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      Putin e Trump reescrevem as regras da geopolítica em encontro histórico no Alasca

      Cúpula abre caminho para negociações de paz na Ucrânia e pode redefinir a ordem mundial com novo eixo entre Rússia e Estados Unidos

      Vladimir Putin e Donald Trump - 15/08/2025 (Foto: Reuters)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O encontro entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado em Anchorage, no Alasca, foi descrito como um sucesso absoluto e um marco histórico nas relações internacionais. A avaliação é de Dmitry Suslov, vice-diretor de pesquisa do Conselho Russo de Política Externa e de Defesa, em entrevista à agência Sputnik International (leia aqui).

      Segundo Suslov, a cúpula não apenas reaqueceu os canais de diálogo entre Washington e Moscou, mas também lançou bases concretas para uma possível solução negociada do conflito na Ucrânia, além de abrir perspectivas para cooperação em diversas áreas estratégicas.

      Três razões que tornam a cúpula decisiva

      O analista destacou três pontos principais que tornam o encontro no Alasca um divisor de águas:

      1.  Normalização ampla das relações – o encontro “deu impulso” à reaproximação entre Rússia e Estados Unidos em todos os fronts, indo da questão ucraniana ao controle de armas e à cooperação econômica.
      2.  Sinalização de negociações de paz reais – de acordo com Suslov, os contatos imediatos de Trump com Volodymyr Zelensky e líderes europeus indicam que “foram conduzidas negociações sobre condições específicas para um acordo de paz final”, rompendo com a exigência de um cessar-fogo prévio, defendida até agora por Bruxelas e Kiev.
      3.  Contribuição para a ordem mundial do pós-guerra – a reunião foi “histórica”, porque “fez uma grande contribuição para lançar as bases da ordem mundial futura, uma ordem pós-guerra. O conflito ucraniano é, acima de tudo, o maior e mais severo conflito militar das últimas décadas, e a expressão concentrada da guerra híbrida travada pelo Ocidente contra a Rússia”.

      Europa e Zelensky diante da encruzilhada

      Para Suslov, agora cabe à Europa e ao presidente ucraniano decidir se aceitam os termos delineados por Putin e Trump. “Se eles categoricamente recusarem, os Estados Unidos provavelmente suspenderão totalmente a transferência de inteligência e a entrega de armas e equipamentos militares para a Ucrânia”, afirmou. Essa decisão enfraqueceria de forma “radical” a posição ucraniana no campo de batalha e aceleraria a vitória russa.

      O especialista alertou ainda que o “partido da guerra” em Washington e Bruxelas tentará pressionar Trump a abandonar o que foi acordado, mas avaliou que o presidente norte-americano “não sucumbirá a tais provocações”, já que está mais forte politicamente do que em seu primeiro mandato.

      O fator Trump e a ofensiva contra os democratas

      Suslov ressaltou que a atual administração Trump não está mais na defensiva em relação ao chamado “Russiagate”. Pelo contrário, agora é capaz de acusar os democratas de conluio e falsificação nas eleições de 2016, o que fortalece a posição do republicano para resistir às pressões do establishment político e midiático.

      “Trump pode resistir à pressão que será agora exercida sobre ele pela Europa, pelo Estado profundo americano e pelo partido da guerra americano, incluindo figuras como o senador Graham”, acrescentou.

      Detalhes simbólicos e contraste com Biden

      Além das questões de fundo, Suslov destacou também a simbologia do encontro. Desde a recepção calorosa de Trump a Putin na pista do aeroporto, passando pelo sobrevoo da aviação norte-americana, até a cena de ambos dividindo o mesmo carro a caminho da cúpula, todos os gestos demonstraram respeito e proximidade pessoal.

      Essa atmosfera, marcada por cordialidade e simpatia mútua, “contrasta fortemente com o tom da administração Biden”, observou o analista. Para ele, essa mudança de postura é um sinal claro de que os Estados Unidos, sob Trump, buscam um diálogo mais direto e equilibrado com Moscou.

      Um novo capítulo da geopolítica mundial

      A reunião no Alasca pode representar mais do que um avanço nas negociações de paz na Ucrânia: ela sinaliza uma mudança estrutural nas relações de poder globais. O fortalecimento do canal direto entre Rússia e Estados Unidos, segundo Suslov, mostra que as grandes potências estão dispostas a reescrever as regras da política internacional, substituindo a lógica de confrontação pela busca de um novo equilíbrio.

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