Otan reforça fronteira leste após drones derrubados na Polônia
Aliança lança operação militar após violação do espaço aéreo polonês atribuída à Rússia
247 - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) anunciou, nesta sexta-feira (12), novas medidas de reforço militar na fronteira oriental da Europa. A decisão ocorre dois dias depois de a Polônia derrubar drones que violaram seu espaço aéreo, em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Foi a primeira vez que um membro da aliança ocidental abateu aeronaves não tripuladas ligadas ao conflito.
Na sede da ONU, os Estados Unidos classificaram as violações do espaço aéreo polonês como “alarmantes” e prometeram “defender cada centímetro do território da OTAN”. A fala, porém, buscou acalmar os aliados europeus após o presidente dos EUA, Donald Trump, sugerir que o incidente poderia ter sido um erro russo.
Divergência com Washington
Varsóvia rejeitou prontamente a interpretação de Trump, numa rara contradição direta a um aliado próximo. O ministro das Relações Exteriores da Polônia declarou à Reuters que espera uma resposta firme de Washington: “Esperamos que os Estados Unidos tomem medidas que demonstrem solidariedade com a Polônia”.
Moscou, por sua vez, afirmou que suas forças estavam atacando alvos na Ucrânia no momento das incursões e negou ter mirado o território polonês. O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que o alcance dos drones não permitiria chegar até a Polônia.
Reação da OTAN
O secretário-geral da aliança, Mark Rutte, classificou o episódio como “imprudente e inaceitável”. Segundo ele, “não podemos permitir que drones russos entrem no espaço aéreo aliado”. Ele anunciou a operação “Eastern Sentry”, voltada a reforçar a defesa em toda a faixa oriental da OTAN, do Báltico ao Mar Negro.
O comandante supremo aliado na Europa, general Alexus Grynkewich, declarou que a missão será flexível e envolverá bases aéreas e terrestres: “Os cidadãos da Polônia e de toda a aliança devem estar seguros com a rapidez da nossa resposta e com o anúncio de hoje”.
Apoio militar
Entre os compromissos já anunciados estão dois caças F-16 e uma fragata da Dinamarca, três caças Rafale da França e quatro Eurofighter da Alemanha. A Espanha enviará meios aéreos, enquanto o Reino Unido detalhará sua contribuição nos próximos dias.
Apesar do anúncio, o reforço inicial é considerado modesto diante do risco de ataques em massa com drones, estratégia amplamente utilizada por Moscou contra a Ucrânia desde a invasão de 2022.
Pressões políticas
A crise acentuou tensões entre os aliados europeus e Trump, acusado de dar peso excessivo às versões russas. Para os líderes da União Europeia, o episódio demonstra novamente a falta de interesse de Moscou em negociar a paz. O Kremlin, no entanto, alegou que são “os europeus” que estariam impedindo o avanço das negociações.
Enquanto isso, a Rússia e Belarus iniciaram exercícios militares conjuntos, ampliando a pressão na região do Báltico.