247 – O economista norte-americano Jeffrey Sachs, professor da Universidade de Columbia e um dos mais respeitados especialistas em desenvolvimento global, criticou duramente o novo plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a Faixa de Gaza. As declarações foram feitas em entrevista publicada YouTube, no vídeo intitulado “Something BIG Is About to Happen to Israel and the U.S.”.
Segundo Sachs, o projeto apresentado por Trump — que prevê a criação de um comitê internacional chefiado por ele próprio e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair — é “uma caricatura do colonialismo” e representa “a continuidade do domínio britânico e americano sobre a Palestina iniciado em 1921”. O economista condenou a proposta por “substituir a soberania palestina por uma tutela estrangeira disfarçada de ajuda humanitária”.
<h2>A proposta rejeita a soberania palestina</h2>
Jeffrey Sachs lembrou que o mundo árabe apresentou uma proposta de paz em 2002, reiterada diversas vezes desde então, que prevê o reconhecimento mútuo entre Israel e um Estado palestino independente, com fronteiras definidas de acordo com as linhas de 4 de junho de 1967 e capital em Jerusalém Oriental.
<blockquote>&nbsp;“O plano de paz está na mesa há mais de 20 anos. É simples: dois Estados vivendo lado a lado sob o direito internacional”, afirmou Sachs. “Mas o que Israel e os Estados Unidos têm feito desde 1967 é impedir a criação do Estado da Palestina.”</blockquote>
O professor denunciou que Israel mantém uma política de apartheid e ocupação ilegal e que “os Estados Unidos atuam como sua subsidiária”, bloqueando resoluções da ONU e protegendo politicamente o governo de Benjamin Netanyahu.
<blockquote>&nbsp;“Há apenas dois oponentes ao acordo de paz: o governo de Israel e seu braço subordinado, o governo dos Estados Unidos”, disse.</blockquote>
<h2>O “plano Trump” e o retorno do colonialismo</h2>
Sachs classificou o novo projeto de Trump como “um absurdo” e “um insulto à soberania palestina”. O plano prevê que Gaza seja administrada por um comitê tecnocrático supervisionado por uma junta internacional presidida por Trump, com Blair como membro.
<blockquote>&nbsp;“É literalmente o sistema colonial britânico-americano recriado um século depois”, criticou. “O povo palestino não precisa da tutela de Donald J. Trump e Tony Blair. Precisa de soberania.”</blockquote>
O economista ironizou a proposta, que prevê também um “Plano Econômico Trump” para reconstrução de Gaza, chamando-a de “a versão moderna da Riviera de Jared Kushner”, em referência ao genro do presidente e autor de propostas semelhantes em 2020.
<blockquote>&nbsp;“O que Trump propõe não é um plano de paz, mas a perpetuação da dominação colonial. Ele ignora completamente a questão essencial: a existência de um Estado palestino”, declarou Sachs.</blockquote>
<h2>Netanyahu “não quer paz, quer o Grande Israel”</h2>
Durante a entrevista, Sachs foi categórico ao afirmar que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu é o principal obstáculo à paz.
<blockquote>&nbsp;“Netanyahu disse claramente na ONU: ‘Nunca haverá um Estado da Palestina’. Ele quer o que chama de Eretz Israel Shlema, o Grande Israel, governando todo o território do Jordão ao Mediterrâneo”, destacou.</blockquote>
Para o professor, o premier israelense “precisa da guerra para sobreviver politicamente”. E acrescentou:
<blockquote>&nbsp;“Ele é um mentiroso e um assassino. O mundo inteiro quer dois Estados. É hora de acabar com as mentiras de Netanyahu.”</blockquote>
<h2>“Os Estados Unidos precisam representar seu povo, não Israel”</h2>
Sachs encerrou a entrevista com um apelo direto ao presidente Donald Trump:
<blockquote>&nbsp;“Senhor presidente, a opinião do povo americano é que os Estados Unidos devem reconhecer o Estado da Palestina e exigir que Israel pare com seus assassinatos em Gaza. Isso é do interesse dos americanos.”</blockquote>
Segundo ele, a política externa norte-americana está “capturada pelos doadores sionistas e pelo lobby israelense”.
<blockquote>&nbsp;“No dia em que os Estados Unidos começarem a se comportar como os Estados Unidos, e não como colônia de Israel, haverá paz no Oriente Médio”, afirmou.</blockquote>
<h2>Contexto internacional</h2>
O professor destacou que mais de 150 países já reconhecem oficialmente o Estado da Palestina, e que a única barreira à sua admissão como membro pleno da ONU é o veto dos Estados Unidos.
A Assembleia Geral da ONU e a Corte Internacional de Justiça reconhecem desde 2023 que os territórios palestinos — Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental — pertencem legalmente ao futuro Estado palestino, conforme as fronteiras de 1967.
Para Sachs, “a solução é simples, legítima e amplamente aceita”, mas bloqueada por interesses geopolíticos e econômicos.
<blockquote>“Estamos em 2025, não em 1920. O colonialismo saiu de moda há muito tempo — e não precisamos dele de volta”, concluiu.</blockquote>
Assista:
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Redação Brasil 247

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Ideias

Jeffrey Sachs alerta: plano de Donald Trump para Gaza é “caricatura do colonialismo” e ignora criação do Estado da Palestina

247 – Durante o evento “China, América Latina e Caribe no reordenamento global”, organizado pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) e realizado no BNDES, no Rio de Janeiro, nos dias 2 e 3 de outubro, o jornalista Leonardo Attuch afirmou que a humanidade enfrenta uma encruzilhada histórica. “Ou você está com o Sul Global ou você está com o genocídio. Não existe alternativa, não existe meio termo”, declarou.
A fala, registrada em vídeo no canal da TV 247 no YouTube (<a href="https://www.youtube.com/watch?v=7qSGnwSQrgY">assista aqui</a>), destacou a centralidade do Sul Global na luta pela paz mundial. Para Attuch, acadêmicos, formuladores de políticas públicas e cidadãos engajados devem se orgulhar de atuar como “pioneiros da paz mundial”.
<h2>Defesa da paz e homenagem à Flotilha da Liberdade</h2>
Em sua intervenção, Attuch homenageou os mais de 470 integrantes da Flotilha da Liberdade, sequestrados por Israel, entre eles a deputada Luisiane Lins e o ativista Thiago Ávila. “A meu ver, são heróis da humanidade, presos como terroristas apenas por tentarem levar ajuda humanitária”, afirmou. Para o jornalista, essas pessoas simbolizam a luta do Sul Global contra práticas de violência e exclusão.
Attuch relatou ainda sua experiência recente na China, onde entrevistou a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, e visitou diversos meios de comunicação locais. “Enquanto no Ocidente os meios de comunicação criam conflito, na China eles constroem consenso e harmonia social. A comunicação privada sempre é cooptada por interesses particulares”, disse.
O jornalista também destacou que o Brasil 247 mantém cooperação editorial com veículos chineses como o Global Times, a Xinhua e o Diário do Povo, além de organizar eventos conjuntos durante a cúpula do Brics no Rio de Janeiro. Segundo Attuch, essas iniciativas fazem parte de um movimento mais amplo de integração cultural, ideológica e comunicacional entre a China e a América Latina.
<h2>Civilização ou barbárie</h2>
Attuch afirmou que a defesa do Sul Global se tornou um compromisso pessoal. “Cobertura de Brics para mim virou a minha Copa do Mundo. Eu pretendo cobrir todas as cúpulas e encontros internacionais que tratem desse eixo civilizatório”, disse.
Encerrando sua participação no encontro promovido pela Flacso, ele reiterou: “Nosso papel ao defender o Sul Global é se colocar nessa bifurcação entre a civilização e a barbárie. Essa é a grande luta existencial do nosso tempo”. Assista:
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Sul Global

Attuch: "ou se está com o Sul Global ou com o genocídio"

247 – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reafirmou o compromisso de seu país em defender os interesses soberanos das nações do Sul Global, durante seu discurso no Clube Valdai de Discussões Internacionais, realizado em Sochi. A análise foi feita por Viktor Kheifets, professor do departamento de teoria e história das relações internacionais da Universidade de São Petersburgo, em entrevista à Sputnik Brasil.
Segundo Kheifets, a fala de Putin não demonstrou intenção de ampliar o confronto com o Ocidente, mas sim de fortalecer a representatividade e os interesses dos países emergentes. “A Rússia quer demonstrar que cada país tem interesses soberanos”, afirmou o professor à agência.
<h2>BRICS como símbolo de cooperação</h2>
Um dos pontos centrais do discurso foi a valorização do BRICS como espaço de integração e cooperação. Putin destacou que cada grupo de países tem o direito de formar blocos de acordo com seus interesses, desde que isso não signifique hostilidade a outros.
“O bloco não tem a intenção de destruir a ordem mundial existente, mas busca reformá-la, fazendo o que é mais justo, mostrando o potencial de todos os países, e não apenas de um pequeno grupo”, destacou Kheifets, reforçando a leitura sobre a posição do presidente russo.
<h2>Defesa do multilateralismo e da coexistência</h2>
O analista enfatizou ainda a importância do recado transmitido pelo líder russo: o BRICS não se coloca contra nenhuma outra aliança internacional. Para Putin, a chave para a paz duradoura é a coexistência, e não a eliminação de adversários.
“A paz duradoura não pode ser alcançada apenas pedindo que alguém deixe de existir. O mundo precisa aprender a coexistir considerando todos os pontos de vista possíveis”, disse Kheifets, resumindo a mensagem do discurso.
<h2>Discurso longo e abrangente</h2>
Ontem (2), Vladimir Putin discursou por quase quatro horas no Clube Valdai, respondendo também a perguntas da audiência. Ele abordou temas como o conflito na Ucrânia, as relações da Rússia com Estados Unidos e Europa, além da situação em Gaza.
Grande destaque foi dado ao avanço do multilateralismo e à necessidade de reequilibrar o poder internacional, em um contexto em que o Sul Global busca maior voz em fóruns de decisão globais.

Presidente russo, Vladimir Putin, particia de fórum em Sochi

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Putin defende voz e direitos do Sul Global: analista explica discurso do líder russo no Clube Valdai

247 – O jornalista Pepe Escobar publicou no YouTube o vídeo “Direto de Kashgar, exclusivo: o boom econômico do Oeste da China” (<a href="https://www.youtube.com/watch?v=ERWUr-g7gWk" target="_new">assista aqui</a>), no qual descreve a transformação econômica e geopolítica da região de Xinjiang. Gravado em Kashgar, cidade histórica da Rota da Seda, o registro coincidiu com o Dia Nacional da China, em 1º de outubro, e mostra como o oeste do país se consolidou como um dos polos de crescimento mais dinâmicos.
Segundo Escobar, Kashgar é hoje um entroncamento fundamental das Novas Rotas da Seda, especialmente pelo Corredor Econômico China-Paquistão, um dos projetos mais estratégicos da iniciativa Belt and Road. “Cashgar é esse nó fundamental das antigas rotas da seda”, destacou o jornalista, lembrando que dali parte a ligação terrestre até o porto de Gwadar, no Paquistão, conectando a China ao mar da Arábia.
<h2>A importância estratégica de Kashgar</h2>
Escobar explica que Kashgar, que há 25 anos era uma pequena cidade com pouco mais de 200 mil habitantes, transformou-se em um centro urbano com mais de 4 milhões de pessoas. Hoje, a cidade combina preservação histórica com intensa modernização, abrigando novas torres empresariais, hotéis e um comércio movimentado, especialmente durante a chamada “semana dourada”, quando milhões de turistas chineses viajam pelo país.
A rodovia Caracórum, que liga a China ao Paquistão, é citada como um exemplo de obra de importância estratégica e de beleza única: “uma das paisagens mais deslumbrantes do planeta inteiro”, disse Escobar, apesar do tráfego intenso de caminhões e ônibus.
<h2>Boom econômico em Xinjiang</h2>
O jornalista destacou que Xinjiang cresce a taxas acima da média nacional. Enquanto a economia chinesa avança em torno de 5% ao ano, a província tem registrado expansão de 8% a 8,5%. Essa evolução se reflete na instalação de novos parques industriais, no aumento do comércio transfronteiriço e em investimentos em setores como energia solar, veículos elétricos e tecnologia da informação.
Um exemplo citado é a indústria do jade, que vai da mineração ao acabamento de peças sofisticadas. “Eles pegaram trabalhadores locais, mandaram para centros de tratamento de jade no Japão e na Alemanha. Eles voltaram e agora são uma referência praticamente mundial”, explicou.
<h2>O contraste com o Ocidente</h2>
Em sua análise geopolítica, Escobar ressalta o abismo entre o dinamismo chinês e a crise do Ocidente. Ele observa que a classe média chinesa viaja em massa por Xinjiang, usufruindo de infraestrutura moderna, hotéis de qualidade a preços acessíveis e segurança eficiente, enquanto Europa e Estados Unidos mergulham em políticas de medo e militarização.
“O Ocidente está afundando num estado de suicídio avançado”, afirmou, contrapondo a “psicose de guerra da OTAN” ao foco chinês em prosperidade, educação e bem-estar social.
<h2>Além dos estereótipos sobre Xinjiang</h2>
Outro ponto enfatizado é a vivência em Xinjiang ao lado de uigures locais, o que permitiu a Escobar conhecer a realidade longe dos clichês difundidos pela mídia ocidental. Ele destaca a preservação arquitetônica em Kashgar, onde o governo oferece subsídios para que proprietários mantenham suas casas históricas.
“Você sendo proprietário de uma das casas antigas na cidade antiga, você não só podia manter a sua casa, como o governo deu um subsídio para você renovar e manter a casa”, relatou.
A análise de Pepe Escobar mostra Xinjiang como um laboratório do futuro da China: integração regional, crescimento acelerado, turismo de massa e investimentos tecnológicos. Mais do que relatar paisagens e tradições milenares, o jornalista chama atenção para o contraste entre o otimismo chinês e o declínio estratégico do Ocidente.
“É a classe média chinesa inteira, próspera e abastada, descobrindo o oeste da China”, resume Escobar. Assista:
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Pepe Escobar detalha o desenvolvimento do Xinjiang e das rotas da seda

247 – O analista geopolítico Pepe Escobar divulgou seu novo Pepe Café diretamente do Xinjiang, no vídeo “Xinjiang exclusivo: na Rota da Seda no Oeste da China” (<a href="https://www.youtube.com/watch?v=PZq_KJ8piuc" target="_new">assista aqui</a>). O material traz um relato em primeira pessoa sobre a viagem realizada pelo deserto de Taclamacã, na região de Xinjiang, destacando tanto o valor histórico da antiga Rota da Seda quanto as implicações geopolíticas e econômicas das novas rotas da conectividade chinesa.
Logo no início, Escobar define a experiência como “a viagem de todas as viagens”, ao cruzar de norte a sul o Taclamacã, um dos desertos mais inóspitos do planeta. “Você pode entrar, mas não consegue sair”, lembrou ele sobre o significado da palavra em uigur.
<h2>Do cânion de Aksu à travessia do deserto</h2>
O jornalista descreve o ponto de partida: a cidade-oásis de Kucha, próxima a Aksu, local historicamente central na Rota da Seda. Ele explica que a travessia pelo Taclamacã hoje é possível graças às modernas autoestradas construídas pela China, protegidas por um sistema engenhoso de irrigação e plantio de vegetação nas laterais para conter o avanço das dunas.
<blockquote>&nbsp;“Essa estrada tem mais ou menos 450 km através do deserto, com um sistema absolutamente extraordinário para impedir o avanço da areia”, destacou Escobar.</blockquote>
Além da paisagem desértica, a viagem incluiu visitas a sítios arqueológicos e culturais como as grutas budistas de Turfan e Dunhuang, bem como conversas com estudiosos chineses sobre a herança milenar da região.
<h2>A importância geopolítica de Xinjiang</h2>
Pepe Escobar contextualiza a jornada dentro de um cenário maior: o papel estratégico de Xinjiang como elo entre a China e a Ásia Central, especialmente após a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai. Segundo ele, o momento é simbólico, pois coincide com os 70 anos da integração da região à República Popular da China.
<blockquote>&nbsp;“Essa é uma viagem fundamental que está entrecruzada com os 70 anos de Xinjiang como parte integrante da República Popular da China”, afirmou.</blockquote>
Ele também ressaltou o peso econômico da região, mencionando a produção de algodão e as sanções impostas pelos Estados Unidos e Europa, que impactam diretamente as exportações locais. Apesar das restrições, os produtos seguem abastecendo países do Sul Global.
<h2>As novas rotas da seda e a conectividade</h2>
Outro ponto central do documentário é a conexão entre as antigas e as novas rotas da seda. Escobar sublinha que o comércio atual, realizado por trens de carga de Urumqi até a Europa, repete em essência a lógica de intercâmbio da época das dinastias Han e Tang.
<blockquote>&nbsp;“O documentário vai falar dos corredores de conectividade, das novas rotas da seda, da qualidade das estradas, dos trens, dos hotéis. Tudo é eficiente, moderno, e funciona”, destacou.</blockquote>
Ele afirma ainda que não há diferença no tratamento entre estrangeiros e chineses nos controles de viagem, classificando a atmosfera local como tranquila e distante de qualquer visão “opressiva” divulgada no Ocidente.
<h2>Um mergulho cultural e histórico</h2>
O documentário também explora aspectos culturais da região, incluindo a forte presença da tradição uigur na arquitetura, na culinária e na vida cotidiana. Para Escobar, a experiência oferece uma rara oportunidade de observar Xinjiang “por dentro”, em contraste com a imagem fragmentada transmitida fora da China.
<blockquote>&nbsp;“É mostrar a China real por dentro, que o Ocidente praticamente não conhece. E vocês, no Brasil, poderão ter uma ideia com as imagens, as palavras e as conversas que vamos apresentar”, concluiu o jornalista.</blockquote>
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On the road: Pepe Escobar faz a travessia pelo deserto de Taclamacã num encontro entre história e geopolítica

247 – Um ano depois da despedida precoce da jornalista Nathalia Urban, a família 247 e tantas vozes do jornalismo e da militância internacionalista se reúnem para homenageá-la e reafirmar o que ela nos ensinou: a notícia pode ser trincheira, ternura e resistência ao mesmo tempo. Nathália foi uma das grandes vozes em defesa da Palestina, da América Latina, da África e de todos os povos oprimidos pelo colonialismo. A seguir, depoimentos de jornalistas, amigos e admiradores desta mulher corajosa que ainda inspira nossa prática diária.
<h3>“Nathalia, presente”: o compromisso cotidiano que virou legado</h3>
Leonardo Attuch
“Nathalia era a primeira pessoa com quem eu falava todas as manhãs, no Bom Dia 247. Aprendi muito com ela. Foi Nathalia quem, pela primeira vez, me falou sobre o Sul Global, conceito fundamental que expressa a luta por um mundo mais justo e multipolar… No Brasil 247, decidimos que, a partir de hoje, todas as matérias publicadas na seção <a href="https://www.brasil247.com/sul-global">Sul Global</a> serão dedicadas à sua memória.”
Brian Mier
“É um prazer estar aqui hoje falando sobre minha amiga Natália Urban, com quem coapresentei por cinco anos o programa Globalistas… Natália identificou Musk como um perigo crescente no mundo, há quatro anos… Natália foi a jornalista que mais colaborou [no Brasilwire]… escreveu mais de 25 matérias… Ela fez ainda uma contribuição importante ao obter documentos do governo britânico… Outra contribuição… foi o trabalho em defesa das trabalhadoras do sexo na ONG National Ugly Mugs… Viva Natália Urban. Natália Urban, presente!”
<blockquote>Dhayane Santos</blockquote>
<blockquote>“Sua inquietação revolucionária, a coragem de questionar o poder e a entrega ao jornalismo progressista independente… Hoje, mais do que saudade, o que fica é a responsabilidade de continuar o caminho que Nathalia abriu… Com admiração e emoção, Nathalia vive!”</blockquote>
Florestan Fernandes Jr
"A primeira vez que vi a Natália Urban foi no Bom Dia 247, no bloco de Internacional. Estava ali aquela moça inteligente, bonita, alegre, culta e extremamente bem informada, ao lado do Zé Reinaldo e do Leonardo Attuch... Eu sinto muita falta dela. Nós todos aqui no 247 sentimos muita falta dela como profissional e, principalmente, como ser humano. Ela era um ser humano muito diferenciado... Falar da Natália é falar também um pouco da minha história. Não só no 247, mas também da relação que ela teve comigo e com a minha família. Fica aqui a minha homenagem e a minha saudade."
Regina Zappa
“Passou por nossas vidas como uma centelha que deixou um rastro de conhecimento e paixão… Sentimos muito a sua falta, mas somos gratos ao seu trabalho que contribuiu para engrandecer nosso canal.”
Hildegard Angel
“O legado de Nathalia Urban ecoa como o de uma jornalista destemida, que não se calou diante da injustiça; sua morte reforça a urgência de manter viva a chama da verdade.”
<blockquote>Aquiles Lins</blockquote>
<blockquote>“Natália Urban… foi uma referência… popularizou na comunidade do 247 o termo Sul Global… Seu legado deve seguir inspirando os princípios editoriais do Brasil 247… Viva a memória de Nathália Urban.”</blockquote>
Joaquim de Carvalho
“Nathalia Urban era uma jornalista com a ideia de seu tempo… Corajosa, determinada, não fazia concessões… Jornalista íntegra, que acreditava no poder revolucionário da informação… Pessoas que se dedicam a uma causa, como ela, são imortais. Ninguém deterá a primavera que ela ajudou a semear.”
Mario Vitor Santos
“A falta da Nathalia no 247 é irreparável… tinha a coragem e o compromisso de testemunhar e esmiuçar [injustiças]… com uma eloquência que nos impelia imediatamente a querer… fazer algo.”
<blockquote>Denise Assis</blockquote>
<blockquote>“A cada notícia sobre Gaza… a lembrança de Natália está ali… Natália era voz… Natália era movida à indignação e emoção… Que de onde ela esteja… possa nos ver vencendo algumas batalhas da luta que lutamos juntas.”</blockquote>
Dafne Ashton
“Sua trajetória sempre foi mais do que jornalismo; era uma prática política constante… Aprender com ela significou entender que a fragilidade e a força… são partes de um mesmo todo… Nathalia, sua luz continua a nos guiar.”
<blockquote>Zé Reinaldo</blockquote>
<blockquote>“Jornalista… e militante internacionalista… cobria as lutas dos povos oprimidos… Neste momento de genocídio… a Natália estaria aqui como a voz mais altiva… Eterna glória à memória de Natália Urban.”</blockquote>
Lejeune Mirhan
“Uma mulher das mais combativas… Falava com ela amiúde… Conversamos sobre Ibn Khaldun… Conheço poucas mulheres com o seu nível intelectual… Nathália, você está presente!”
Aroeira
“Sei que ela era uma jornalista atenta… Muito lúcida, muito consciente do papel da imprensa.”
Miguel Paiva
“Foi também o silêncio de uma voz jornalística, investigativa e talentosa… Nathalia está fazendo muita falta… Descobriremos por ela em sua homenagem.”
Paulo Emílio
“Eu achava interessante quando ela abria aquele sorrisão, jogava os cabelos para trás… Profissionalmente, maravilhosa… uma amiga de verdade.”
<blockquote>Lais Gouveia</blockquote>
<blockquote>“Natália faz uma falta tremenda… pouquíssimos profissionais… escolhem lutar em defesa de povos historicamente negligenciados… você sempre fará falta em nossos corações e também no jornalismo mundial.”</blockquote>
Guilherme Paladino
“O legado de Nathalia é monumental… ela foi um farol de resistência… Enquanto houver jornalismo que genuinamente se preocupe com as pessoas, ela será lembrada e reverenciada.”
Sara Goes
“Ficaram suspensas as palavras não ditas… Escrever… tornou-se também uma forma de continuar a caminhada que ela deixou inacabada… sua ausência jamais significará esquecimento.”
<blockquote>Ricardo Neggo Tom</blockquote>
<blockquote>“Se eu tivesse que resumir a sua existência numa só palavra, eu escolheria humanidade… Nathalia ainda está aqui, e precisa permanecer, com o seu legado de resistência através do conhecimento.”</blockquote>
Andrea Trus
“Ela trouxe jornalismo com ativismo… um olhar latino-americano… O legado dela está aí e permanece… Natália presente sempre.”
Sara York
“Ao assistir ao espetáculo, não posso deixar de lembrar que, há um ano, nos despedimos de Natália Urban… ela deixou tantas formas de nos mostrar que a vida continua pulsando.”
Carol Proner
“Uma das perdas mais importantes… Todos os dias eu tinha o prazer de ouvi-la no 247… Natália me ensinou muita coisa… Seguimos em frente com as lições que ela nos deixou.”
<blockquote>Ualid Rabah</blockquote>
<blockquote>“Desde o primeiro segundo da matança indiscriminada na Faixa de Gaza, Natália Urban imediatamente identificou como genocídio… Teve coragem e decisão… Natália Urban vive entre os palestinos e entre todos aqueles que querem um mundo melhor.”</blockquote>
Marcia Tiburi
“O seu falecimento foi um choque… Ela era uma jovem mulher, uma promessa gigantesca de futuro… que o nosso trabalho possa, ao menos, fazer justiça à sua memória.”
James Onnig
“Ela deixou um legado fantástico de luta… É disso que nós precisamos: desse exemplo em que nos inspiramos… As lembranças da Natália sempre vão estar associadas à luta.”
<blockquote>Marcelo Uchoa</blockquote>
<blockquote>“Quanta falta faz a Natália para nos ensinar… Participei do Veias Abertas… Nathalia era esperança… que teríamos mais presidentes como Lula… A sua luta não foi em vão. Nathalia Urban, presente.”</blockquote>
Nathalia Urban nos apresentou, todos os dias, o mapa da dignidade: a América Latina insurgente, a Palestina resistente, as mulheres e imigrantes em luta, as trabalhadoras do sexo defendidas contra o estigma, a crítica sem medo aos poderes do Vale do Silício e do imperialismo. A sua voz segue como bússola de um jornalismo que não abdica da humanidade — e, por isso mesmo, é capaz de mover corações e histórias.
Que cada texto publicado na seção Sul Global traga, a partir de hoje, a sua assinatura invisível. Que cada denúncia se lembre da sua coragem. E que cada gesto de solidariedade carregue, como palavra de ordem, aquilo que atravessa todos os depoimentos acima.&nbsp;
Nathalia Urban, presente.
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Nathalia Urban, retratada pelos chargistas do 247

Um ano sem Nathalia Urban: inspiração eterna para o Sul Global

247 - A Universidade da África do Sul (Unisa) anunciou a escolha de Naledi Pandor como vencedora do Leadership in Practice Award 2025, um dos prêmios mais prestigiados do país. A informação foi divulgada pelo jornalista Lelethu Sabekwa, da <a href="https://nnatvplus.com/single-post?id=MTY=&amp;post=Dr.%20Naledi%20Pandor%20is%20the%20Leadership%20In%20Practice%20Award%20Recipient%202025">National Network Africa</a>. A honraria, concedida anualmente pela Alumni Association da School of Business Leadership (SBL), reconhece personalidades que demonstram visão, integridade e impacto transformador na sociedade.
Criado em 1989, o prêmio se consolidou como a principal distinção da instituição, celebrando nomes que se destacaram em áreas como negócios, governança e desenvolvimento social. Em anos anteriores, já foram homenageados o presidente Cyril Ramaphosa, o ex-ministro Trevor Manuel e a jurista Thuli Madonsela, entre outros líderes de destaque.
<h2>O discurso de reconhecimento</h2>
Na cerimônia de 2025, a professora Pumela Msweli, reitora executiva e CEO da Unisa SBL, destacou as razões que levaram à escolha de Pandor: “Este prêmio é destinado a uma liderança que não se curva à pressão, que não compromete seus valores e não vacila em tempos de turbulência. Esse é o legado da doutora Pandor, uma voz de clareza, coragem e convicção”, afirmou.
Msweli ressaltou ainda que Pandor sempre defendeu a educação como instrumento de transformação social. “Ela acredita que a educação é o grande equalizador, capaz de empoderar indivíduos, transformar comunidades e elevar nações.”
<h2>A trajetória de Naledi Pandor</h2>
Ex-ministra das Relações Internacionais e Cooperação (2019–2024) e também da Educação (2004–2009), Pandor iniciou a carreira como professora. Sua trajetória política e acadêmica a consolidou como uma das vozes mais respeitadas do país, tendo obtido reconhecimento internacional por seu posicionamento firme em defesa da causa palestina.
Segundo a reitora Puleng LenkaBula, vice-chanceler da Unisa, a escolha reforça a importância da liderança feminina no continente. “Hoje celebramos uma das filhas ilustres da África, uma mulher que serviu e liderou a África do Sul com distinção por cinco décadas, dedicando seu talento para garantir que nossa democracia seja significativa e transformadora.”
<h2>O retorno do prêmio após a pandemia</h2>
A edição de 2025 marcou a retomada do prêmio após uma pausa durante a pandemia de Covid-19, quando a atividade acadêmica e empresarial foi fortemente afetada. Além do prêmio principal, a Unisa mantém desde 2018 duas categorias complementares: Woman in Leadership Award e Emerging Leader Award, voltadas para reconhecer lideranças femininas e jovens profissionais emergentes.
<h2>O discurso de agradecimento</h2>
Ao receber a homenagem, Naledi Pandor destacou o valor de quatro décadas dedicadas ao serviço público. “Quero agradecer sinceramente à Unisa School of Business Leadership por este reconhecimento. Ele torna meus mais de 40 anos de serviço público ainda mais gratificantes.”
A ex-ministra também lançou um desafio às universidades sul-africanas. “Peço às nossas instituições de ensino superior que ajudem formuladores de políticas a buscar soluções, e não apenas a identificar problemas. Acredito que uma parceria sólida para melhorar o desempenho do setor público pode ser a peça que falta na transformação fundamental do nosso país.”

Naledi Pandor recebe o prêmio Leadership in Practice 2025 na África do Sul

247 – A China reforçou nesta terça-feira (17) sua disposição em aprofundar a cooperação com os países do BRICS em setores emergentes, com destaque para inteligência artificial, veículos elétricos e fontes de energia limpa, como solar e hidrogênio. A informação foi <a href="https://en.people.cn/n3/2025/0917/c90000-20367233.html">publicada pelo Diário do Povo</a>.
Durante o Fórum do BRICS sobre Parceria na Nova Revolução Industrial 2025, realizado em Xiamen, na província de Fujian, o ministro da Indústria e Tecnologia da Informação da China, Li Lecheng, destacou a importância estratégica do bloco para a economia global. “O BRICS agora representa quase metade da população mundial e cerca de 40% do PIB global. O grupo desempenha um grande papel como uma importante fábrica, um vasto mercado e uma plataforma cooperativa de larga escala que impulsiona a globalização econômica inclusiva”, afirmou.
<h2>Avanços desde a criação do centro de inovação do BRICS</h2>
A proposta de um centro de inovação em Xiamen foi apresentada pelo presidente Xi Jinping durante a 12ª Cúpula do BRICS, em 2020. Desde então, o projeto registrou avanços significativos em coordenação de políticas, capacitação de pessoal e desenvolvimento de projetos industriais.
Segundo o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, já foram assegurados 107 projetos industriais no âmbito da parceria, com investimentos que somam 50,6 bilhões de yuans (US$ 7,1 bilhões). Além disso, no ano passado foi criado um centro para promoção da inteligência artificial no bloco, que prepara agora uma plataforma para compartilhamento de modelos de linguagem avançados e bases de dados de alta qualidade.
“O objetivo é reduzir barreiras tecnológicas e promover interoperabilidade de infraestrutura digital”, disse Li, acrescentando que a China incentivará empresas ligadas a veículos de nova energia, energia fotovoltaica, eólica e hidrogênio a ampliar sua cooperação internacional.
<h2>Cooperação ampliada em tecnologia e indústria</h2>
Alekxey Vladimirovich Gruzdev, vice-ministro da Indústria e Comércio da Rússia, afirmou que o fórum já ultrapassou o papel de mecanismo de diálogo, consolidando-se como “uma comunidade de especialistas e profissionais globais que contribui para a liderança tecnológica dos países do BRICS e molda o desenvolvimento industrial mundial”. Ele ressaltou que quase 48% do comércio exterior da Rússia está hoje vinculado aos países do grupo, destacando o potencial de cooperação em biotecnologia.
Já Faisol Riza, vice-ministro da Indústria da Indonésia — que se tornou membro pleno do BRICS neste ano — observou que o setor industrial representa mais de 16,9% do PIB do país, mas enfrenta desafios relacionados a rupturas nas cadeias globais de suprimento e incertezas geopolíticas. “Acelerar a transformação verde e digital tornou-se essencial, e é por isso que o fórum em Xiamen é tão importante”, disse.
<h2>Digitalização e 6G no horizonte dos BRICS</h2>
Yang Jie, presidente da China Mobile, destacou que há grandes oportunidades de transformação digital compartilhada entre os países do bloco. Ele revelou que a empresa já estabeleceu laboratórios conjuntos de inteligência artificial em países como Indonésia e Brasil, desenvolvendo algoritmos e modelos específicos para demandas locais.
Na América Latina e no Norte da África, a China Mobile apoia também a construção de fábricas inteligentes. “Vamos aprofundar a cooperação com nossos parceiros no alinhamento internacional de padrões de IA e 6G, construindo infraestrutura interconectada para fortalecer a espinha dorsal digital dos países do BRICS”, afirmou.

Primeiro-Ministro da República Popular da China, Li Qiang e o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião bilateral, no Forte de Copacabana. Rio de Janeiro - RJ

China busca ampliar cooperação industrial com BRICS em inteligência artificial e energia limpa

247 – A Graduate School of Business Leadership (SBL) da Universidade da África do Sul (UNISA) alcançou um marco histórico ao obter, pela primeira vez, a acreditação internacional da Business Graduates Association (BGA).&nbsp;
A informação foi publicada pelo National Network Africa em <a href="https://nnatvplus.com/single-post?id=MTE=&amp;post=UNISA%20Graduate%20School%20of%20Business%20Archives%20Historic%20Milestone:%20Gains%20International%20Accreditation%20and%20Launches%20New%20Thought%20Leadership%20on%20Africa%E2%80%99s%20Trade">reportagem assinada por Sello Lentsoane</a>. O reconhecimento coloca a instituição entre as 200 melhores escolas de negócios do mundo e representa um divisor de águas em seus 60 anos de trajetória, reforçando seu compromisso com a excelência acadêmica, a inovação e o avanço econômico do continente.
A conquista foi celebrada sob a liderança transformadora da reitora e CEO da SBL, professora Pumela Msweli, que destacou a relevância desse resultado para a educação de negócios africana. “Ser reitora executiva de uma escola de negócios de 60 anos – uma das primeiras na África do Sul – significa tudo para mim”, afirmou. “É o resultado de anos de perseverança, esforço comunitário e uma determinação incansável de elevar a educação empresarial africana a padrões internacionais”.
O processo de acreditação não foi simples. A instituição havia buscado o reconhecimento internacional em 2001 e em 2008, mas somente em 2025 obteve êxito. Segundo a BGA, a certificação valida a qualidade e a relevância dos programas oferecidos pela UNISA SBL, ampliando a confiança de estudantes, professores e parceiros na solidez da instituição.
<h2>Lançamento de obra sobre comércio intra-africano</h2>
Além de conduzir a escola a um patamar global, a professora Pumela Msweli também tem se dedicado a promover o debate sobre o futuro econômico da África. Recentemente, ela coassinou e lançou o livro “Will AfCFTA Unleash Africa’s Potential?”, publicado com apoio da UNISA SBL. A obra analisa as perspectivas da Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA) e discute as barreiras que ainda dificultam a plena integração econômica do continente.
“Durante muito tempo falamos em integrar a África. Agora, as fronteiras foram removidas, mas ainda existem problemas de implementação”, disse Msweli. Ela acrescentou que “a razão pela qual a África não negocia consigo mesma é que é incrivelmente difícil integrar o continente quando ele foi deliberadamente dividido – governar, criar conflitos. Essas divisões tornam o comércio e a cooperação regional difíceis”.
<h2>Desafios e oportunidades para o continente</h2>
O livro destaca que, apesar dos avanços institucionais, ainda persistem obstáculos políticos e estruturais que freiam o comércio intra-africano. Como exemplo, mostra que em 2023 o volume total de comércio da África representava apenas 3,5% do comércio global, muito abaixo da participação da Ásia, que alcança 41%. Esse contraste evidencia o tamanho do desafio para que o continente possa aproveitar melhor seu potencial econômico por meio da integração.
A UNISA SBL, com sua nova acreditação e com a liderança intelectual de Pumela Msweli, consolida-se como protagonista não apenas na formação de líderes de negócios, mas também na construção de um discurso crítico e estratégico sobre o papel da África no cenário global.

Equipe da Unisa celebra acreditação internacional

Escola sul-africana conquista acreditação internacional e lança obra sobre integração comercial africana

247 - O jornalista Leonardo Attuch, editor do Brasil 247 e fundador da Editora 247, foi um dos palestrantes do Fórum de Cooperação de Mídia no Cinturão e Rota de 2025, realizado na cidade de Kunming, província de Yunnan, China, sob a organização do Diário do Povo. Em seu discurso, Attuch destacou que a cooperação entre os países do Sul Global precisa avançar para além da esfera comercial e alcançar também o campo das ideias, como forma de construir uma globalização mais inclusiva e sustentável.
O encontro reuniu representantes de veículos de comunicação de diversas partes do mundo, reforçando a importância da mídia como instrumento de integração e soberania diante das transformações globais. “O eixo do desenvolvimento está se deslocando para o Sul Global. Reunimos a maioria da população mundial e a maior riqueza natural do planeta. Entretanto, além do intercâmbio econômico, precisamos também ampliar nossa cooperação no campo das ideias”, afirmou Attuch.
Durante sua fala, o jornalista lembrou a trajetória da presidenta Dilma Rousseff, hoje à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), sublinhando seu papel na luta pela democracia no Brasil e no fortalecimento das instituições. Ele citou ainda a importância da visita do ex-presidente João Goulart à China, em 1961, como exemplo visionário da aproximação entre os dois países.
Attuch também destacou a necessidade de fortalecer as parcerias midiáticas não apenas na produção de conteúdo, mas também no intercâmbio de melhores práticas no uso das redes sociais e da inteligência artificial. Segundo ele, este é um passo essencial para enfrentar crises provocadas pela manipulação e pela desinformação, cada vez mais frequentes em países ocidentais.
“Sejamos nós, comunicadores do Sul Global, os pioneiros da paz mundial, aspiração máxima da Humanidade”, concluiu.
Discurso de Leonardo Attuch, Presidente da Editora 247 – Diário do Povo
Distintas autoridades, prezados colegas e queridos amigos,
É uma honra imensa estar em Kunming para participar do Fórum de Cooperação de Mídia do Cinturão e Rota de 2025. Agradeço à equipe do Diário do Povo pelo convite e pela calorosa hospitalidade em Yunnan.
Ao contrário de muitos colegas aqui presentes, não estou chegando a Kunming apenas para este evento, mas sim regressando a esta bela cidade. Estive aqui nos dias 6 e 7 de setembro para o Fórum de Mídia e Think Tanks do Sul Global e, no intervalo entre estes dois encontros, tive uma agenda intensa em Pequim e Xangai, em minha terceira visita à China neste ano de 2025.
O ponto culminante foi o jantar com a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, na última sexta-feira, 12 de setembro. A foto do encontro, publicada nas redes sociais, viralizou porque ocorreu em um momento muito significativo da história do Brasil, em que um ex-presidente e militares foram, pela primeira vez, condenados por tentativa de golpe de Estado.
Ao longo da história, Dilma Rousseff sempre esteve entre as figuras centrais da luta pela democracia no Brasil. Na juventude, foi presa por combater uma ditadura militar implantada em nosso país pela potência imperial, com apoio praticamente unânime dos grandes meios de comunicação.
Décadas depois, Dilma se tornou a primeira mulher a presidir o Brasil, mas foi vítima de um novo golpe de Estado em 2016, também apoiado pelos grandes meios de comunicação. Essa experiência nos mostrou como o país pagou – e ainda paga – um preço alto por não reconhecer a importância estratégica da comunicação e da disputa ideológica. Diferentemente da China, onde esse tema é tratado com absoluta seriedade e centralidade – o que permite ao país seguir na trilha de paz e desenvolvimento pacífico.
Nesta mesma viagem, entre as duas conferências de Kunming, tive a honra de visitar a sede do Diário do Povo, o Global Times, onde fui recebido por seu presidente, Fan Zhengwei, além de dois dos maiores grupos editoriais da China: o China Publishing Group e o China International Communications Group, que celebrará 76 anos na mesma data da Revolução de 1949.
A visita ao Global Times foi especialmente significativa. Ali, não apenas reafirmamos nossa parceria de longo prazo, como também revisamos os resultados do fórum de mesa-redonda China-América Latina, que realizamos em parceria no Rio de Janeiro durante a cúpula do BRICS deste ano.
Foi um evento que aproximou ainda mais nossas sociedades, gerando um ambiente fértil de cooperação entre jornalistas, acadêmicos e gestores públicos.
Agora, sob a inspiração da Iniciativa de Governança Global lançada pelo presidente Xi Jinping, assumimos um novo compromisso: em 2026 realizaremos um encontro ainda maior e mais abrangente, desta vez na China, para aprofundar o diálogo entre nossos países e povos. Como destacou o presidente Xi, não basta formular princípios – é preciso tomar ações concretas, e este será um passo nessa direção.
É por isso que este encontro em Kunming é tão importante. O eixo do desenvolvimento está se deslocando para o Sul Global. Reunimos a maioria da população mundial e a maior riqueza natural do planeta. Brasil e China já trilham um caminho de cooperação extraordinária, com um comércio bilateral de mais de 200 bilhões de dólares anuais.
Por isso mesmo, quero aqui registrar uma homenagem ao ex-presidente brasileiro João Goulart, que visitou a China em 1961, antes mesmo do restabelecimento das nossas relações diplomáticas, que ocorreu em 1974, e foi um visionário dessa relação estratégica entre os dois gigantes do Sul Global.
Entretanto, além do intercâmbio econômico, precisamos também ampliar nossa cooperação no campo das ideias. Só assim teremos força coletiva para defender uma globalização mais inclusiva, justa e sustentável, que dê voz à maioria global.
Nossa missão, como comunicadores, é sermos pontes entre civilizações, construindo confiança e compreensão mútua. E não poderia haver melhor local, pois Kunming, ao longo da história, foi e tem sido palco de encontros de civilizações.
Concluo dizendo que os países do Sul Global precisam fortalecer a cooperação midiática não apenas na troca de conteúdo editorial, mas também no campo das melhores práticas no uso das redes sociais e da inteligência artificial. Só assim seremos soberanos e resistentes às crises provocadas pela manipulação e pela desinformação, como se vê hoje em vários países ocidentais.
Nós, do Brasil 247, estamos honrados em participar desse esforço coletivo para construir narrativas justas e um mundo harmônico. Sejamos nós, comunicadores do Sul Global, os pioneiros da paz mundial, aspiração máxima da Humanidade.
Muito obrigado. Xie, xie!

"Cooperação entre países do Sul Global deve passar do comércio para o campo das ideias", diz Attuch em encontro internacional

Por Chen Ziqi, repórter da CGTN – Quando se pensa em Xinjiang, vêm à mente vastos desertos e verões escaldantes. Afinal, é a região com a maior área desértica da China, incluindo o Deserto de Taklamakan. Paisagens secas e arenosas são, de fato, uma das faces de Xinjiang.
Mas não contam a história completa. A região é rica em recursos de água doce e salobra, com diversos lagos e rios que sustentam ecossistemas prósperos. O Rio Tarim, o maior rio interior da China e o quinto maior do mundo, se estende por 2.179 quilômetros através de uma imensa bacia. O Lago Bosten, o maior lago interior de água doce do país, cobre 1.646 quilômetros quadrados e rende cerca de 5.000 toneladas de peixe de água doce por ano. 
 Neste território de contrastes, a criação de salmão encontrou um lar improvável. Em 2024, Xinjiang produziu mais de 8.000 toneladas de salmão, com exportações para o Sudeste Asiático, Europa e Oriente Médio. A questão é: como o salmão prosperou tão longe do oceano?
<h2>Condições naturais ideais para o salmão</h2>
De forma contraintuitiva, o ambiente natural de Xinjiang é perfeito para a criação de salmão. Cercada por montanhas, a região acumula águas puras do derretimento das geleiras em suas bacias, com temperaturas entre 8 e 18 °C durante todo o ano e altos níveis de oxigênio. São condições ideais para peixes de águas frias prosperarem. Segundo o Departamento de Agricultura e Assuntos Rurais de Xinjiang, um comerciante espanhol elogiou o salmão da região por sua frescura, sabor limpo e gordura bem distribuída, características que o tornam especialmente adequado para sashimi.
<h2>Tecnologia verde impulsiona a criação</h2>
No Condado de Nilka, noroeste de Xinjiang, o salmão vem sendo criado em gaiolas de aquicultura no Reservatório de Jilintai desde 2014. Após a eclosão dos ovos importados e o crescimento dos alevinos, os peixes são separados em diferentes gaiolas por tamanho quando atingem cerca de 150 gramas. Com o tempo, o cultivo em gaiolas evoluiu para um modelo mais inteligente e sustentável.
O sistema ecológico de gaiolas em rede resolve os problemas de poluição dos métodos tradicionais, mantendo excelente qualidade da água a montante e a jusante. Na base de criação, telas eletrônicas em tempo real monitoram oxigênio, temperatura e limpeza da água. Robôs subaquáticos de limpeza, equipados com sonar e câmeras de zoom óptico, removem resíduos com precisão. Fora das gaiolas, peixes filtradores consomem o alimento não aproveitado, funcionando como um processo natural de purificação.
A alimentação também foi modernizada. Um sistema inteligente calcula a quantidade de comida necessária em cada estágio de crescimento, reduzindo desperdício e custos de mão de obra. No início de 2025, a base de Nilka soltou 9,1 milhões de alevinos, com expectativa de produção anual de 8.000 toneladas.
<h2>Do reservatório à mesa</h2>
Após três anos, os salmões adultos são colhidos. Trabalhadores utilizam uma bomba para transferir os peixes suavemente por um tubo diretamente para a linha de processamento, minimizando ferimentos e preservando a qualidade. Os peixes são então rapidamente resfriados a menos de 5 °C antes de seguirem para a planta de processamento, onde se transformam em diferentes produtos, incluindo cortes frescos e salmão congelado.
Com apoio do governo, as fazendas locais trabalham com institutos de pesquisa para diversificar a produção. Hoje, o salmão de Xinjiang não apenas chega às mesas em toda a China, mas também é exportado para o Sudeste Asiático, Europa e Oriente Médio. Na alfândega de Yining, o salmão resfriado pode passar pela inspeção em apenas 30 minutos, garantindo frescor para mercados internos e externos.
<h2>Criação de salmão transforma vidas</h2>
Atualmente, mais de 800 profissionais trabalham na base de Nilka, sendo 60% originários da própria Xinjiang. Muitos antes dependiam da agricultura tradicional ou da pecuária, atividades facilmente afetadas pelo clima. Agora, os trabalhadores da linha de frente ganham mais de US$ 840 por mês, cerca de US$ 100 acima da média salarial local. Graças a essas oportunidades, 609 famílias saíram da pobreza e quase 400 pessoas obtiveram licenças como profissionais da aquicultura.
Para apoiar os funcionários, o governo central investiu quase US$ 7 milhões na construção de dormitórios no ano passado. Outros US$ 2,8 milhões foram destinados a moradias no condado, permitindo que os trabalhadores comprem casas próprias com subsídios entre US$ 20.000 e US$ 40.000.
<h2>Além do salmão: potencial maior para a aquicultura</h2>
A criação de salmão faz parte de uma visão mais ampla para a piscicultura em Xinjiang. O desenvolvimento da aquicultura não apenas aumenta a oferta de alimentos, mas também melhora ecossistemas frágeis. Em terras salinas e alcalinas, autoridades aplicam um modelo conhecido como “peixe para reduzir salinidade e alcalinidade”, que aumenta a biodiversidade e recupera o solo.
Os resultados já são visíveis. No Lago Swan, após a introdução da piscicultura, o número de espécies de aves aumentou consideravelmente, atraindo mais aves selvagens para a região. Isso demonstra como a aquicultura contribui tanto para a sustentabilidade econômica quanto ambiental.
<h2>Criação de salmão reflete o desenvolvimento de Xinjiang</h2>
O presidente Xi Jinping tem defendido esforços contínuos e detalhados para construir uma bela Xinjiang, onde ecossistemas prosperem e as pessoas vivam com satisfação, como parte da modernização da China.
A indústria do salmão é um microcosmo dessa visão, ao aproveitar as vantagens naturais da região, tecnologias verdes de ponta e forte apoio comunitário. Xinjiang pode abrigar o maior deserto da China, mas também é terra de rios, lagos e engenhosidade. Ao transformar condições improváveis em oportunidade, a região converteu a criação de salmão de um sonho improvável em uma indústria sustentável, provando que, até no deserto, a vida pode florescer.

Pesca de Salmão na região do Xinjiang, na China

Salmão no deserto? Como Xinjiang cultiva o impossível

Reportagem de Li Yi, jornalista da CGTN – A desertificação é uma crise global que ameaça os meios de subsistência de 3,2 bilhões de pessoas em todo o planeta. Na região chinesa de Xinjiang, quatro décadas de esforços persistentes transformaram a borda do imenso Deserto de Taklamakan, criando uma barreira verde de 3.046 quilômetros. É um dos muitos exemplos de como a ação humana pode recuperar terras degradadas e proteger o futuro da Terra.
No coração do sul de Xinjiang está o Taklamakan, conhecido como o “mar da morte” por suas condições áridas e hostis. Com 330 mil quilômetros quadrados — quase o tamanho da Finlândia — é o maior deserto da China e o segundo maior deserto móvel do mundo. Suas dunas parecem infinitas e as tempestades de areia ocupam um terço dos dias do ano.
Por gerações, o deserto ameaçou vilarejos, plantações e rotas de transporte em sua periferia. Quase 80% de suas areias estão em movimento constante e, em algumas épocas do ano, enchentes provocadas pelo degelo das montanhas aumentam a instabilidade, colocando em risco casas e plantações. Houve até o temor de que o Taklamakan se unisse ao deserto vizinho de Kumtag, o que agravaria ainda mais a situação das comunidades locais.
<h2>A resposta chinesa: conter as areias</h2>
Diante do desafio, a China lançou um ambicioso projeto de contenção: plantar espécies resistentes à aridez, como o choupo-do-deserto, o salgueiro-vermelho, o saxául e até roseiras, para criar um cinturão de vegetação em torno do Taklamakan.
Foram mais de 40 anos de trabalho até que, em novembro de 2024, no condado de Yutian, as últimas mudas foram plantadas. O resultado é uma barreira ecológica de 3.046 quilômetros que estabiliza o deserto, reduz as tempestades de areia, protege o ecossistema frágil e ainda garante condições de sobrevivência e reprodução para a fauna local.
<h2>Uma estratégia ousada contra a desertificação</h2>
O projeto integra o Programa de Florestamento da Grande Muralha Verde do Norte da China (TSFP, na sigla em inglês), o maior programa de reflorestamento do mundo, iniciado em 1978. O objetivo é conter o avanço da desertificação e diminuir a frequência de tempestades de areia que atingem as regiões áridas e semiáridas do norte do país.
Dados oficiais mostram que a cobertura florestal nas áreas incluídas no programa subiu de 5% em 1977 para 13,8% atualmente. Mais de 60% das regiões antes sujeitas à erosão do solo foram controladas e cerca de 30 milhões de hectares de terras agrícolas foram preservados da expansão do deserto.
<h2>De terras de desespero a campos de esperança</h2>
Os desafios da China se repetem em várias regiões do planeta, como o Sahel, na África, o Oriente Médio e a Ásia Central. Estima-se que 40% das terras do mundo estejam degradadas, afetando diretamente quase metade da população global.
Há, no entanto, sinais de esperança. Projetos como o TSFP e a Grande Muralha Verde da África demonstram que é possível transformar áreas degradadas em ecossistemas restaurados.
Segundo o cientista Lu Qi, da Academia Chinesa de Silvicultura, combater a desertificação não significa eliminar os desertos, mas compreender e preservar a integridade de seus ecossistemas, garantindo um futuro mais sustentável para a humanidade.
O “mar da morte” talvez nunca desapareça por completo — e nem precisa. Mas se rosas podem florescer em suas bordas, talvez desertos como o Taklamakan também possam deixar de ser símbolos de desespero para se tornarem verdadeiros campos de esperança.

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