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Ministros europeus se reúnem com o Irã na sexta-feira para discutir programa nuclear

Encontro será em Genebra e visa obter garantias sobre uso pacífico da energia atômica iraniana

Instalação nuclear iraniana (Foto: Telesul)
José Reinaldo avatar
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247 - Ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França e Reino Unido devem se reunir nesta sexta-feira (20) em Genebra com o ministro das Relações Exteriores do Irã, numa tentativa de retomar o diálogo diplomático e evitar uma nova escalada militar no Oriente Médio. A informação foi confirmada por uma fonte diplomática alemã à Reuters.

Segundo a fonte, os chanceleres europeus irão se encontrar primeiro com a alta representante da União Europeia para Relações Exteriores, Kaja Kallas, na missão permanente da Alemanha na cidade suíça. Em seguida, o grupo manterá uma reunião conjunta com o chefe da diplomacia iraniana.

A iniciativa europeia ocorre num momento de forte tensão regional, após uma série de ataques e contra-ataques entre Israel e o Irã. Na semana passada, forças israelenses lançaram bombardeios contra alvos estratégicos no território iraniano. Em resposta, Teerã disparou mísseis contra diversas localidades israelenses, incluindo áreas residenciais em Tel Aviv, causando destruição e aumentando o risco de uma guerra aberta.

Diante da escalada, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou em sua rede Truth Social que "o Irã não pode ter uma arma nuclear”. E enfatizou: “Eu disse isso várias vezes! Todos devem evacuar Teerã imediatamente!", mas evitou confirmar se Washington participará diretamente das operações militares israelenses.

Apesar da retórica agressiva, a fonte diplomática alemã afirmou que os contatos europeus com Teerã estão sendo realizados "em coordenação com os Estados Unidos", e têm como objetivo obter "compromissos claros" por parte do Irã sobre o uso exclusivamente civil de seu programa nuclear.

“A proposta é estabelecer um novo diálogo estruturado, que deverá continuar em nível técnico após o encontro ministerial”, disse a fonte.

As potências ocidentais temem que o Irã esteja acelerando seu enriquecimento de urânio para fins militares, algo que Teerã nega veementemente. O governo iraniano afirma que seu programa nuclear tem objetivos pacíficos, como geração de energia e aplicações médicas.

As declarações do chanceler alemão Friedrich Merz, nesta semana, também contribuíram para acirrar os ânimos. Ele defendeu publicamente os ataques de Israel e declarou que o Irã "deveria conter suas ações ou se preparar para uma destruição ainda maior". A fala provocou protestos do governo iraniano, que acusou Berlim de apoiar agressões ilegais contra sua soberania.

Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, adotou um tom mais conciliador. Na quarta-feira (18), ele apelou para que o governo iraniano retome o caminho diplomático. “Nunca é tarde para chegar à mesa de negociações”, declarou Wadephul, acrescentando que "o mundo espera responsabilidade e bom senso de todas as partes envolvidas".

Analistas internacionais veem na retomada do diálogo uma rara oportunidade de contenção da crise. O contexto, no entanto, é delicado: além da guerra entre Israel e o Irã, há o risco de o conflito arrastar outras potências regionais e ameaçar a segurança energética global, especialmente em relação ao Estreito de Ormuz, rota vital para o transporte de petróleo.

A reunião desta sexta-feira, portanto, será decisiva para definir os rumos da diplomacia nuclear com o Irã. Embora não se espere um acordo imediato, o simples fato de haver negociações diretas já é visto como um avanço, em contraste com a deterioração do cenário geopolítico nas últimas semanas.

As próximas etapas devem incluir novas rodadas técnicas e eventual convocação de uma conferência mais ampla, com a participação dos demais signatários do extinto Acordo Nuclear de 2015 (JCPOA), abandonado unilateralmente pelos Estados Unidos em 2018, durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump.

Enquanto isso, a comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos, na expectativa de que a diplomacia prevaleça sobre a lógica da guerra.

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