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Morte de Charlie Kirk expõe profunda divisão política nos Estados Unidos

Assassinato do ativista de direita gera confrontos no Congresso e reacende debate sobre violência política e armas nos EUA

Charlie Kirk (Foto: REUTERS/Jim Urquhart)

247 - O assassinato do ativista de direita Charlie Kirk, de 31 anos, transformou um momento solene em um retrato da polarização que domina a política norte-americana. O minuto de silêncio na Câmara dos Representantes, realizado na quarta-feira (10), terminou em acusações cruzadas e gritos entre parlamentares, informa a Reuters.O caso ocorreu após Kirk ser baleado durante um discurso em uma universidade em Orem, no estado de Utah. Fundador do grupo de direita Turning Point USA e aliado fervoroso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Kirk teve sua morte cercada por reações intensas que expuseram ainda mais o abismo entre republicanos e democratas.

Confrontos e apelos no plenário

Na cerimônia, a deputada republicana Lauren Boebert defendeu que houvesse oração em voz alta, afirmando: “Orações silenciosas geram resultados silenciosos”. A proposta gerou resistência de democratas, que questionaram a falta de atenção a outras vítimas de violência política. O ambiente rapidamente se deteriorou, com trocas de acusações e até mesmo protestos sobre a falta de legislação mais rígida contra armas.O presidente da Câmara, Mike Johnson, precisou intervir para restabelecer a ordem. Em meio à confusão, um parlamentar não identificado gritou: “Aprovem uma lei sobre armas!”.

Reações políticas contrastantes

Republicanos, em sua maioria, responsabilizaram adversários políticos. O deputado Steve Scalise, que sobreviveu a um atentado em 2017, declarou: “Não há desculpa para a violência política em nosso país, isso precisa acabar”.Donald Trump, em vídeo publicado em sua rede Truth Social, culpou a retórica inflamada de opositores: “Violência e assassinato são consequências trágicas de demonizar quem pensa diferente, dia após dia, ano após ano, da forma mais odiosa e desprezível possível”.Já o ex-presidente Barack Obama condenou a violência sem direcionar acusações: “Não sabemos ainda o que motivou quem atirou e matou Charlie Kirk, mas esse tipo de violência desprezível não tem lugar em nossa democracia”.

Divisão cada vez mais profunda

A morte de Kirk se soma a episódios recentes que abalaram o país, incluindo duas tentativas de assassinato contra Donald Trump no ano passado. Analistas ouvidos pela Reuters apontam que tragédias, que no passado uniam os americanos, hoje apenas ampliam a distância entre os dois lados do espectro político.

A socióloga Ruth Braunstein, da Universidade Johns Hopkins, afirmou: “É obviamente uma tragédia em nível pessoal, mas também tem a capacidade de inflamar ainda mais um ambiente político onde a temperatura já está elevada demais”.

Segundo levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em 2023 houve 46.728 mortes por armas de fogo nos Estados Unidos, o terceiro maior número já registrado. Apesar da aprovação de uma lei bipartidária em 2022, endurecendo verificações de antecedentes e fechando brechas legais, os episódios de violência armada continuam em alta.

Chamados à moderação

Entre as vozes que pediram contenção está o senador republicano Thom Tillis, que responsabilizou discursos inflamados pela escalada de tensões: “Cada pessoa que encoraja respostas agressivas em vez do debate civil carrega uma parcela de responsabilidade por essa morte e por outras”.

Ainda assim, o episódio revela um cenário em que a violência política continua sendo instrumentalizada para reforçar divisões, em vez de estimular consensos. Para especialistas, o assassinato de Charlie Kirk pode se tornar mais um marco no agravamento da polarização que hoje molda os Estados Unidos.

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