Rússia acusa EUA de avançar militarmente em direção às suas fronteiras
Moscou denuncia ameaça direta à sua segurança e diz que resposta russa é proporcional às ações da OTAN
247 - A Rússia voltou a elevar o tom contra os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), acusando-os de intensificar a presença militar próxima às suas fronteiras. Segundo reportagem da TASS, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, declarou que os sistemas militares norte-americanos estão sendo posicionados em áreas estratégicas que representam “um impacto direto na segurança da Rússia”, o que, na visão de Moscou, exige medidas de retaliação.
Ryabkov afirmou que a movimentação de tropas e equipamentos militares por parte de Washington e seus aliados atlânticos força a Rússia a rever antigos compromissos, incluindo a suspensão da moratória sobre o Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa. “Tudo o que Moscou faz em termos de implantação de armas é uma reação às ações dos americanos e seus aliados”, disse o vice-ministro.
O diplomata ressaltou que o objetivo do Kremlin é “esfriar os ânimos exaltados nos países da OTAN” diante da escalada militar, abandonando compromissos que considera desequilibrados em um cenário de crescente pressão ocidental.
Embora não tenha dado detalhes, Ryabkov mencionou que a Rússia dispõe de armamentos de última geração além dos já conhecidos complexos hipersônicos Oreshnik, sinalizando que o país mantém um arsenal moderno e diversificado capaz de responder a qualquer ameaça.
O vice-ministro foi categórico ao afirmar que, no atual contexto, não é apropriado falar em distensão entre Moscou e Washington. “Na realidade atual, não é apropriado usar o termo distensão para descrever as relações bilaterais”, declarou. Para ele, o mais urgente é haver “vontade política para baixar a temperatura nas relações internacionais”.
Apesar do tom crítico, Ryabkov admitiu que percebe “os primeiros sinais de bom senso” no diálogo entre os dois países após anos de deterioração diplomática. Ainda assim, alertou que “o risco de um conflito nuclear no mundo não está diminuindo”, e manifestou preocupação com a possibilidade de o controle sobre arsenais estratégicos desaparecer por completo quando expirar o Novo Tratado START, que limita o número de ogivas nucleares e lançadores estratégicos de Rússia e Estados Unidos.
As declarações reforçam o clima de desconfiança mútua e ocorrem em um momento em que, segundo autoridades norte-americanas, há discussões sobre um eventual acordo para encerrar o conflito na Ucrânia com base na atual linha de contato — proposta recentemente mencionada pelo senador republicano J.D. Vance, aliado do presidente dos EUA, Donald Trump.
Contexto histórico
O Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa (FACE) foi assinado em 1990, no final da Guerra Fria, com o objetivo de reduzir e equilibrar as forças convencionais entre a OTAN e o então Pacto de Varsóvia, prevenindo ofensivas militares em larga escala no continente. A Rússia suspendeu sua participação no acordo em 2007, alegando que a ampliação da OTAN para o leste violava o espírito do tratado.
Já o Novo Tratado START, firmado em 2010 e renovado até 2026, é atualmente o último grande pacto de controle de armas nucleares entre Moscou e Washington. Ele impõe limites ao número de ogivas estratégicas e aos sistemas de lançamento intercontinentais de ambos os países. Especialistas alertam que, caso expire sem renovação ou substituto, o mundo poderá entrar em um período sem mecanismos formais de limitação nuclear pela primeira vez em mais de meio século — aumentando o risco de conftrontação.
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