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      Resistência dos EUA a políticas raciais complica acordo comercial, diz África do Sul

      O Ministério do Comércio do país disse nesta terça-feira que ainda esperava chegar a um acordo com os EUA

      Contêineres são movidos de vagões ferroviários no Terminal de Contêineres do porto de Durban 10/04/2025 (Foto: REUTERS/Rogan Ward)
      Bianca Penteado avatar
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      JOHANNESBURGO (Reuters) - Um importante diplomata sul-africano disse nesta terça-feira que as exigências dos Estados Unidos sobre políticas de ação afirmativa internas estavam complicando os esforços por um acordo comercial, dias antes da entrada em vigor de uma tarifa de 30% sobre as exportações sul-africanas para os EUA.

      A África do Sul vem tentando, há meses, persuadir o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a reduzir a tarifa ou isentar os principais setores para evitar dezenas de milhares de possíveis perdas de empregos, mas tem sofrido para progredir, mesmo quando outros países, como o Japão e a União Europeia, fecharam acordos.

      As relações diplomáticas entre os dois países foram prejudicadas pelas políticas de Empoderamento Econômico dos Negros (BEE, em inglês) da África do Sul para lidar com o legado de séculos de desigualdade racial e seu caso de genocídio contra Israel no Tribunal Mundial, ao qual Israel e os EUA se opõem veementemente.

      Zane Dangor, diretor-geral do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação, disse em um seminário em Johannesburgo que seus homólogos dos EUA haviam deixado claro nas reuniões "que há certas coisas que eles esperam da África do Sul, e a BEE estava no topo da agenda".

      Ele não especificou o que os EUA estavam exigindo. As leis BEE do país, criticadas por Trump, oferecem incentivos para que as empresas contratem e promovam pessoas negras e, em alguns casos, exigem uma determinada porcentagem de acionistas negros para a obtenção de licenças.

      "Claramente, acho que o que nos preocupa é exigir de nós a redução da soberania em determinadas questões para obter esse acordo (comercial)", disse Dangor, acrescentando que não poderia entrar em detalhes devido a um acordo de confidencialidade.

      O Escritório do Representante Comercial dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

      O Ministério do Comércio da África do Sul disse nesta terça-feira que ainda esperava chegar a um acordo com os EUA.

      Mas disse que ainda não havia recebido uma resposta firme a uma oferta de compra de gás natural liquefeito dos EUA, simplificando as regras para as importações de aves norte-americanas e investindo US$3,3 bilhões em indústrias dos EUA, como a mineração.

      A África do Sul também quer isentar certos setores de tarifas, como a construção naval e o comércio agrícola contra-sazonal, informou o Ministério do Comércio.

      Os EUA são o segundo maior parceiro comercial bilateral da África do Sul, depois da China. O governador do Banco Central da África do Sul disse que a tarifa proposta poderia causar perdas de cerca de 100.000 empregos, sendo os setores agrícola e automotivo os mais atingidos.

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