Senado dos EUA aprova acordo e põe fim ao shutdown
Texto segue para a Câmara e congela demissões no funcionalismo até 30 de janeiro, enquanto subsídios de saúde seguem sem garantia
247 - O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira (10) um acordo bipartidário para reabrir o governo federal, encerrando o mais longo shutdown da história do país. A medida passou por 60 votos a 40, com apoio da maioria republicana e de oito democratas, e libera recursos para agências paralisadas desde 1º de outubro, além de impedir quaisquer demissões no funcionalismo até 30 de janeiro de 2026. O pacote mantém o governo financiado até 30 de janeiro e deixa em aberto a disputa sobre os subsídios de saúde que beneficiam 24 milhões de pessoas.
Segundo a agência Reuters, o texto agora segue para a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos. O presidente da Casa, Mike Johnson, sinalizou intenção de votar a proposta já nesta quarta-feira (12) e remetê-la ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que classificou o acordo de reabertura como “muito bom".
A votação expôs fraturas entre democratas: parte da bancada tentou atrelar a liberação de verbas à prorrogação dos subsídios de saúde que expiram no fim do ano, mas saiu derrotada. O compromisso apenas marca uma nova votação sobre o tema em dezembro, sem garantia de continuidade dos benefícios. Em meio ao impasse, o acordo garante o financiamento do SNAP, programa de subsídio alimentar, até 30 de setembro do ano que vem, afastando risco de interrupções mesmo se houver novo shutdown no período.
O pacote também congela, até 30 de janeiro, a campanha de Trump para enxugar a força de trabalho federal, o que na prática bloqueia demissões no curto prazo. Não há, contudo, salvaguardas explícitas para impedir futuros cortes unilaterais de gastos pelo Executivo. De acordo com projeções citadas no texto, a extensão do financiamento mantém o governo no trilho de adicionar cerca de US$ 1,8 trilhão por ano à dívida pública, hoje na casa de US$ 38 trilhões.
A longa paralisação já havia provocado atraso no pagamento de centenas de milhares de servidores, atrasos no tráfego aéreo e risco à distribuição de benefícios alimentares a milhões de famílias. "Gostaríamos de ter feito mais", afirmou o senador Dick Durbin, número dois dos democratas no Senado. "A paralisação do governo parecia ser uma oportunidade para nos levar a políticas melhores. Não funcionou". As declarações refletem a frustração de parte do partido com a falta de garantias para a política de saúde.
O desgaste político também é mensurável. Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada no fim de outubro apontou que 50% dos norte-americanos responsabilizaram os republicanos pelo shutdown, enquanto 43% culparam os democratas. O mercado acionário reagiu positivamente às notícias de progresso no acordo.
Com a aprovação no Senado, o foco se volta à Câmara. Se a liderança republicana cumprir o calendário prometido, o projeto pode chegar rapidamente à mesa de Trump, para sanção, consolidando a reabertura do governo e adiando para dezembro a batalha central sobre os subsídios de saúde e, para janeiro, a definição do rumo do funcionalismo federal.


