China e a Coreia do Norte, além de elevar seus gastos militares de 2,6% para 3,8% do PIB.

      Wendy Cutler, ex-negociadora comercial dos EUA, afirmou: “Esta é a primeira vez que vejo esse tipo de solicitação em um acordo comercial. Quando você está à mesa de negociações, não é disso que se fala”.

      Ameaças de tarifas como ferramenta de coerção

      Trump também ameaçou impor tarifas de 50% sobre produtos da Índia para forçar o país a interromper a compra de petróleo russo e, no mês passado, fez a mesma ameaça ao Brasil, caso o governo não encerrasse o processo contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Em janeiro, ameaçou a Colômbia com tarifas similares até obter a aceitação de deportados.

      Segundo Phil Luck, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, essa estratégia explica por que muitos países evitaram retaliar com tarifas próprias: “Eles não acham que é apenas competição econômica. Têm medo de que possamos ir além e mudar posicionamentos militares”.

      Contenção da influência chinesa e interesses corporativos

      Parte das exigências mirava diretamente a presença chinesa em portos e instalações estratégicas, como em Darwin, na Austrália, e na base naval de Ream, no Camboja. Em alguns casos, Washington solicitou estudos para remover equipamentos de telecomunicação de empresas chinesas como Huawei e ZTE, e até supervisão de instalações espaciais na Argentina para garantir uso civil.

      Os documentos revelam ainda demandas para beneficiar empresas como a Chevron, impedindo que Israel a obrigasse a vender ativos de gás natural, e a Starlink, de Elon Musk, com pedidos para eliminar barreiras legais em países como Lesoto.

      A Chevron declarou: “Conversamos regularmente com autoridades e partes interessadas, focando nos benefícios que acreditamos levar às comunidades onde atuamos”.

      Disputa ambiental na rota comercial

      Um dos pontos mais recentes envolve a tentativa do governo Trump de barrar um acordo internacional da Organização Marítima Internacional (IMO) para reduzir emissões de navios cargueiros, classificado como “imposto global sobre carbono” em memorando interno. O documento instruía que países interessados em acordos comerciais com os EUA deveriam votar contra a proposta na reunião de outubro.

      Ao ser questionado, o Departamento de Estado disse apenas: “Não comentamos documentos supostamente vazados. Mas esperamos contar a história de como o governo Trump está usando negociações comerciais recíprocas para beneficiar e lutar pelo povo americano”.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...