Irã ameaça retaliar bases dos EUA no Oriente Médio caso Washington bombardeie Fordo, afirmam autoridades americanas
Fontes dos EUA veem risco imediato de retaliação iraniana se Israel receber apoio militar direto contra instalação nuclear subterrânea
247- A tensão militar no Oriente Médio atingiu um novo patamar com a revelação de que o Irã posicionou mísseis e equipamentos de guerra para reagir a uma possível adesão dos Estados Unidos à campanha israelense.
Segundo autoridades americanas ouvidas pelo New York Times, a ofensiva de Israel contra instalações nucleares iranianas e alvos civis pode desencadear uma série de ataques retaliatórios coordenados por Teerã e aliados contra interesses norte-americanos na região.
Documentos de inteligência analisados por oficiais dos EUA indicam que a República Islâmica já elaborou planos para atacar bases americanas no Oriente Médio, especialmente no caso de uma investida conjunta entre Israel e Estados Unidos. O alvo prioritário seria a base nuclear de Fordo, abrigada sob uma montanha e considerada estratégica para o programa atômico iraniano.
Preparação militar dos EUA e reação de Teerã
O governo norte-americano deslocou cerca de três dezenas de aeronaves de reabastecimento para a Europa. Esses aviões poderiam servir tanto ao apoio aéreo de bases americanas no Oriente Médio quanto para estender o alcance de bombardeiros B-2 em eventuais ataques à infraestrutura nuclear iraniana. Um cenário provável, segundo as fontes, envolve o uso da bomba penetradora de fortificações “Massive Ordnance Penetrator”, projetada para destruir estruturas subterrâneas como as de Fordo.
Ainda de acordo com os oficiais consultados, uma ofensiva contra Fordo desencadearia represálias imediatas. Grupos armados alinhados ao Irã, como os houthis no Iêmen e milícias no Iraque e na Síria, seriam mobilizados para atingir navios comerciais no Mar Vermelho e bases militares norte-americanas. Além disso, Teerã poderia lançar minas no Estreito de Hormuz, uma tática destinada a restringir a movimentação de embarcações dos EUA no Golfo Pérsico.
Tropas americanas em alerta e ameaça direta
Com mais de 40 mil militares estacionados na região, os EUA colocaram tropas em alerta máximo nos Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Arábia Saudita. Dois altos funcionários iranianos confirmaram que, caso Washington se envolva no conflito, a resposta será direta contra instalações norte-americanas, começando pelas bases no território iraquiano.
“Os nossos inimigos devem saber que não conseguirão impor sua vontade ao povo iraniano por meio de ataques militares”, declarou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, na segunda-feira. Em conversas telefônicas com chanceleres europeus, ele atribuiu à campanha de Israel e seus apoiadores a responsabilidade por qualquer escalada regional, segundo nota oficial da diplomacia iraniana.
Israel depende de apoio logístico dos EUA
Autoridades americanas admitiram que Israel não teria capacidade de comprometer o programa nuclear iraniano de forma significativa sem suporte dos Estados Unidos. Tal apoio incluiria cobertura aérea para tropas israelenses infiltradas em território iraniano, embora um ataque direto com bombardeiros B-2 seja considerado o desfecho mais provável.
Apesar da retórica de dissuasão, há incertezas quanto ao impacto real de um bombardeio sobre Fordo, já que parte do urânio enriquecido do Irã estaria oculto em túneis espalhados pelo país. A comunidade de inteligência dos EUA mantém a avaliação de que Teerã está próximo da capacidade de produzir uma arma nuclear, mas ainda não tomou a decisão final de construí-la. Caso decida seguir esse caminho, o Irã estaria a menos de um ano de ter uma bomba funcional — ou até menos, se optasse por um dispositivo de menor complexidade.
Trump endurece discurso
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou sua posição nesta terça-feira ao defender a “rendição incondicional” do Irã. Ele já havia declarado em outras ocasiões que não permitirá que Teerã obtenha armamento nuclear.
Entretanto, especialistas ouvidos pelo New York Times alertam para os riscos de envolvimento direto na guerra. Rosemary Kelanic, diretora do programa para o Oriente Médio no think tank Defense Priorities, afirmou que a escalada impulsionada por Israel aumentou o incentivo para que o Irã busque a capacidade de dissuasão nuclear. “Esse incentivo se multiplicaria dramaticamente se os Estados Unidos entrarem na guerra”, alertou. Para ela, “uma vez envolvido, é muito difícil recuar. Você simplesmente vai até o fim”.
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