Líder supremo do Irã descarta armas nucleares
Ali Khamenei afirmou que Teerã não busca bomba atômica, mas rejeitou negociações com os Estados Unidos durante a Assembleia da ONU
247 - O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, reafirmou nesta terça-feira (23) que o país não tem planos de desenvolver armas nucleares, em um pronunciamento transmitido de Teerã no mesmo período em que ocorrem negociações paralelas à Assembleia-Geral da ONU entre autoridades iranianas e representantes da França, Alemanha e Reino Unido. A informação foi publicada pelo The New York Times.
Apesar da abertura para conversas com os europeus, Khamenei descartou qualquer possibilidade de retomar o diálogo direto com os Estados Unidos — uma das condições apresentadas pelos europeus para manter o alívio das sanções. Em seu discurso, o líder religioso foi categórico ao afirmar: “Como não precisamos de armas e decidimos contra as armas nucleares, não avançamos nesse caminho”.
Pressão europeia e impasse diplomático
Os países europeus alertaram que poderão reativar mecanismos no Conselho de Segurança da ONU para restaurar sanções, caso considerem que Teerã não está cumprindo o acordo nuclear de 2015. A ameaça ocorre após o desaparecimento de cerca de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, não rastreado depois dos bombardeios israelenses em junho, que desencadearam uma guerra de 12 dias.
Khamenei comentou sobre o atual nível de enriquecimento e destacou que o índice de 60% é “necessário para algumas das tarefas de que precisamos”, mas reiterou que o Irã não tem intenção de alcançar os 90% exigidos para fabricação de uma bomba nuclear.
Rejeição às conversas com Washington
Apesar das tratativas em Nova York, o aiatolá manteve a posição de recusa a negociações com os Estados Unidos, argumentando que Washington impõe resultados prévios. “Sentar para negociar com uma parte que insiste que o desfecho deve ser necessariamente o que ela quer, o que ela diz — isso pode ser chamado de negociação?”, questionou.
A postura reforça a linha dura de Khamenei contra o envolvimento direto com o governo norte-americano, mesmo após episódios recentes em que autoridades iranianas chegaram a dialogar informalmente com representantes de Washington.