Putin anuncia expansão da cooperação nuclear da Rússia com o BRICS
O presidente do país euroasiático citou algumas estimativas previstas para os próximos anos. Vídeo
247 - O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou quinta-feira (16) que o seu país quer expandir a cooperação na indústria nuclear com os países do Sul Global por meio do BRICS.
"Pretendemos aprofundar a cooperação na indústria nuclear com os países do Sul Global por meio do BRICS. Trabalhamos ativamente nessa área", disse Putin durante a sessão plenária do 8º Fórum Internacional Semana Energética Russa.
"Estima-se que a geração global de eletricidade dobre nos próximos 25 anos", continuou o presidente, acrescentando que cerca de 85% dessa demanda adicional virá dos países do Sul Global, e não das "chamadas economias desenvolvidas". "A Rússia é o único país do mundo com competências para toda a cadeia de valor da energia nuclear", complementou.
"Quando construímos instalações no exterior, não estamos apenas construindo, juntamente com nossos parceiros, estamos criando o futuro do setor energético e das indústrias relacionadas, construindo uma sólida base nacional em matéria de recursos humanos, ciência e tecnologia para o desenvolvimento de países inteiros".
De acordo com o presidente, a estatal atômica russa Rosatom responde por cerca de 90% das obras de usinas nucleares em andamento no mundo. Ele acrescentou que já foram construídos 110 blocos de energia nuclear com design russo em diversos países.
O tema deste ano, "Moldando Juntos a Energia do Futuro", reúne autoridades governamentais, líderes das principais empresas de energia e especialistas da comunidade científica. O evento conta com mais de 7.000 participantes de 100 países e inclui mais de 60 sessões empresariais sobre os principais desafios e inovações que moldam o setor energético global.
Conjuntura global:
Petróleo
Gasodutos
BRICS
O BRICS é composto por 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Também integram o grupo como parceiros Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
Segundo comunicado publicado no site oficial, os objetivos do bloco são fortalecer a cooperação econômica, política e social entre os membros e ampliar a influência do Sul Global na governança internacional. O BRICS afirma ainda que busca ampliar legitimidade, participação equitativa e eficiência de organismos como ONU, FMI, Banco Mundial e OMC, além de promover desenvolvimento socioeconômico sustentável e inclusão social.
Em relação à economia, o BRICS respondeu em 2023 por cerca de 39% do PIB mundial medido em paridade de poder de compra. No comércio global, o bloco representou 24% das transações totais. Dados do próprio grupo apontam que os países-membros concentram 48,5% da população mundial e ocupam 36% do território do planeta.
Números divulgados pela Agência Internacional de Energia (IEA) apontaram que o BRICS detém 72% das reservas globais de minerais de terras raras, 43,6% da produção de petróleo, 36% da produção de gás natural e 78,2% da produção de carvão mineral.
Brasil
No caso do Brasil, a corrente de comércio com o BRICS somou 210 bilhões de dólares em 2024, o que representou 35% das trocas totais do país. As exportações brasileiras para o bloco alcançaram 121 bilhões de dólares (36% do total exportado), enquanto as importações corresponderam a 88 bilhões de dólares (34% do total importado), conforme dados da ComexVis.
A presidência rotativa do BRICS foi assumida pelo Brasil em janeiro de 2025. O mandato, válido por um ano, é norteado pelo lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”. A gestão brasileira estabeleceu duas prioridades principais: Cooperação do Sul Global e Parcerias BRICS para o Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental. Dentro dessas diretrizes, foram definidas seis áreas centrais de atuação:
A – Saúde Global: incentivo a iniciativas conjuntas no setor de saúde, com foco no acesso a medicamentos e vacinas, além da criação da Parceria BRICS para a eliminação de doenças socialmente determinadas e tropicais negligenciadas.
B – Comércio, Investimentos e Finanças: atenção a reformas nos mercados financeiros, uso de moedas locais e novos mecanismos de pagamento para ampliar fluxos comerciais e de investimentos; avanço da Parceria para a Nova Revolução Industrial e implementação da Estratégia BRICS de Parceria Econômica 2030.
C – Clima: estabelecimento de uma Agenda de Liderança Climática do BRICS, incluindo uma declaração conjunta sobre financiamento climático para orientar mudanças no sistema financeiro.
D – Inteligência Artificial: promoção de uma governança internacional inclusiva e responsável da tecnologia, visando a ampliar seu uso no desenvolvimento social, econômico e ambiental.
E – Paz e Segurança: defesa de uma reforma ampla da arquitetura multilateral de segurança, buscando maior eficácia na prevenção de conflitos, desastres humanitários e crises, além da retomada da diplomacia e de soluções pacíficas para disputas.
F – Desenvolvimento Institucional: fortalecimento da estrutura e da integração interna do BRICS.


